E, ao fim de 34 jornadas, acabou. O FC Porto e o SC Braga encerraram a edição 2023/24 da I Liga, num jogo que ficou condicionado desde muito cedo, após a expulsão de Victor Gómez (12 minutos). Ainda assim, os minhotos fizeram uma bela exibição, tendo em conta as condicionantes, perante uns dragões sem grande brilho, mas que cumpriram a missão de garantir o terceiro lugar, que dá acesso direto à fase de grupos da Liga Europa.

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Galeno assumiu o papel de protagonista nos minutos finais, com um golo que coroa a melhor temporada da carreira, mas que não chega para tapar uma época banal dos azuis e brancos, que encerra o ciclo de 42 anos do presidente mais titulado do Mundo, Jorge Nuno Pinto da Costa.

O jogo explicado

Estava tudo pronto para aquela que seria a partida de cartaz da última jornada, entre duas equipas que chegaram ao fim do campeonato a lutar pelo terceiro lugar. Sérgio Conceição (que viu o jogo da bancada por estar castigado) apostou no mesmo onze que bateu o Boavista e que lhe tem dado mais garantias esta época, enquanto Rui Duarte só introduziu Paulo Oliveira em detrimento de Fonte, para ganhar alguma velocidade na defesa.

Os primeiros minutos foram de estudo mútuo, com os dois emblemas a tardarem em fugir da rigidez tática para criar perigo. Quando essa timidez estava a desaparecer, Victor Gómez viu o segundo amarelo num lance em que viu Galeno escapar-lhe pela linha e condicionou a equipa que ficou a jogar com menos um elemento durante mais de 80 minutos.

Este momento alterou toda a estratégia que Rui Duarte tinha delineado, mas, enquanto tiveram pernas, os guerreiros fizeram jus aos nomes e iam conseguindo aguentar o domínio portista, ao mesmo tempo em que tentavam ferir o adversário através de contra-ataques fulminantes e bem pensados.

Na primeira parte o FC Porto nunca conseguiu arranjar maneira aproveitar a superioridade numérica, denotando alguma falta de criatividade e (talvez9 algum receio de arriscar, até por tudo o que estava em jogo.

Foi preciso as equipas irem aos balneários para o jogo mudar de ritmo. No arranque do segundo tempo o encontro ficou frenético, com as oportunidades de golo a multiplicarem-se e não só para o FC Porto.

Com o passar dos minutos os guerreiros iam acusando o desgaste extra provocado pela ausência de Victor Gómez e iam perdendo poder de fogo, esperançados num lance de génio que pudesse garantir os três pontos e o terceiro lugar. Já os dragões impunham, cada vez mais, o seu domínio, mas a pontaria (e Matheus em várias ocasiões) iam traindo as ambições azuis e brancas de vencer.

Tudo mudou aos 85 minutos, quando Taremi deu uma prenda de despedida aos adeptos e lançou um passe açucarado para Galeno finalizar com mestria, fazendo todos os presentes na Pedreira perceber que o terceiro lugar já tinha dono.

Ainda assim, o SC Braga não baixou os braços até ao fim e tentou chegar, pelo menos, ao empate, mas já não hvia forças nem o discernimento necessário.

Assim, o FC Porto e o SC Braga encerram o campeonato que não teve o desfecho desejado para nenhuma das equipas, marcado por polémicas internas que em nada ajudaram e esperam que tenha sido o encerrar de um capítulo menos feliz, para dar início a outro com conquistas e glórias na forma de troféus.

Veja o resumo da partida:

O momento - minuto 12

O golo de Galeno era um sério candidato a esta escolha, mas, se formos sinceros, o que mudou tudo foi mesmo a expulsão de Victor Gómez. O segundo amarelo numa fase tão embrionária da partida foi uma facada demasiado dura às aspirações bracarenses, que contra adversários desta qualidade dificilmente dá para contrariar.

O melhor - Requinte espanhol

Muitas vezes ausente do olhar por não estar tão ligados a golos e assistências, mas Nico González é um senhor jogador. Joga de cabeça levantada, tem um belíssimo toque de bola e é o comandante das operações portistas a partir do meio-campo. Tem muita qualidade de passe, capacidade de saída de pressão e, se continuar a evoluir assim, pode mesmo vir a ser um caso sério no futebol português e garantir uns preciosos milhões de euros aos cofres portistas.

O pior - A este nível não se desculpa

Os árbitros são muitas vezes acusados (injustamente) de más exibições, até porque, convenhamos, os adeptos de futebol não são fáceis de agradar. Mas, neste caso, Nuno Almeida fez mesmo uma arbitragem que não está ao nível do que já mostrou e logo num jogo desta envergadura. Se dermos de barato o primeiro amarelo de Victor Gómez, o segundo parece ainda mais duvidoso. Já para não falar do lance de Alan Varela com Ricardo Horta, em que o árbitro estava muito bem posicionado, e que parece mesmo ser um lance claro de grande penalidade. O VAR também não ajudou, é verdade, mas não parece deixar assim tantas dúvidas.

Além disso quis sempre apitar em excesso, prejudicando a fluidez do jogo, como é exemplo um fora de jogo a favor do FC Porto, em que em vez de deixar a bola seguir na posse dos dragões, parou a partida para beneficiar o infrator e marcar o lance de bola parada uns metros ao lado. Um exibição fraca e que condicionou o rumo do jogo vezes demais.

O que disseram os treinadores

Rui Duarte, treinador do SC Braga: "O jogo ficou estragado por uma expulsão que não existe. Vejam o segundo amarelo, é ridículo!"

Vítor Bruno, treinador adjunto do FC Porto: "Mais rebentamento, menos rebentamento queremos trazer a Taça para o nosso museu"