O FC Porto é o primeiro dos 'três grandes' a desperdiçar pontos nesta edição da I Liga de futebol. Os azuis e brancos voltaram a sentir dificuldades na Madeira e, ao contrário do ano passado em que o golo da vitória surgiu nos descontos, desta vez não houve penálti salvador.
A equipa azul e branca fez uma primeira parte fantástica com várias oportunidade de golo, asfixiando o Marítimo no seu meio-campo, mas sofreu o empate no único remate enquadrado dos madeirenses em todo o jogo. No segundo tempo, o FC Porto caiu muito de produção e foi incapaz de fazer um único remate à baliza. Demasiado pouco para um candidato ao título. À terceira jornada, os primeiros pontos perdidos face aos rivais Benfica e Sporting que lideram a prova.
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Famalicão ameaçou na semana passada, Marítimo concretizou
O jogo com o Marítimo é a continuação do encontro frente ao Famalicão. Se em Vila Nova de Famalicão foi o VAR a impedir (e bem, porque havia fora de jogo no lance que daria o 2-2) o primeiro deslize do FC Porto, na Madeira não houve video-árbitro para salvar o Dragão. Tal como na ronda anterior, o FC Porto voltou a fazer uma grande primeira parte, a criar várias oportunidades mas a decair e muito no segundo tempo. Desta vez a queda foi ainda mais acentuada.
Mas o jogo que Sérgio Conceição viu foi diferente. Talvez queira proteger os seus jogadores, depois de toda a polémica à volta dos seus comentários, na sequência do jogo com o Famalicão. O técnico não falou em nomes mas foi muito duro com a equipa, pela forma como permitiu o lance que daria o 2-2 ao Famalicão.
Desta vez optou por dizer que este foi o jogo mais conseguido dos Dragões nos quatro anos que leva como técnico da equipa principal. Percebe-se a tentativa de proteger o grupo mas em campo não se viu nada disso. Só se o FC Porto repetisse a primeira parte.
Da polémica à volta das suas palavras após a vitória por 2-1 em Famalicão, o técnico vincou o que disse em decisões, ao lançar Marcano para lateral esquerda, relegando Manafá para o banco e Zaidu... na bancada. Terceiro lateral esquerdo em três jogos é sinal que não há conforto com quem tem feito essa posição. Wendel chegou para esse posto mas ainda não pode ser lançado.
Teria sido o melhor jogo do FC Porto com Sérgio Conceição se os Dragões tivessem conseguido repetir no segundo tempo o que fizeram na primeira. O Marítimo entrou num 3-4-3 que se desdobrava em 5-4-1 a defender, com muita agressividade sem bola, sempre a encostar e a marcar posição, tirando também partido da dificuldade dos jogadores do FC Porto em lidar com o péssimo relvado do Estádio dos Barreiros.
Apesar disso, os Dragões criaram algumas oportunidades, mas voltaram a não ser eficazes. Toni Martinez, Otávio e Marcano tiveram bolas de golo mas falharam e só Luis Diaz encontrou o caminho do golo.
O domínio do FC Porto era tal que a vantagem plr 1-0 ao intervalo até seria magra... se houvesse vantagem. Porque no primeiro e único remate enquadrado com a baliza em todo o jogo, os madeirenses marcaram, aos 45+4. Um golaço de Bruno Xadas após perda de bola de Toni Martinez, em mais um lance onde a transição defensiva do FC Porto deixou muito a desejar. O Marítimo terminou a primeira parte sem qualquer ação na área portista e mesmo assim marcou.
No segundo tempo até é o Marítimo a estar mais perto do golo, num remate de André Vidigal ao poste que só não entrou porque o ex-Estoril deu mal na bola.
Conceição tentou dar algo ao jogo com várias mexidas mas piorou a equipa a partir do banco. Corona entrou mas pareceu não estar em campo, Pepê não teve um único lance de registo, Evanilson perdeu-se em faltas ofensivas, Fábio Vieira fez um remate para fora e Francisco Conceição até foi o mais perigoso deles todos: ia conseguindo um arrancar um autogolo, num lance na área onde centrou e um defensor do Marítimo cortou para o poste; e num lance em que caiu na área e pediu penalti, aos 98 minutos.
Para se ter uma ideia, o FC Porto não fez qualquer remate enquadrado com a baliza no segundo tempo. E isso nunca pode ser sinal de melhor jogo do FC Porto em quatro anos com Sérgio Conceição. Nem que o jogo fosse contra os rivais Benfica e Sporting.
Momento-chave: Poste evita reviravolta madeirense
O Marítimo cresceu muito após o intervalo e conseguiu melhorar a nível defensivo. A grande oportunidade de golo do segundo tempo é de André Vidigal, num lance de contra-ataque onde o ex-Estoril atirou ao poste, quando tinha tudo para marcar, na grande área. Mais um momento de desorganização defensiva do FC Porto, tal como aconteceu nos minutos finais frente ao Famalicão na jornada anterior.
Polémica: Francisco Conceição volta a cair na área nos descontos
Na época passada a vitória do FC Porto na Madeira chegou numa grande penalidade conquistada por Francisco Conceição nos descontos, e convertido por Otávio. Desta vez voltou a haver queda na área, num lance entre o jovem extremo dos Dragões e Pedro Pelágio, mas o árbitro João Pinheiro, após conversa com o VAR, mandou seguir, aos 98 minutos.
Os Melhores: Diaz em todo o lado, Zainadine imperial
Não só pelo golo, mas por tudo. Luis Diaz foi o mais esclarecido no ataque do FC Porto, com arrancadas fantásticas na esquerda. Ora a procurar a linha de fundo, ora zona centrais, o colombiano lançou o pânico na defensiva maritimista. Saiu esgotado. Otávio também esteve em bom plano, principalmente no primeiro tempo. Saiu também esgotado, depois de ser muito fustigado com faltas.
Zainadine é o comandante de todo o sector defensivo do Marítimo. Imperial nos duelos, muito difícil de bater e sempre muito astututo, o moçambicano esteve sempre melhor que Taremi e Toni Martinez, e depois Evanilson.
Destaque também para Xadas que, além do golo, ajudou a equipa a ter bola e teve quase sempre critério na saída.
Nota negativa: relvado e mexidas de Conceição
Pode-se dizer que campo era igual para todos mas não é bem assim. O péssimo estado do relvado dos Barreiros beneficia mais quem defende, porque tem menos bola e só tem de se preocupar em ganhar o ressalto e afastar para longe. O FC Porto sofreu muito na circulação da bola, nos passes, nas receções, porque a bola prendia muito. Havia zonas que o campo mais parecia um pelado das Distritais (hoje, felizmente, cada vez menos). Quem tentava o um contra um ou jogar curto, saia sempre a perder.
As mexidas de Sérgio Conceição pouco ou nada trouxeram ao jogo. Tirando Francisco Conceição em dois lances na área maritimista, pouco se viu dos cinco que entraram. Entre eles, destaque para Corona: um jogo péssimo, sem critério, a falhar quase todas as ações que tentou, mesmo as mais simples. O mexicano somou os primeiros minutos esta época, é dado como estando de partida para o Sevilha. E talvez isso explique a sua atuação, como se não estivesse em campo.
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