No futebol fala-se sempre que o jogo tem 90 minutos e nada como olhar para este Vizela 0-1 FC Porto para podermos ter a imagem disso mesmo.
Os Dragões chegaram a Vizela pressionados depois da vitória do Benfica e do Sporting, mas Sérgio Conceição decidiu apostar na estabilidade em vez de promover a entrada de Otávio no onze inicial. Era assim uma equipa exatamente igual aquela que tinha alinhado no Dragão frente ao Marítimo.
Do lado dos Vizelenses, não houve qualquer problema em trazer duas novidades. Álvaro Pacheco promoveu assim as entradas de Diego Rosa e Nuno Moreira - boas opções, diga-se de passagem.
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O jogo: Marcano faz esquecer o resto
Naquela que já se perspetivava como uma das deslocações mais complicadas dos portistas neste campeonato, a equipa da casa conseguiu ainda surpreender mais quem achava que eram 'favas contadas'. Durante 89 minutos, vimos um FC Porto com sérias dificuldades em organizar o seu jogo ofensivo e defensivo. Taremi, Danny Loader e Evanilson - quando conseguiam ter a bola nos pés - não eram a frente de ataque que já se tinha visto e, por outro lado, Zaidu voltava às más exibições da temporada passada.
O encontro teve apito inicial às 18h depois de um minuto de silêncio em memória de Chalana e logo se percebeu que esta não era a tarde da equipa de Sérgio Conceição e tinha tudo para ser o grito dos comandados de Álvaro Pacheco.
Taremi e Evanilson foram os protagonistas dos dois primeiros avisos que - na realidade - não passavam disso mesmo. O guardião Fabijan Buntic não estava a ter o trabalho que decerto esperaria e Sérgio Conceição começava a perder a paciência no banco.
Enquanto que o técnico portista lançava uma mensagem para dentro do campo ao colocar Otávio, Toni Martínez, Veron e Eustáquio em aquecimento, aparecia um jogador do outro lado a causar grandes desequilibrios. Nuno Moreira era claramente o mais inconformado dos Vizelenses, mas do lado dos dragões havia sempre o seguro de vida Diogo Costa.
No segundo tempo, nem houve tempo para grandes esperas. Veron e Otávio foram logo chamados a jogo, mas nas oportunidades que se seguiam ou era a desinspiração ou o guardião adversário que prevenia males maiores.
Eustáquio, Toni Martínez e Galeno também acabaram por entrar numa altura em que Álvaro Pacheco começava a efetuar as primeiras substituições, mas com um ímpeto diferente: apenas trazer uma nova frescura, mas manter a identidade da equipa até então.
Os nervos começavam a tomar conta da equipa portista e faltava cabeça a este FC Porto. Curiosamente, foi mesmo quando veio a 'cabeça' que os dragões conseguiram os três pontos. Galeno tinha já ensaiado um grande remate em arco aos 84 minutos, mas aos 90 acertou mesmo... na assistência.
Marcano parecia estar no sítio certo à hora certa e só teve de encostar de cabeça para o fundo das redes. De um lado, via-se o desânimo, mas do outro era a euforia de uma 'estrelinha de campeão' que aparecia ainda numa fase embrionária da época.
O FC Porto segue assim líder do campeonato e o Vizela acaba por cair para o nono posto.
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O momento: Cabeça de Marcano aos 90 minutos
Não poderia ser outro o momento escolhido. Com o reforço David Carmo no banco, Marcano não parece querer dar tréguas na luta pela titularidade e voltou a ser essencial em mais uma vitória portista. Desde sempre foi reconhecida a aptidão do central espanhol para marcar golos de cabeça e, mais uma vez, foi decisivo.
Corriam os 90 minutos e o FC Porto já não sabia como colocar a bola na baliza. Galeno cruzou mais uma bola na área e se calhar muitos pensavam que era apenas mais um chuveirinho. Marcano apareceu com tudo e atirou de cabeça para o fundo das redes sem hipótese para Fabijan Buntic. Era o momento de delírio da armada azul e branca.
Veja o momento do golo
Os melhores: Marcano e Galeno de um lado, Nuno Moreira do outro
Este não foi um jogo de estrelas, mas o momento coreia os melhores.
Marcano é inevitavelmente o homem do jogo depois do cabeceamento da vitória. O central espanhol parece estar a ganhar de novo espaço e a confiança parece estar no auge. David Carmo, se já trabalha o dobro, vai ter de trabalhar o triplo para ambicionar tirar-lhe o lugar no eixo da defesa.
Este foi também um jogo importante para Galeno. Muito se fala em algumas deficiências técnicas do extremo brasileiro, mas esta tarde foi dos seus pés que saiu o momento do jogo. O número 13 portista já tinha estado em evidência com um remate que quase dava um grande golo, mas foi com a assistência a Marcano que se destacou verdadeiramente. Uma substituição de ouro por parte de Sérgio Conceição.
Para o Vizela, menção de destaque para Nuno Moreira. De regresso às escolhas iniciais de Álvaro Pacheco, o extremo português foi uma verdadeira dor de cabeça para a equipa azul e branca e, por alguns momentos, obrigou Diogo Costa a estar mais atento.
Os piores: Zaidu, Loader e Uribe
Num final de tarde apática, houve alguns nomes que conseguiram estar piores que outros.
O herói da Luz Zaidu foi um deles. Na verdade, tudo correu mal ao lateral-esquerdo nigeriano: para além das dificuldades com a linha mais ofensiva vizelense, as dificuldades físicas pareciam ser uma dor de cabeça ao longo do encontro.
Danny Loader e Uribe também não tiveram um final de tarde propriamente feliz. Foram dois dos jogadores em menor evidência na primeira parte e, por isso mesmo, Sérgio Conceição acabou por os retirar do encontro logo depois do tempo de descanso.
Reações dos protagonistas
Álvaro Pacheco fala nas bolas paradas e Bruno Wilson frisa a injustiça no resultado
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