O Tribunal de Monsanto decretou a libertação de Nuno Mendes, conhecido por Mustafá. O líder da claque Juventude Leonina estava em prisão preventiva, desde maio de 2019 por alegado tráfico de estupefacientes mas vai sair em liberdade com apresentações semanais às autoridades.
Na 35.ª sessão, a juíza Sílvia Pires considerou que “finda a produção de prova os fortes indícios de tráfico de droga já não se mantêm, não implicando prisão preventiva”, decidindo que “o arguido sai em liberdade com obrigação de apresentações semanais às autoridades”.
“Espero que em liberdade seja parte da solução e não parte do problema. Já foi aqui descrito como um pacificador. Espero que faça jus ao nome pelo qual a maioria o trata”, disse a juíza ao arguido detido preventivamente desde maio de 2019.
O líder da Juve Leo foi ouvido esta quarta-feira, no Tribunal do Monsanto, ele que é um dos 44 arquidos no processo sobre a invasão à academia do Sporting, em maio de 2018.
No seu depoimento, esta quarta-feira, Mustafá disse ser “a única pessoa em Portugal presa por 14 gramas [de droga] e sem investigação”.
No final da sessão, o advogado de Mustafá, Rocha Quintal, apresentou, pela terceira vez, um pedido de alteração da medida de coação do arguido, para uma medida não privativa da liberdade, pedido agora atendido esta sexta-feira pelo coletivo de juízes.
No depoimento desta quarta-feira, garantiu que passou o dia da invasão à academia em casa e que o seu nome foi usado abusivamente nos grupos onde foi combinado o ataque.
“Usarem o meu nome nos grupos de whatsapp [nos quais foi combinado o ataque] foi um abuso de poder”, disse Mustafá, ouvido hoje na 34.ª sessão do julgamento da invasão à academia do Sporting, em 15 de maio de 2018.
Mustafá não estava nos grupos onde foi combinado o ataque e não respondeu a mensagens em outros grupos de que fazia parte desde a derrota (2-1) do Sporting no terreno do Marítimo, que ditou o afastamento da equipa do segundo lugar da I Liga e da Liga dos Campeões, dois dias antes do ataque.
O arguido garantiu ter passado o dia do ataque em casa, com o telefone desligado, e ter sabido do ataque pela televisão, depois de ter sido alertado pela mulher.
“No dia 15 acordei com a canja da Cristina, voltei a dormir, nem sai de casa”, disse, acrescentando que mais tarde foi a mulher que o acordou para “ver na televisão o que se estava a passar na academia”.
Mustafá, que foi à Madeira, mas acabou por ver o jogo com o Marítimo na televisão “num café”, disse ter regressado a Lisboa na segunda-feira de manhã, e ido para casa.
“Vim da Madeira na segunda-feira, apaguei, e 24 horas depois tenho o mundo todo em cima de mim”, referiu, admitindo que os desacatos no aeroporto do Funchal entre jogadores e adeptos lhe “passaram ao lado”.
O líder da Juve Leo desde 2011, considerou que “nada do que se passou é normal” e chegou mesmo a desabafar: “Não estive na academia [no dia da invasão], antes tivesse estado”.
O arguido disse ter sido ele a marcar a reunião de 07 de abril, na casinha, a sede da Juve Leo, para falar sobre problemas que se tinham passado no jogo com o Atlético de Madrid (derrota do Sporting por 2-0), explicando que, entretanto, recebeu um telefonema a dizer “que o presidente queria ir à reunião”.
Segundo Mustafá, “o presidente queria falar sobre o ‘post’”, no qual criticou a prestação da equipa no jogo de Madrid, disputado em 05 de abril, da primeira mão dos quartos de final da Liga Europa.
“Ainda hoje não sei qual foi o ‘post’ do Bruno de Carvalho, estava a borrifar-me para os ‘posts’ do presidente”, disse, acrescentando: “Aquilo depois descambou, nem sei como é que ele naquela noite não levou uma ‘pingas’ ali, não levou porque eu não deixei”.
Mustafá, que disse ser “o mais injustiçado do processo”, desmentiu o futebolista William Carvalho, que afirmou em tribunal ter recebido um telefonema seu a dizer que o presidente Bruno de Carvalho lhe tinha pedido para “partir os carros dos jogadores”.
O julgamento da invasão à academia prosseguiu esta sexta-feira com Eduardo Nicodemes e Ricardo Neves, de manhã, e Bruno de Carvalho, antigo presidente do clube, esta tarde.
O processo da invasão à Academia tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, Mustafá e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados de autoria moral de todos os crimes e o líder da Juve Leo responde ainda por tráfico de droga.
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