Sérgio Conceição tem um problema em mãos: o seu FC Porto é incapaz de dar a volta a um jogo em que começa a perder. Esta época, em quatro encontros em que arrancou com o 'pé esquerdo', o melhor que conseguiu foi um empate, na noite desta quarta-feira na Madeira, na 9.ª jornada da I Liga. Nas três anteriores ocasiões, três derrotas, uma delas com impacto muito forte nas contas do clube. A perder, o nervosismo toma conta dos jogadores do FC Porto, incapazes de dar a volta a situação. Apesar das oportunidades criadas, falta qualidade e melhor definição dentro da área adversária. O empate desta quarta-feira fez o Dragão perder a liderança para o Benfica, depois de se ter 'sentado' no trono da Liga no passado domingo. Nem 'aqueceu a cadeira'.
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O Jogo: muita bola, muito nervosismo, pouco futebol
O que Gil Vicente, Krasnodar, Feyenoord e Marítimo têm em comum? São as únicas equipas, a par do Rangers, que não perderem com o FC Porto esta época em jogos oficiais. Mas estas tem uma particularidade: marcaram primeiro e, de todas, apenas o Marítimo não conseguiu vencer.
Em todos estes jogos, houve um acumular de erros individuais que afetaram o coletivo e tiveram um peso no resultado final. E isso é um problema para Sérgio Conceição resolver. Não se percebe como uma equipa como a do FC Porto, recheada de tantos valores individuais e com tantos jogadores experientes, se mostre incapaz de virar um resultado. Frente ao Krasnodar custou uma entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões [embora ainda houvesse mais uma eliminatória] e mais de 50 milhões de euros. Frente ao Gil Vicente resultou na única derrota na Primeira Liga e uma entrada em falso na prova. Com o Feyenoord, foram 2-0 e um acumular de golos falhados inacreditáveis. Na noite desta quarta-feira, houve poucas oportunidades e muito nervosismo para lidar com um aguerrido Marítimo, que disputava cada lance como se fosse o último.
A muito elogiada exibição do FC Porto frente ao Famalicão, num jogo onde Conceição desfez o 4-4-2 e atuou em 4-2-3-1, com jogadores mais tecnicistas, levou o técnico a apostar no mesmo onze mas cedo se viu que não teria o mesmo resultado. Primeiro porque jogava fora de casa, num terreno pesado e difícil e irregular, frente a um adversário que costuma agigantar-se quando recebe o FC Porto.
Quando Bambock fez o 1-0 para os de Nuno Manta Santos, no primeiro remate do jogo, o FC Porto já sabia que tinha de correr e muito para sair da Ilha da Madeira com os três pontos. A verdade é que os de Conceição nunca souberam lidar com intensidade e com a disponibilidade física dos madeirenses. A vencer, o Marítimo cerrou os caminhos para a sua baliza com um bloco mais baixo, linhas juntas, a cortar as linhas de passe e ocupando o espaço onde podiam entrar os jogadores do FC Porto. Luis Diaz e Corona, os alas que tinham a missão de desbloquear o jogo pelos corredores, raramente conseguiram ganhar num um-para-um com os laterais do Marítimo. E quando conseguiam, havia sempre um jogador contrário pronto para a dobra. Das poucas vezes em que a defensiva maritimista falhou, lá estava Amir para evitar males maiores, como fez aos 7 (Mbemba), 19 (Luis Diaz) e 94 (Soares).
Se o jogo estava a ser perdido na dimensão física, era importante a técnica sobressair. Conceição retirou Mbemba, Luis Diaz e Uribe e lançou Nakajima, Zé Luís e Alex Telles, recuando Corona para lateral, com o mexicano e Otávio a jogarem por dentro, no meio-campo, à frente de Danilo, na construção, para 'alimentar' o cabo-verdiano e Soares na frente. Mas o 'deserto' de ideias continuava, com muitos passes errados, duelos perdidos, e más decisões. A noite não era do Dragão.
A derrota foi evitada com uma 'carambola', numa bola onde Amir saiu mal e Soares cabeceou contra a cabeça de Pepe, aos 85 minutos, com a bola a entrar na baliza, apesar dos esforços de Grolli para evitar o golo. Era também o primeiro remate enquadrado com a baliza por parte do FC Porto no segundo tempo, onde apenas registou duas (uma defesa de Amir). Demasiado pouco para quem luta pelo título. Apesar de ter terminado com 77,5 por cento de posse de bola, foram poucas as ocasiões de golo criadas.
Uma palavra para o Marítimo que não perde há quatro jogos (três empates e uma derrota) e volta a travar um dos 'big-4', depois de ter empatado com Sporting e SC Braga na Liga.
Momento-chave: Golo de Pepe evita males maiores
O empate chega num lance de muita felicidade para o FC Porto, num cabeceamento de Soares contra a cabeça de Pepe, numa das raras falhas de Amir. Era o primeiro remate enquadrado com a baliza por parte dos 'dragões' no segundo tempo, o segundo dos últimos 45 minutos.
Os Melhores: Defesa maritimista quase imbatível
Os defesas do Marítimo levaram quase sempre a melhor sobre os avançados do FC Porto: ganharam quase todos os duelos, pelo ar e pelo chão e ainda um deles - Bambock - foi lá à frente marcar. Amir também respondeu quando chamado, embora tinha falhado no golo que deu o empate. Fábio China 'secou' Corona, os avançados nunca deixaram os centrais e médios do FC Porto saírem a jogar. Solidariedade em todo o terreno, com muita intensidade que o FC Porto nunca conseguiu igualar.
Os Piores: Dragão com ataque sem ideias, relvado não ajudou
Apenas dois remates enquadrados com a baliza no segundo tempo. Foi o que o FC Porto conseguiu arranjar, quando tinha de dar a volta ao resultado. Demasiado pouco.
O mau estado do relvado não afetou muito o Marítimo, uma equipa de 'guerreiros'. Mas o mesmo não se pode dizer do FC Porto: os jogadores azuis-e-brancos estavam sempre a escorregar, a bola saltava muito por causa do terreno irregular. Os tecnicistas do FC Porto não conseguiram colocar o seu jogo em prática.
Reações: Conceição e Manta Santos unidos na crítica à arbitragem
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