Não há fome que dê em fartura. Depois de perder com o Gil Vicente em casa na ronda anterior, o Benfica puxou da eficácia para golear o Portimonense por 5-1, na 28.ª ronda da I Liga. A equipa de Jorge Jesus até esteve a perder, mas chegou a goleada depois de uma segunda parte demolidora, com quatro golos. Uma 'manita' que deixa os vice-campeões nacionais no 3.º lugar (perdido no dia anterior para o SC Braga), a seis pontos do 2.º, o FC Porto e a dez do Sporting, equipa que empatou nesta ronda com o Belenenses SAD.
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Da dificuldade em criar à facilidade em finalizar
O esquema de três centrais apresentado por Jorge Jesus frente ao Gil Vicente na 27.ª jornada foi muito criticado pelos analistas. Mas o técnico do Benfica quis provar que tinha razão (afinal, é ele quem treina os jogadores) e manteve Vertonghen, Lucas Veríssimo e Otamendi atrás, projetando Diogo Gonçalves e Grimaldo nas alas. Mas ao Benfica faltava quem acompanhasse Seferovic já que a entrada de Pizzi para a direita e Rafa para a esquerda, deixava o suíço sozinho na frente.
Faltava quem ligasse o jogo com Seferovic mas também quem fizesse outros movimentos na frente, para fazer oscilar a linha de cinco defesas do Portimonense, sempre muito estável. O jogo do Portimonense era simples: recuperar a bola e meter logo em Beto, o homem a quem os Guerreiros do Sul depositaram as esperanças em encontrar 'petróleo' entre a defensiva Encarnada.
Jesus já estava à espera dessa nuance e colocou Lucas Veríssimo a cair no lado de Beto, em vez de Vertonghen e Otamendi, menos rápidos em relação ao brasileiro. No primeiro tempo foram vários os duelos entre os dois, sempre decididos na velocidade e no corpo a corpo, com vantagem para o central Encarnado. Numa das poucas jogadas com ligação da defesa ao ataque, Aylton Boa Morte aproveitou o condicionamento de Gabriel (amarelado desde cedo) para lançar Beto para o 1-0. Quarto jogo seguido a marcar para o avançado de 23 anos, o seu 11.º na prova.
Mesmo estando melhor que o adversário no jogo, o fantasma de ir para o intervalo em desvantagem, tal como aconteceu com o Gil Vicente, podia intranquilizar a equipa, mas o golo de Pizzi no último lance do primeiro tempo mudou tudo.
E Jesus percebeu que uma das formas de fazer 'dançar' a linha defensiva contrária seria com alguém capaz de atacar a profundidade e ganhar bolas nas costas da linha defensiva contrária. Do banco saiu Darwin, o avançado com melhores argumentos neste aspeto para dar a volta ao jogo. Fez o 2-1 logo a abrir o segundo tempo, abriu espaços para Seferovic entrar e fazer o 3-1 e o 4-1, antes de Everton finalizar a goleada no último dos quatro minutos de desconto do jogo.
Na história dessa goleada, há que destacar a forma como os laterais/alas ajudaram nos golos: Grimaldo com duas assistências (jogador com mais assistências na I Liga-8), Diogo Gonçalves com uma, num jogo onde foram melhores no segundo tempo, tal como toda a equipa do Benfica.
Ao Portimonense, faltou ter mais gente a ajudar Beto no último terço e uma melhor eficácia no controle dos homens das laterais do Benfica.
Esta foi a segunda goleada seguida do Benfica fora de portas na I Liga, depois do 5-0 ao Paços de Ferreira. Os Encarnados somaram a quarta vitória seguida fora de casa, tendo marcado 15 golos e sofrido um.
O 2.º lugar continua a seis pontos, a liderança está a 10, mas o Benfica ainda vai receber o Sporting e o FC Porto em casa.
Momento do jogo: Pizzi empata no último lance da 1.ª parte
O Benfica tinha sofrido o 1-0 aos 43 minutos e ir para o intervalo em desvantagem podia ter um peso psicológico forte nos jogadores, tal como aconteceu frente ao Gil Vicente na ronda anterior. Mas no último lance do primeiro tempo, Pizzi aproveitou uma jogada pela esquerda entre Vertonghen e Grimaldo para restabelecer a igualdade aos 45+2.
Os melhores: Beto contra três, Pizzi em grande
Beto fez o golo do Portimonense e foi o principal desequilibrador da equipa. No segundo tempo conseguiu fugir aos três centrais do Benfica para, sozinho, criar duas ocasiões de golo. Leva 11 tentos na Primeira Liga esta época. Wylliam Rocha também se destacou no meio-campo: apesar de ter saído aos 66 minutos, fez dois passes para finalização e conseguiu 11 recuperações de bola (máximo no jogo), de acordo com dados do 'Goalpoint'.
Pizzi fez o primeiro do Benfica e liderou os Encarnados na criatividade na frente. Raramente errou um passe e foi sempre assertivo nas suas decisões. Destaque também para Grimaldo, com duas assistências para golo, ele que se sente mais solto no ataque no sistema de três centrais. E ainda para Seferovic, que chegou à liderança dos melhores marcadores com 18 golos, o 22.º da época e o 50.º na Primeira Liga em 104 jogos.
Dia mau: Gabriel não justificou aposta, Samuel encaixou cinco golos
Nunca é bom quando um guarda-redes sofre cinco golos num jogo. A verdade é que Samuel pouco podia fazer nos lances, numa noite em que o Benfica mostrou muita eficácia. Os Encarnados fizeram seis remates à baliza, cinco deram golo.
Gabriel voltou a ser titular, mas não durou 45 minutos. Viu cedo um amarelo que o deixou condicionado e, no lance do golo do Portimonense, mostrou zero agressividade para tentar condicionar a ação de Aylton Boa Morte, autor do passe para Beto. Depois do amarelo, ainda somou duas faltas.
Reações: Jesus e um Benfica em crescendo, Paulo Sérgio assume responsabilidade
Darwin explica porque joga Seferovic: "Ele é um jogador de área que não desperdiça nenhuma bola"
Paulo Sérgio: "Resultado pesado. Assumo toda a responsabilidade"
Beto: "Cometemos muitos erros e isso paga-se caro contra estas equipas"
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