O Sporting venceu este sábado o Boavista por 3-2, em jogo da 14ª jornada da Primeira Liga. Tal como acontecera na maioria dos jogos sob o comando de João Pereira, os leões entraram fortes no jogo mas, também como acontecera nesses mesmos jogos, erros de concentração e intensidade permitiram ao Boavista entrar na partida e discutir, como podia, o resultado.

Se lá à frente havia dinâmica, velocidade e oportunidades, cá atrás a segurança e solidez foi caindo, especialmente na segunda parte. No ataque o Sporting criou e marcou, mas na defesa os erros pagaram-se caro, muito graças à grande eficácia do Boavista, que finalizou da melhor maneira nas duas oportunidades de que dispôs.

Valeu ao leão uma linha avançada que nunca baixou os braços, e contou com a inspiração de Gyokeres e Trincão para garantir uma vitória fundamental para os campeões nacionais.

O jogo: Para ganhar é preciso atacar...mas não só

Para este jogo, João Pereira voltou a mexer na linha de centrais, trocando Diomande por Debast, que se fazia acompanhar por Quaresma e Matheus Reis.

Num jogo onde vencer era absolutamente imperativo, o Sporting entrou (mais uma vez) muito forte no jogo, empurrando o Boavista para junto da sua área, não dando quaisquer hipóteses de reação. O caudal ofensivo trouxe consigo oportunidades; Gyokeres falhou o golo por duas vezes e Catamo permitiu a defesa a César.

Contudo o guardião boavisteiro não contava com o autêntico brinde de Natal que Pedro Gomes daria aos leões aos 23 minutos; numa saída a jogar desde a zona defensiva, o lateral fez um mau atraso ao seu guarda-redes, permitindo a Gyokeres antecipar-se e inaugurar o marcador.

Com um domínio total e vantagem no marcador, havia razões para prever um jogo tranquilo dos leões rumo à vitória; contudo, a equipa leonina voltou a complicar a vida a si própria. O ritmo baixou e o Boavista foi gradualmente saindo da toca, sem que sequer tivesse obrigado Israel a aquecer.

Mas a intensidade baixou de tal maneira que deixou Matheus Reis letárgico ao ver Salvador Agra cruzar para o segundo poste, onde surgiu Bozenik a cabecear para o 1-1, um golo pelo qual, provavelmente, nem o Boavista esperava.

Perante esta inesperada igualdade, o Sporting voltou para a segunda parte novamente disposto a carregar, tal com fizera em grande parte do primeiro tempo. E, tal como sucedera na altura, os leões voltaram a marcar; abertura para Maxi Araújo e o uruguaio a cruzar para o coração da área, onde surgiu Francisco Trincão a fazer o 2-1 com um remate de primeira.

'Agora é que é? Foi só um susto, certo?', perguntava-se em Alvalade. A resposta chegou nem dez minutos depois e resumiu-se a um rotundo 'NÃO'. Pedro Gomes ganhou de cabeça a Quenda, servindo já dentro da área Bruno Onyemaechi que aproveitou a desatenção da defesa verde e branca para bater um Franco Israel que não fica totalmente isento de culpas.

Alvalade vivia uma verdadeira montanha-russa de emoções e esperava-se uma ponta final de jogo marcada por nervos e ansiedade que começam a ser habituais em jogos do Sporting, e que há muito que não se faziam sentir no reino do leão.

Mas se cá atrás tremia-se, lá à frente mantinha-se o foco e o Sporting voltou a colocar-se em vantagem; Gyokeres é lançado em profundidade como tanto gosta e serve Francisco Trincão que, mesmo cercado de adversários, atirou a contar.

O avançar do relógio e o natural desgaste iam tendo o seu peso, especialmente no meio-campo, onde os leões iam deixando uma quantidade pouco habitual de espaços ao Boavista para se aproximar da área verde e branca; contudo, os nortenhos apenas conseguiam dar alguns sustos através de lances de bola parada, mas sem criar verdadeiras oportunidades, permitindo assim aos campeões nacionais segurarem a preciosa vantagem até final.

Diz-se que os ataques ganham jogos e as defesas ganham campeonatos. Assim sendo, e se o objetivo do Sporting é o 'bi-campeonato', João Pereira tem ainda muito trabalho pela frente.

Apesar de fundamental, esta vitória não deixará o comum adepto leonino muito mais tranquilo ou confiante relativamente ao futuro próximo, resta apenas ver se foi o primeiro passo no regresso à estabilidade e constância exibicional, ou se os níveis de ansiedade se manterão lá no alto.

O momento

Estávamos a meio da segunda parte, o Sporting já tinha deixado escapar a vantagem no marcador por duas ocasiões e notava-se que os nervos e a ansiedade poderiam aumentar com o avançar do relógio. Contudo os campeões nacionais não deixaram que tal clima tomasse conta do jogo.

Gyokeres foi lançado em profundidade pela esquerda, fletiu e serviu na área Francisco Trincão que, apesar de apertado, conseguiu atirar cruzado para o fundo das redes de César, restabelecendo a vantagem verde e branca que se manteria até final.

O melhor: Trincão é leão 'todo o terreno'

Num jogo onde o sucesso do Sporting passou, quase exclusivamente, pelo setor ofensivo, Francisco Trincão acabou por ser decisivo para o triunfo dos leões.

O extremo verde e branco marcou dois golos na segunda parte, desfazendo duas igualdades que, caso se arrastassem, prometiam aumentar por demais os nervos e ansiedade dentro e fora de campo.

Quando não estava a marcar golos, Trincão procurou sempre dinamizar o corredor direito, combinando inicialmente com Geny Catamo e depois com Quenda, para procurar manter a intensidade ofensiva da equipa. Sem bola, o '17' leonino também mostrou em algumas ocasiões bons níveis de agressividade, na esperança que os colegas seguissem o seu exemplo.

O pior: Foi só um erro, mas teve peso

Pedro Gomes ficou inevitavelmente ligado à vitória do Sporting, e não pelos melhores motivos. O lateral direito do Boavista deu origem ao primeiro golo dos leões, apontado por Gyokeres, que aproveitou um mau atraso do defesa axadrezado para inaugurar o marcador.

Num jogo onde as panteras mostraram personalidade e espírito de sacrifício, este foi o principal erro individual que acabou por ter influência direta no resultado final. Ressalvar, contudo, a intervenção do jogador axadrezado no lance do 2-2, onde assistiu Onyemaechi.

O que disseram os treinadores

João Pereira, treinador do Sporting

Cristiano Bacci, treinador do Boavista

O resumo