O antigo presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), Augusto Baganha, esteve esta quarta-feira na Assembleia da República para reunir o grupo parlamentar do CDS-PP, para dar conta do que fez durante o seu mandato e apresentar os motivos pelos quais deixou o cargo.

"É importante que as pessoas saibam, quando saímos, o que fizemos. Vim, precisamente, dar a conhecer ao senhor deputado o que foi a nossa ação em alguns anos bastante difíceis, com grandes restrições. Sinto-me injustiçado. Muita coisa foi feita, uma recuperação financeira. Herdámos dívida e temos saldo positivo hoje", começou por dizer Baganha, citado pelo jornal 'O Jogo'.

No que diz respeito às claques do Benfica, o antigo presidente do IPDJ afirmou que "tive de o avocar para ele ficar resolvido. Sei como tudo se passou. Esteve retido com o meu ex-colega e tive de o fazer para resolver a situação que se andava a arrastar. Era fundamental que fosse feito. Não sei se ficou retido propositadamente, mas ficou, estava num impasse. E por isso que tive de o avocar. O problema resolveu-se, o Benfica recebeu a notificação. Tinha um regulamento que estava ilegal, teve de remover ilegalidades, assim o fez e o regulamento ficou em condições."

Quanto ao tempo do processo, Baganha atira: "se podia ter sido feito algo mais cedo? Só com a alteração da lei de 2009, em 2013, é que os clubes puderam ser arguidos. Isto das claques tem muito a ver com as ações dos clubes. Se os outros clubes têm as suas claques registadas, porque é que o Benfica não as tem? Não podemos obrigar as claques a serem registadas. A interdição podia ter sido tomada mais cedo, se tivesse havido outro aviso a dar ao Benfica, alguma comunicação que fosse prestada ao Benfica no sentido de o obrigar a isso."

"Foi algo que nós, depois, informámos a Policia Judiciária sobre isso. Se houve intrusão foi do exterior, não dos funcionários do IPDJ. Quando há um processo é trabalhado ao nível dos serviços. Parece ter havido uma intrusão esquisita. Eu não me apercebi, mas a minha colega [a ex-vogal Lídia Praça] apercebeu-se e daí ter comunicado à PJ em 2017", concluiu Augusto Baganha.

No início deste mês, Vítor Pataco sucedeu a Augusto Baganha na presidência do IPDJ, de quem foi vice-presidente. Depois da saída, Baganha acusou o seu sucessor de ter beneficiado o Benfica no âmbito do processo das claques, que levou à interdição do Estádio da Luz por uma partida.

Depois disso, José Paulo Ribeiro, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, garantiu que a saída de Augusto Baganha não esteve ligada a pressões e que "a dissolução do Conselho Diretivo do IPDJ teve a ver com novas orientações públicas".

Augusto Baganha, que esteve sete anos à frente do IPDJ, solicitou audições a todos os grupos parlamentares, tendo apenas sido ouvido na semana passada pelo PSD e agora pelo CDS, mas não obteve ainda resposta da parte dos outros partidos. O ex-presidente do IPDJ mostrou-se ainda “disponível” para ser ouvido em Comissão Parlamentar.