Hattrick de desilusão. O Sporting perdeu pela terceira vez consecutiva (2-1), no quarto jogo de João Pereira ao leme, perante um Moreirense extremamente bem organizado taticamente. Os leões foram sempre demasiado dóceis na forma como tentavam criar desequilíbrios e acabaram completamente manietados pelo plano tático montado por César Peixoto. 

Assim surgem os primeiros sinais de uma crise de resultados, até porque no final da partida houve lenços brancos e pedidos para a equipa "jogar à bola", algo que já não acontecia há muito tempo no reino do leão. 

O jogo explicado

A equipa de João Pereira até entrou forte na partida, a conseguir dominar nos primeiros minutos, perante um Moreirense que entrou com demasiado respeito pelo líder do campeonato. Após as primeiras ameaças o marcador mudou pela primeira vez aos 12 minutos, quando Gyokeres marcou um penálti conquistado por si.

O golo fez a turma de César Peixoto perceber que teria de arriscar mais se queria pontuar no encontro e a reação foi quase imediata. O espaço deixado nas costas do Sporting ia sendo bem aproveitado, mas o golo surgiu mesmo de um lance de bola parada.

Alan bateu um livre lateral de forma exímia e Dinis Pinto estava no sítio certo para empatar a partida e deixar os adeptos da casa em festa, aos 19 minutos. Foi a partir daqui que o leão começou a esmorecer.

Curiosamente, o Sporting sentiu muito o golo sofrido e perdeu o discernimento, que a entrada de Daniel Bragança para o trio da frente tentava trazer à equipa. A partir deste momento houve mais Moreirense, que através de rápidos contra-ataques conseguia desequilibrar o emblema leonino, mas sem a frieza necessária para marcar.

Isto mudou aos 35 minutos, no lance que decidiu a partida. Geny Catamo teve um momento de desconcentração e fez um péssimo lançamento em zona perigosa, que Guilherme Schettine agradeceu e aproveitou para fazer um grande golo com um remate de primeira.

A partir daqui, o Sporting ficou completamente perdido e, apesar da vontade de chegar ao empate, não estava com a conexão entre setores exibida com Ruben Amorim e denotava evidentes dificuldades em criar verdadeiro perigo.

O intervalo prometia mudar o estado da situação, mas isso demorou a acontecer. Aliás, nos primeiros minutos do segundo tempo o encontro foi estranhamente equilibrado e os leões só se conseguiram impor verdadeiramente quando César Peixoto baixou linhas e adotou o 5-4-1, colocando um defesa extra.

A partir deste momento foi o Sporting quem assumiu totalmente o controlo da partida, enquanto o Moreirense repelia as investidas sem pudor, cortando tudo o que havia para cortar sem rodeios.

Embora a equipa de João Pereira tenha enviado duas bolas à barra, poucas jogadas de qualidade conseguiu criar e o novo treinador dos leões está numa situação complicada para fazer esquecer o antigo líder. A partir de agora a margem de erro está cada vez mais perto do zero e, seguramente, que os próximos jogos serão decisivos para a continuidade desta equipa técnica.

O momento: Schettine matador

Mesmo sem ter grandes oportunidades ao longo do jogo, Schettine vestiu a pele de herói neste encontro, ao marcar um golo de difícil execução técnica. Geny Catamos lançou mal e o brasileiro estava no sítio certo para desferir uma bomba que foi indefensável para Kovacevic. Belo golo!

O melhor: Mestre da tática

César Peixoto deu uma verdadeira 'masterclass' tática no encontro com o Sporting. Conseguiu limitar as maiores virtudes da equipa de João Pereira e dotar os cónegos de capacidade ofensiva e atrevimento necessário para fazer mossa ao adversário.

Quando foi altura de recuar não teve medo de o fazer e criou uma muralha impenetrável. Mesmo que o resultado tivesse sido outro nada tiraria o mérito ao treinador do Moreirense que montou a equipa de forma perfeita.

O pior: Mister ainda não tem sintonia

É verdade que era muito difícil entrar num comboio que estava a todo o vapor e colocá-lo a andar ainda mais rápido, mas João Pereira conseguiu desacelerar em demasia este TGV. Desde a sua entrada a equipa parece menos ligada e num ritmo muito inferior, sendo que os próprios jogadores estão uns furos abaixo.

Embora não tenha mexido na tática, as nuances que implementou não parecem estar a resultar e mudou as peças do xadrez demasiado tarde na partida, quando havia claramente jogadores em sub-rendimento.

Obviamente que estes primeiros tempos seriam difíceis e era injusto pedir a perfeição. No entanto o treinador do Sporting está a perder a margem de erro e terá de abanar a equipa e sair desta má fase se quiser continuar a servir o leão.

Veja o resumo do Moreirense-Sporting: