A presidente da Assembleia da República (AR) lembrou Eusébio da Silva Ferreira, a quem são hoje concedidas honras de Panteão Nacional, como a “imagem de uma fraternidade universal”, acrescentado que esta é “a homenagem de um povo inteiro”.
Durante a sua intervenção na cerimónia de trasladação do antigo futebolista da seleção portuguesa para o Panteão Nacional, em Lisboa, Assunção Esteves afirmou que “num país à espera da justiça ele era a imagem de uma fraternidade universal que um dia há de valer entre todos e em todos os lugares”.
“As suas vitórias – ‘ajudar a equipa’ como ele dizia – eram a celebração de um amor coletivo e também amor de mundo que nos ajudava e desmontava a convencionalidade das fronteiras”, acrescentou a presidente da AR.
Relembrando a decisão do parlamento, por unanimidade, de atribuir honras de Panteão Nacional a Eusébio da Silva Ferreira, a presidente da instituição vincou que esta “é a homenagem de todos os deputados à força do talento de Eusébio, é a homenagem de um povo inteiro”.
Nas palavras de Assunção Esteves, a trajetória de Eusébio foi “de uma humanidade completa” e “gerava uma coesão positiva” que ligava todos.
“Também por isso a homenagem do parlamento o chama para a celebração de todos os consensos, porque ele sintetiza o reconhecimento unânime do valor, a pura concordância acima de todas as preferências particulares”, afirmou a presidente da AR, acrescentando que é a “metáfora, afinal, do próprio jogo da democracia”.
Para a presidente do parlamento, o “Pantera Negra” (como era conhecido) “é o vencedor que se fez mito” e que “antes ainda da sociedade global, e num país fechado, trouxe o mundo sem passaporte nem controlo” a todos aqueles que seguiam as duas vitórias.
“Eusébio deixava-nos ver as incoerências de um regime político injusto e triste que o venerava sem venerar a sua origem, que o levava ao mundo, mas se fechava ao mundo”, continuou Assunção Esteves no seu discurso.
“Voamos então com ele para fora do meio campo, voamos com ele para a liberdade, contra todas as barreiras, da baliza, do ódio, da injustiça”, afirmou a presidente da AR, acrescentando que Eusébio “não é apenas o futebolista intemporal, ele é acima de tudo o homem e o cidadão intemporal”.
Além do Presidente da República, Cavaco Silva, e da presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, estiveram presentes na cerimónia o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Marques Guedes, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, o secretário-geral do PS, António Costa, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, os líderes parlamentares de todos os partidos e deputados de vários quadrantes políticos.
Também marcaram presença o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, e o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, além dos familiares de Eusébio da Silva Ferreira.
A cerimónia de concessão de honras de Panteão Nacional a Eusébio da Silva Ferreira conta ainda com as intervenções do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e do antigo jogador do Benfica e da seleção nacional de futebol António Simões, que fez o elogio fúnebre.
O Panteão Nacional recebe hoje os restos mortais de Eusébio, antigo futebolista do Benfica e da seleção e símbolo do desporto português, que morreu a 05 de janeiro de 2014 com 71 anos.
Pouco mais de um ano após a sua morte, os deputados de todos os grupos do parlamento português aprovaram por unanimidade, a 20 de fevereiro, o projeto de resolução a conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de Eusébio, o primeiro desportista a merecê-las.
*artigo atualizado às 20h50
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