Três pontos, mais um jogo vencido, num meio de calendário complicado e a poucos dias de receber o Manchester City para a Liga dos Campeões. Na viagem do FC Porto aos Açores salvou-se a vitória frente ao Santa Clara e a subida, à condição, ao segundo lugar da I Liga, ao cabo de oito jornadas.
Mas a exibição dos campeões nacionais foi pobre: valeu o golaço de Luis Díaz, num remate acrobático, já nos descontos da primeira parte. A equipa azul-e-branca apenas fez quatro remates em todo o jogo, dois deles enquadrados com a baliza. Não há memória de um jogo assim do FC Porto na Liga. Vitória garante 'quartos' da Taça da Liga.
FC Porto: quatro remates, dois enquadrados, um em cada parte. É pouco
Dizem os treinadores que quando não se pode jogar bem, é preciso ganhar. E foi o que fez o FC Porto nos Açores, na ressaca de uma semana complicada a nível anímico e físico. Os 'dragões' venceram na quarta-feira o Marselha em França por 2-0, na 4.ª jornada da Liga dos Campeões, chegaram ao Porto na madrugada de quinta-feira, treinaram nesse mesmo dia e no dia seguinte, quando viajaram para os Açores. Entre um jogo e outro, menos de 72 horas. Pelo meio, a família portista viu partir Reinaldo Teles, o 'chefinho' como era carinhosamente chamado pelos portistas. Um dos dirigentes há mais anos no clube azul-e-branco. Uma morte que mexeu com o FC Porto.
Por isso a viagem aos Açores era de extrema importância, já que, em caso de derrota, o FC Porto poderia ficar a nove pontos do Sporting (se os 'leões' vencessem, como aconteceu) e cair para o 9.º lugar.
O conjunto muito compacto do Santa Clara, que defendia muitas vezes com os 11 homens atrás da linha da bola, com uma linha defensiva média-alta, a obrigar o FC Porto a alongar o jogo, dificultou e muito a tarefa aos portistas. Não havia espaço para os criativos, que não conseguiam colocar a bola em Taremi, o avançado escolhido por Sérgio Conceição.
O FC Porto tinha mais bola mas era uma posse inócua. Era preciso colocar em campo toda a artilharia, principalmente as bolas paradas onde os 'dragões' são muito fortes mas, além da boa organização defensiva do Santa Clara, o FC Porto deparou-se com um adversário de peso: o vento, e depois a chuva. A atacar contra o vento no primeiro tempo, os cantos batidos por Sérgio Oliveira era sempre desviados do seu curso. Os livres, o mesmo destino. Até os cruzamentos tinham destino incerto, guiados pela vontade da natureza.
Era daqueles jogos que, ou se resolvia com um lance de génio ou com um ressalto porque estava difícil de jogar futebol. Foi aí que emergiu Luis Díaz, o homem dos grandes golos, fazer o 1-0 no primeiro minuto de descontos da primeira parte, no primeiro remate enquadrado com a baliza, o segundo em todo a primeira parte do FC Porto.
No segundo tempo, mais dois remates, um para fora e outro para Marco defender. Assim se resume o ataque do FC Porto em todo o encontro. Diz o site 'GoalPoint', especialista em análise estatística de futebol, que não encontra na sua base de dados um jogo da I Liga onde o FC Porto tivesse feito tão poucos remates. O Santa Clara até fez quase o dobro dos remates do azuis-e-brancos (sete) mas apenas dois enquadrados.
Daniel Ramos mexeu com o jogo, com as alterações que fez (entradas de Lincoln, Jean Patrick e Ukra), o Santa Clara foi à procura de algo mais, depois de ter estado 60 minutos a ver no que o jogo dava. Criou perigo, empurrou o FC Porto para perto da sua área mas foi só isso. Conceição não arriscou um milímetro e acabou o jogo a lançar um terceiro central (Diogo Leite) para os minutos finais para defender a magra vantagem.
Este foi o 12.º triunfo do FC Porto em 13 jogos contra o Santa Clara, a 10.ª vitória seguida frente aos açorianos em todas as provas. Foi também o terceiro jogo sem sofrer golos para os comandados de Sérgio Conceição. Os 'dragões' chegam aos 16 pontos, sobem ao 2.º lugar e ficam a ver o que farão Benfica e SC Braga, as duas equipas que ainda tem menos um jogo cada.
Com a vitória, o FC Porto garantiu também um lugar na inovada edição 2020/21 da Taça da Liga, onde já estão Sporting, Benfica, Sporting de Braga e Estoril (II Liga). Faltam apurar dois clubes na I Liga e um na II Liga.
Momento do jogo: Mágico Luis Díaz resolve
No melhor período do FC Porto na primeira parte, surgiu o único golo do jogo. Manafá correu com a bola pela direita, combinou com Corona, recebeu e centrou para um golpe acrobático de Luis Díaz. Um golaço do colombiano, o seu quarto esta época, ele que já tinha feito também um grande golo frente na derrota frente ao Manchester City.
Os Melhores: Luís Díaz decisivo, defesa açoriana muito compacta
Num jogo onde as duas equipas fizeram apenas quatro remates enquadrados com a baliza em 95 minutos de futebol, há que destacar quem conseguiu acertar com o alvo. Luis Díaz resolveu de forma extraordinária, somou um conjunto de boas ações ofensivas, quer pelo meio, quer pela esquerda.
A forma compacta e coesa como o Santa Clara se apresentou dificultou a vida ao FC Porto. Os açorianos defendiam longe da sua área mas de forma agressiva, retirando espaços aos FC Porto. A equipa azul-e-branca sentiu inúmeras dificuldades para entrar no último reduto contrário.
Os Piores: contra a natureza, não há nada a fazer
O vento teve um papel crucial no jogo, condicionando e muito o desempenho das duas equipas. Se na primeira parte o FC Porto sofreu, por estar a jogar contra o vento, no segundo tempo também teve dificuldades já que, com o vento a favor, os passes longos acabavam por sair um pouco mais longo do que o medido. O Santa Clara também sentiu isso no primeiro tempo quando tentou sair em contra-ataque. A bola nunca tinha rumo certo. Para piorar, a forte chuva que também caiu a espaços durante o jogo deixou o relvado um pouco maltratado, dificultando a circulação da bola junto a relva.
Reações: Conceição lembra Vítor Oliveira, Daniel Ramos destaca equilíbrio
Sérgio Conceição: "Os jogadores não são máquinas…!"
Luis Díaz e o golaço ao Santa Clara: "Já tinha tentado fazer um golo de classe em outras ocasiões"
Daniel Ramos: "A qualidade individual fez a diferença. O jogo foi muito equilibrado"
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