Duelo de rivais, dois conjuntos separados por milhões de investimento e por uma história muito desfavorável nos últimos anos em Alvalade. O Sporting desde 2012 que não ganhava ao Benfica para o campeonato em casa.

Só metade da montanha (ainda falta o jogo frente ao Marítimo na 1.ª volta) foi ainda escalada pelos homens de Amorim, mas certamente este é um tónico muito importante depois dos triunfos nas últimas semanas frente a FC Porto, SC Braga e agora contra o rival da segunda circular.

Veja o resumo do jogo!

Vitória retumbante, que deixa o Benfica a nove pontos, diferença que há 70 anos não se vislumbrava. Este mês de janeiro era a prova de fogo para este líder. A competência já tinha sido demonstrada na regularidade, agora faltava derrubar os grandes rivais.

Em suma, acabou por ser um encontro por vezes jogado aos repelões e com poucas oportunidades para cada lado, mas com o Sporting a fazer mais para vencer o encontro.

Num gesto de respeito pelo adversário, o Benfica transfigurou-se mudando a estrutura tática para um 3-4-3, tentando assim amarrar o leão e condicionar a primeira fase de construção dos comandados de Amorim.

Ambos os lados tiveram o condão de se anular em termos ofensivos e as oportunidades escassearam. Na primeira parte nem um só um remate se encontrou com as balizas. O Sporting ainda construiu ocasiões de perigo com destaque para uma iniciativa de Pedro Gonçalves (31´), um remate desviado de Porro (35´) e para o falhanço de Neto já perto do intervalo.

O Benfica cumpria assim uma das suas (notórias) missões, que seria manter a baliza inviolada e explorar quando pudesse a transição ofensiva. No segundo tempo, os encarnados ganharam outro tipo de acutilância e o encontro abriu, passando a haver mais espaços no último terço para a corrida dos extremos.

Matheus Nunes contou com noite inspiradíssima, na forma como partiu para cima do adversário, com confiança - sangue, suor e lágrimas - à semelhança dos colegas. Esta pode não ser a melhor equipa do campeonato em termos de valores individuais, mas prima por ser aquela que dá tudo em campo, com coração e com garra - Há muitos anos que não se via um Sporting com esta atitude felina em campo.

Certo é que os verdes e brancos falham por vezes na definição. Falta criatividade a espaços e não há até ver uma verdadeira referência ofensiva - vamos ver com Paulinho. Mas esta equipa tem alma e coração e foi precisamente isso que valeu o triunfo no dérbi.

O encontro quase não teve balizas é certo, faltou espectacularidade, mas o segundo tempo foi de paragem e resposta. Darwin quis dar um ar da sua graça logo a abrir a etapa complementar, mas Adán não lhe fez a vontade - continua seguríssimo o espanhol.

Nos minutos finais, o Sporting foi para a frente. Amorim lançou Palhinha e Jovane, para os lugares de Pote e Nuno Santos. João de Deus optou apenas por refrescar posições nas águias (lançou Gabriel para o lugar de Jardel (lesão) e mais tarde Taarabt, Nuno Tavares e Seferovic). Nos últimos minutos do encontro, o leão começou cada vez mais a superiorizar-se nos duelos e criou oportunidades para abrir as contas. Primeiro num corte para a própria baliza de Gilberto a que Vlachodimos se teve que aplicar. Depois num remate rasteiro de Palhinha a rasar o poste.

Com o Benfica a tentar guardar o ponto, o Sporting esticou o jogo e ao minuto 90+2 surgiu o golo da equipa que mais trabalhou em campo. Jogada de insistência de Jovane, a bola viajou até ao outro extremo, Porro cruzou, Vlachodimos aliviou de forma incompleta e de cabeça Matheus Nunes marcou o golo do triunfo. Moralizado pelo incentivos de Amorim na véspera, acabou por ser por ironia do destino, o suplente de Palhinha, a dar a vitória sobre o rival, sete anos depois.

O leão tem agora nove pontos de vantagem e mantém os quatro de avanço sobre o FC Porto.

Momento

Golo aos 90+2 - O jogo parecia destinado a terminar num empate. As equipas tinham estado amarradas durante a maior parte do tempo, mas acabou por ser Matheus Nunes, a aposta de Rúben Amorim para a posição seis (por ausência de Palhinha num primeiro momento) a desbloquear o jogo e oferecer o triunfo ao Sporting.

Melhores

Coates

Imperial nos duelos, na forma como se entregou ao jogo, como anulou em velocidade o compatriota Darwin. Fez um jogo praticamente perfeito.

Matheus Nunes

Sem a capacidade física de Palhinha, entregou-se com vigor aos duelos e empregou outro tipo de perfume à posição. Na segunda parte, numa altura em que as duas equipas já estavam partidas em campo, levou a bola para a frente e deslumbrou pela sua capacidade técnica e com o à vontade com que tratou o dérbi por tu. Decidiu o jogo com um golpe de cabeça certeiro ao minuto 90+2.

Weigl

Deu boa conta de si quando baixou para a posição de central por lesão de Jardel. Esteve impecável nas tarefas defensivas e foi um dos mais dinâmicos na equipa do Benfica. Fez falta em zonas mais adiantadas.

Reações

Rúben Amorim: "A estrelinha procura-se no dia a dia"

João de Deus: "Vamos acreditar enquanto for possível"