O FC Porto conseguiu levar de vencida o Marítimo por 2-0, em jogo da 9.ª jornada da I Liga, isolando-se assim na liderança do campeonato. Mas desengane-se se pensa que este foi um jogo fácil para a turma portista. Sérgio Conceição teve de recorrer ao banco de suplentes para conseguir desbloquear a partida e sobretudo o esquema montado por Cláudio Braga. Este foi o quinto triunfo consecutivo do campeão nacional, incluindo os jogos relativos ao campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga dos Campeões.

O resultado assume um maior revelo dada a derrota do Benfica na sexta-feira frente ao Moreirense por 3-1. Os 'encarnados' estão no terceiro lugar a quatro pontos da liderança, mas até podem acabar a jornada em quinto se Sporting e Rio Ave ganharem os respetivos jogos.

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O Jogo: Otávio foi a chave para a conquista dos três pontos no Funchal

Mas deixemos de lado as contas do campeonato e foquemos atenções no jogo na Madeira. A equipa do FC Porto entrou em campo com o mesmo onze que derrotou o Feirense na última jornada (2-0 no estádio do Dragão), mas encontrou pela frente uma equipa bem montada e que dificultou em muito a construção de jogo dos campeões nacionais.

Na primeira parte do encontro viu-se muito pouco futebol e praticamente sem emoção. O encontro foi muito disputado nos primeiros 45 minutos, mas sem oportunidades flagrantes de golo para qualquer uma das duas equipas. Os 'dragões' tinham mais posse de bola, mas não conseguiam transcrever em golos esta realidade. Apenas foram criando algum perigo por remates de meia distância. Por outro lado, o Marítimo no único remate que fez à baliza na primeira parte criou muito perigo para as redes adversárias. Aos 28 minutos, Joel Tagueu combinou bem com Jean Cléber, entrou na área pelo flanco esquerdo e rematou forte, para defesa atenta de Casillas.

Depois de uma primeira parte em que foi mais consistente, a equipa do Marítimo 'eclipsou-se' no início do segundo tempo. Apesar do jogo se ter tornado mais disputado de parte a parte, o FC Porto foi sempre superior aos insulares e foi com naturalidade que foram aparecendo mais oportunidades para marcar golo.

Aos 62 minutos, os campeões nacionais dispuseram de uma grande oportunidade para se colocarem em vantagem, mas desperdiçaram-na. Carlos Xistra assinalou uma grande penalidade a favor dos portistas, castigando uma falta dentro da área de Lucas Áfrico sobre Soares. Na conversão, aos 64, Marega, que tinha marcado sempre que defrontou a antiga equipa, permitiu a defesa do iraniano Amir.

O falhanço no penálti intranquilizou os campeões nacionais. Foi aí que Sérgio Conceição teve de recorrer ao banco de suplentes para arranjar uma solução. E a aposta não poderia ter sido mais acertada.

Com as dificuldades a aumentarem, o treinador portista apostou em Otávio, aos 67 minutos. O médio criativo foi o grande trunfo do técnico portista, uma vez que saltou do banco para marcar o primeiro golo dos 'dragões', apenas três minutos depois. Jogada com tudo feito praticamente ao primeiro toque: dois toques de calcanhar de Soares e Marega deixam Otávio na cara de Amir que rematou forte para o primeiro golo, sem hipótese de defesa o guarda-redes iraniano.

Volvidos três minutos, o brasileiro voltaria a estar em destaque. O jogador assistiu Marega para o segundo golo, que selou, em definitivo, a vitória dos portistas. Depois de um livre direto para  Marítimo, Bebeto perdeu a bola de forma escandalosa no meio-campo e o erro foi bem aproveitado pelos portistas, com Óliver a entregar a bola para Otávio, que serviu Marega, com o maliano a selar o suado triunfo por 2-0.

Já nos minutos finais, o Marítimo ficou reduzido a dez unidades face à expulsão de Danny, com o cartão vermelho direto, devido a uma cotovelada sobre Otávio. Os 'dragões' foram gerindo o resultado até final e alcançaram a quinta vitória seguida em todas as competições. Já o Marítimo não vence há sete jogos consecutivo e perdeu os últimos quatro no campeonato.

O Momento: O golo do Otávio

O FC Porto passava por algumas dificuldades no segundo tempo e Sérgio Conceição 'sacou' da manga o trunfo que lhe daria a vitória num jogo que foi muito suado. Numa jogada desenhada ao primeiro toque e digna de estar em livros de futebol, Brahimi, Soares e Marega fizeram uma triangulação perfeita que permitiu a Otávio ficar na cara de Amir e desbloquear um jogo que parecia difícil.

A figura: Otávio, a arma secreta

O criativo brasileiro começou o jogo no banco de suplentes e decidiu a partida. Otávio revolucionou o encontro, e para além do golo apontado ainda assistiu Marega para o segundo que sentenciou a partida. A sua preponderância na partida prova que começar fora do onze inicial não o afetou e mostrou que pode ser a "arma secreta" de Sérgio Conceição.

Os melhores:

Marega 

Teve uma primeira parte apagada e até falhou uma grande penalidade, mas a entrada de Otávio permitiu-lhe ter mais espaço, assistindo o brasileiro para o primeiro tento da partida e voltando a marcar ante a primeira equipa que representou no futebol português.

Óliver Torres

O médio espanhol continua a ganhar confiança. Depois de uma boa exibição frente ao Feirense, Óliver voltou a estar em grande plano e foi um dos grandes obreiros da jogada que esteve na origem do segundo tento do FC Porto, que ampliou a vantagem no Funchal.

Amir

Um dos melhores em campo da equipa dos insular. O guarda-redes iraniano foi evitando enquanto pôde o golo portista e até defendeu uma grande penalidade.

Joel

Esteve no lance mais perigoso da primeira parte. Teve algumas boas oportunidade, mas não conseguiu concretizá-las.

Zainadine

Foi o 'pronto-socorro' da defesa do Marítimo. Esteve sempre muito consistente perante a pressão portista e 'tapou' os erros de Lucas Áfrico e a lentidão de Marcão.

Os piores:

Maxi Pereira:

Mais uma exibição de fraca qualidade do defesa uruguaio. Foi substituído por Otávio aos 67 minutos e a partir daí a equipa melhorou.

Danny

Teve um comportamento pouco digno de um jogador que até já representou a Seleção Nacional. Já tinha visto um cartão amarelo por protestos e acabou por ir mais cedo para os balneários por uma cotovelada a Otávio. Para além disso falhou muitos passes e a sua capacidade física deixou a desejar.

Reações:

Conceição: "A 1.ª parte foi difícil mas podíamos ter feito mais golos no 2.º tempo"

Otávio: "Conceição sabe o que faz e acaba por dar certo"

Jean Cléber: "Há horas em que temos de fazer faltas"

Cláudio Braga: "Os detalhes fazem a diferença. O FC Porto teve dois momentos de felicidade"