Já dizia Winston Churchill que a Madeira é a 'Pérola do Atlântico', e o Sporting saiu do Funchal com meia-dúzia delas. Mas engane-se quem olhe para o resultado e apenas imagine facilidades para a equipa de Alvalade; o leão teve de suar para abrir uma ostra alvinegra motivada e aguerrida na receção ao campeão nacional...pelo menos na primeira parte.

Os verdes e brancos souberam ser pacientes e esperar pelos momentos certos para ir recolhendo pérola atrás de pérola, mesmo que uma ou duas delas tenham mesmo sido oferecidas, saindo da Choupana com um belo 'saque' de mais três pontos e uma exibição convincente.

O jogo

As duas equipas entravam em campo com poucas mexidas nos respetivos onzes. Amorim fazia entrar Bragança para o lugar de Hjulmand, enquanto que no Nacional, Bruno Costa entrou para o lugar de Miguel Baeza. Disposto a mostrar-se ao campeão no seu regresso à Primeira Liga, os madeirenses entraram atrevidos em jogo, chegando a assustar os leões nos primeiros minutos.

No meio-campo a dupla Morita/Bragança tinha algumas dificuldades em acertar as marcações, e foi só a partir da altura em que conseguiram neutralizar as saídas de Luís Esteves é que o Sporting tomou conta do jogo. Perante um adversário concentrado no seu meio-campo, a equipa de Alvalade ia, sem grandes pressas, procurando espaços entre linhas, mormente através dos corredores.

Contudo, o golo verde e branco acabou por surgir após erro na saída do Nacional; Inácio recuperou em zona subida, deu a Pedro Gonçalves, e o avançado do Sporting fez o 0-1 com um remate cruzado já dentro da área. O mais difícil parecia estar feito, todavia, a pausa imposta por Luís Godinho devido ao muito calor madeirense, trouxe um Nacional mais afoito e agora verdadeiramente ameaçador.

Kovacevic ainda conseguiu travar os remates de Zé Pedro e Butzke, mas nada pode fazer à passagem do minuto 36; Matheus Dias lançou Nigel Thomas, que deixou Inácio nas covas, arrancou, e disparou um míssil que só parou no fundo das redes leoninas.

Mas contrariamente ao que já acontecera esta temporada, o leão não tremeu com o golo sofrido e continuou o seu jogo como se nada fosse. Resultado: combinação entre Pedro Gonçalves e Trincão, com primeiro a servir o segundo que, já dentro da área, rematou cruzado para recolocar o Sporting na frente do marcador a poucos minutos do intervalo.

Os primeiros minutos da segunda parte pareciam trazer um Nacional disposto a continuar a discussão do resultado; Appiah e Luís Esteves obrigaram Kovacevic a aplicar-se em dois lances quase consecutivos. Mas tal como acontecera na primeira parte, o Nacional ameaçou mas foi o Sporting quem marcou. Quenda foi travado na área por Bruno Costa e Viktor Gyokeres não teve problemas em converter a grande penalidade e dar mais tranquilidade aos lisboetas.

O terceiro golo tirou em definitivo o vento das velas nacionalistas e a partir daí o leão foi dono e senhor da Choupana. Mais seis minutos após o penálti e Matheus Dias resolveu parar de jogar e ficou a olhar para a bola enquanto tomava uma poncha, Catamo aproveitou toda a cerimónia, ganhou posição e serviu Trincão que apenas teve de encostar.

O jogo como se transformou numa série de exercícios de ataque para os leões, aproveitando o total desnorte do adversário para chegar com frequência e perigo junto da baliza de Lucas França. Mais uns minutos e novo golo leonino; canto ensaiado e Daniel Bragança, como ele tanto gosta, a tirar dois adversários do caminho dentro da área (ou antes cabine telefónica), e a fazer um belíssimo quinto golo.

E cerca de dez minutos depois, o Sporting acabaria por finalmente fechar as contas do encontro; o recém-entrado Debast lançou Gyokeres em profundidade e o sueco, bem ao seu estilo, levou tudo à frente e fuzilou as redes do Nacional para completar a meia-dúzia.

O momento: Frieza nórdica

O arranque da segunda parte trouxe um Nacional mais subido e à procura do empate. Contudo, Bruno Costa travou Quenda dentro da área, levando Viktor Gyokeres a converter a grande penalidade, fazendo assim o 1-3 que tirou todo o ímpeto aos insulares, que quebraram em todas as vertentes a partir de então.

O melhor: Um Pote onde cabe tudo

Num jogo onde o Sporting marca seis golos, seria difícil que um dos homens do ataque verde e branco não se destacasse dos demais.

Ao contrário de outros colegas de setor, Pedro Gonçalves não bisou na partida, contudo o número '8' abriu o marcador para os campeões nacionais, e assistiu Francisco Trincão para o 1-2 já perto do intervalo.

Pote até pode passar alguns minutos aparentemente alheado da partida, mas mostra-se decisivo nos momentos em que a equipa mais precisa.

O pior: Há Dias assim

Os motivos para o descalabro do Nacional na segunda parte assenta, na sua maioria, na quebra física e anímica do coletivo. Perante esse cenário, podemos destacar Matheus Dias como o jogador que, ao contrário da esmagadora maioria golos sofridos pelos madeirenses, poderia muito bem ter evitado um deles.

Aos 57 minutos, o médio tentava proteger uma bola que teimava em não sair de campo, mas permitiu a Catamo ganhar posição e servir Trincão para o 1-4, lance que demonstra a quebra de concentração dos alvinegros.

O que disseram os treinadores

Tiago Margarido, treinador do Nacional

Rúben Amorim, treinador do Sporting

O resumo