Esta análise ao nulo entre Benfica e Tondela registada ao final da tarde de quinta-feira no Estádio da Luz começa com uma constatação do óbvio: os adeptos fazem falta nos estádios. Muita! Não há como o disfarçar.
O Benfica bem tentou, enchendo as bancadas com mais de 21 mil cachecóis que, de facto, deram alguma cor ao recinto. E até a águia Vitória fez o seu voo. Mas faltou o resto. Faltou o entusiasmo que os adeptos conferem e a força que transmitem à equipa.
O Benfica sentiu a sua falta, é certo. Mas eles foram apenas uma entre muitas coisas que faltaram ao Benfica - criatividade, eficácia, golos - e que contribuíram para o 'zero' das 'águias' frente ao Tondela.
Claro que os 'encarnados' criaram ocasiões de golo mais do que suficientes para marcar. Não fossem alguns cortes milagrosos por parte de jogadores do Tondela, a história poderia ter sido bem diferente. Mas não foi...
E isso leva-nos de volta ao momento que o Benfica vivia há três meses, antes de um vírus e uma pandemia ditarem um interregno sem precedentes no futebol. É que a história podia ter sido diferente, mas acabou por ser idêntica às que as 'águias' vinham vivendo.
Efetivamente, em termos práticos - não deixemos que tão longa paragem nos tolde a memória - este foi o quarto empate consecutivo do Benfica no conjunto de todas as competições. O quinto nos últimos nove jogos, dos quais o conjunto de Bruno Lage apenas venceu um! A jogar em casa, o Benfica leva agora quatro jogos sem vencer...
O Benfica atravessava um mau momento e continua a atravessar. Não há como o negar!
Ao não aproveitar a derrota do FC Porto na véspera perdeu a hipótese de saltar para a liderança logo após o retomar da competição. Seria uma forte estocada no rival. Assim, a vantagem volta a estar do lado dos 'dragões'...
De desperdício em desperdício até ao nulo final (com algum adormecimento pelo meio)
Bruno Lage apostou nos regressos de Jardel e Gabriel e o Benfica até entrou bem no encontro. Sem jogarem há precisamente 90 dias, os 'encarnados' entraram com 'fome de bola' e, logo aos dois minutos, surgiu a primeira ocasião de golo não aproveitada. Rafa, isolado, permitiu a defesa de Cláudio Ramos, guarda-redes do Tondela. Ainda antes do quarto de hora de jogo, Jardel, que alinhou no lugar habitualmente ocupado por Ferro, também ficou perto de marcar.
Duas ocasiões claras - desperdiçadas - em 15 minutos. Mas, de repente e até ao intervalo, a 'fome de bola' pareceu ficar saciada e o ímpeto inicial da turma da casa desapareceu.
Para voltar logo no arranque do segundo tempo, com mais uma mão cheia de ocasiões de golo que foram, aos poucos, surgindo, apesar de o ritmo não ser dos mais elevados - nem o poderia ser, reconheçamos, perante tão longa paragem. Mas, também já o dissemos, a verdade é que antes dessa paragem não estava a ser muito diferente.
Rafa deixou novo aviso, Pizzi e Taarabt voltaram a testar as qualidades de Cláudio Ramos, Gabriel rematou por cim,a Vinícius viu um remate em boa posição intercetado e Rúben Dias, solto de marcação, cabeceou ao poste.
A bola teimava em não entrar, apesar das mexidas que Bruno Lage ia fazendo na equipa. Começou por reforçar o ataque com a entrada de um ponta-de-lança (Dyego Sousa) para o lugar de um médio (Weigl), para depois proceder a uma troca de pontas-de-lança que, muito provavelmente, teria sido assinalada com um coro de assobios dos adeptos caso estes estivessem no estádio, lançando Seferovic para o lugar de Vinícius.
O suíço dispôs também ele, pouco depois de saltar do banco, de duas boas ocasiões para marcar, mas em ambas rematou cruzado, errando o alvo, enquanto Dyego Sousa também acertou na trave.
O Tondela, esse, aproveitando o balanceamento ofensivo do Benfica, chegou enfim por uma vez com perigo à grande área 'encarnada'. Mas também não marcou. E o cansaço dos seus jogadores foi evidente nos minutos finais, em que o Benfica se lançou no 'assalto final' à baliza contrária. Ao todo, o Benfica desferiu 18 remates contra apenas um do adversário...mas não chegou.
Momento-chave: minuto 90+3
Foi já dentro dos sete minutos de desconto concedidos pelo árbitro Manuel Mota que chegou a última oportunidade desaproveitada. Desta feita por Dyego Sousa. O avançado internacional português cabeceou com tudo para marcar, mas em cima da linha de golo viu Petkovic cortar o esférico e impedir, desta forma, a ascensão das 'águias' à liderança isolada da I Liga.
Os melhores
Se houve jogador que pareceu não acusar a paragem competitiva, foi Adel Taarabt. O marroquino vinha sendo alvo de rasgados elogios pela evolução e empenho demonstrados na primeira metade da temporada, até ao interregno competitivo, e voltou a ser um dos destaques do lado do Benfica. Começou por jogar um pouco mais à frente do que vinha sendo hábito, face ao regresso de Gabriel, recuou depois para a posição que vinha ocupando, e em ambos os lugares mostrou qualidade. O problema foi que, estando num lugar, fazia falta no outro...
Do lado do Tondela, dois destaques. Cláudio Ramos mostrou-se à altura na baliza sempre que foi preciso, com intervenções de qualidade a remates de Rafa e Pizzi. E, quando o guarda-redes não estava lá, estavam os seus defesas para o ajudar, em especial Marko Petkovic, que para além do corte miraculoso à beira do fim esteve sempre muito em jogo, e quase sempre bem, com outros cortes decisivos.
Os piores
Pizzi foi uma sombra daquilo que vinha sendo esta temporada e, talvez, um dos que mais terá acusado tanto tempo de paragem. Falhou demasiados passes, jogou a um ritmo baixo e a equipa ressentiu-se. Teve uma boa ocasião para marcar, não aproveitou, e pouco mais se viu.
Quem continua a não conseguir mostrar as qualidades que lhe são reconhecidas é o alemão Julian Weigl. Demasiado fixo na sua posição, arriscou pouco no passe e pouco deu à equipa, acabando substituído pouco depois do início da segunda parte. Coincidência ou não, a partir da sua saída as ocasiões de golo começaram a surgir com maior frequência.
As reações
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