O presidente da Comissão de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Vítor Pereira, disse hoje aceitar com naturalidade as críticas dos dirigentes dos clubes e que os árbitros assumam a sua preferência clubística.
Logo após o início das ligas profissionais fizeram-se ouvir críticas às arbitragens por parte de treinadores e dirigentes de vários clubes, as mais recentes de Luís Duque, administrador da SAD do Sporting, no final do jogo com o FC Porto.
«Vejo com naturalidade [essas críticas], as pessoas têm necessidade de falar e comentar. Se o fizerem com sentido construtivo é fantástico porque podemos aproveitar algumas delas e melhorar os desempenhos, se for numa lógica de desculpabilização, enfim, olhamos com naturalidade também, queremos é que os árbitros estejam na plenitude das suas faculdades», afirmou.
Sobre a recente revelação do árbitro lisboeta Duarte Gomes, que assumiu publicamente ser adepto do Benfica, Vítor Pereira lembrou que fez o mesmo quando começou a arbitrar.
«Os árbitros que se sintam confortáveis tornando pública e de forma sincera a sua simpatia clubística, não me parece nada mal, eu também o fiz quando iniciei a minha carreira, em 1980», afirmou o dirigente máximo da arbitragem nacional.
Para Vítor Pereira, «a transparência, a verdade e a sinceridade não podem ser nunca um defeito, devem ser sempre uma virtude, na vida como na arbitragem, pelo que se as pessoas o entenderem têm toda a liberdade para o fazer».
Defendeu ainda que há momentos em que uma intervenção do árbitro no final de um jogo «podia ser clarificadora», mas lembrou que a FIFA e a UEFA não o permitem.
Além disso, notou, «os árbitros, não podem lutar contra duas coisas: com o facto de não serem perfeitos e terem, por vezes, momentos menos bons, e com a paixão, que é irracional».
«Em Portugal, a paixão exacerbada pelos clubes tem um peso muito grande e isso torna, em muitos casos, incompreensível qualquer tipo de explicação que se dê do ponto de vista técnico ou disciplinar. Por isso, não me parece que valha a pena», frisou.
Instado sobre se será possível repetir a breve trecho 2012, ano histórico para a arbitragem portuguesa, com Pedro Proença a arbitrar a final da Liga dos Campeões e a final do Campeonato da Europa, respondeu perentoriamente que não.
«Nunca mais em 100 anos se repetirá. Admito a possibilidade de uma equipa de arbitragem portuguesa estar noutra final da Liga dos Campeões ou de um Europeu, mas no mesmo ano, o mesmo árbitro, as duas finais, será muitíssimo difícil», disse.
Vítor Pereira escusou-se ainda a comentar o facto do árbitro Bruno Paixão ir recorrer para o Tribunal Administrativo de Lisboa da decisão da CA da FPF de não o ter incluído na lista de árbitros internacionais de 2013 enviada à FIFA.
O responsável falava em Braga, à margem de um fórum de arbitragem onde, entre outros temas, apresentou o plano nacional de formação aos presidentes dos conselhos de arbitragem das associações distritais e a representantes da Associação Portuguesa de Árbitros Portugueses, da Associação Nacional de Treinadores de Futebol e do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol.
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