O processo aberto pela Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD) ao Vitória de Guimarães, após insultos racistas de adeptos a Moussa Marega (FC Porto), será decidido "em duas semanas", explicou hoje o presidente.
Segundo Rodrigo Cavaleiro, o "processo contraordenacional", relativo "às responsabilidades do promotor do espetáculo desportivo", no caso o clube da casa, devido a "questões relacionadas com deveres e obrigações do clube" terá uma decisão final divulgada "em cerca de duas semanas".
"Estamos a falar da possibilidade de jogos à porta fechada, também consoante as diversas infrações. [Este processo] não versa apenas o ‘caso Marega', versa outras infrações que tiveram lugar naquele jogo. Há um cúmulo jurídico. E falamos de algo na ordem dos milhares de euros" em sanções, frisou Rodrigo Cavaleiro, em entrevista à Lusa, quando questionado sobre o quadro punitivo que enfrentam os vimaranenses.
Depois de o processo ter arrancado em março, sucedeu-se uma "interrupção legal de prazos" decorrente da declaração do estado de emergência no país, devido à pandemia de covid-19, com o prazo para apresentação de defesa por parte do Vitória a ser retomado até julho.
"Depois tivemos de fazer diligências de inquirição de testemunhas, e outras instrutórias solicitadas pela defesa, e estamos em fase de conclusão do processo, estando para breve a redação da decisão final", apontou.
Ao lado do processo da APCVD, sobre os insultos racistas ao maliano Marega decorrem outros três processos, um judicial, movido pelo Ministério Público (MP), que constituiu três arguidos e prossegue no Tribunal de Guimarães, e outro por parte da Liga.
Em 25 de setembro, um juiz de instrução criminal no Tribunal de Guimarães começou a ouvir os três adeptos do Vitória constituídos arguidos por cânticos e insultos racistas, explicou à Lusa fonte judicial.
Os arguidos estão indiciados pelo crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, punido com pena de prisão de seis meses a cinco anos.
Neste momento, estão com termo de identidade e residência, uma medida de coação que pode ser agravada pelo juiz de instrução criminal, designadamente com a proibição de frequência de recintos desportivos.
O caso remonta a 16 de fevereiro último, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, durante o jogo de futebol entre o Vitória de Guimarães e o FC do Porto, a contar para a 21.ª jornada da I Liga de futebol.
Por volta do minuto 70, pouco depois de ter marcado um golo, Marega pediu para ser substituído e acabou mesmo por abandonar o relvado, agastado com cânticos de natureza racista que lhe estavam a ser dirigidos por adeptos do Vitória, com sons a imitar macacos.
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