A terceira derrota seguida do Benfica fez soar os alarmes e deixou apreensivo a massa adepta encarnada. No sábado, os líderes da I Liga foram até Trás-os-Montes perder com o Desportivo de Chaves por 1-0 e viram, horas depois, o FC Porto bater o Santa Clara e ficar a quatro pontos.
É certo que os quatro pontos dão algum conforto mas, nos seis jogos que faltam para terminar a I Liga, o Benfica vai receber o SC Braga, 3.º colocado, e ainda joga em Alvalade com o Sporting, 4.º na tabela, na penúltima ronda. O momento da equipa encarnada preocupa, como fizeram questão de mostrar os muitos adeptos que assobiaram o treinador e os jogadores após o apito final no Estádio Municipal Eng. Manuel Branco Teixeira.
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O jogo: Benfica de costas voltadas com o golo
A derrota do Benfica vem na sequência das exibições recentes dos encarnados. A equipa caiu a pique em termos de rendimento, com se viu mesmo nas última vitória fora, diante do Rio Ave. Os desaires caseiros diante de FC Porto para a I Ligas (1-2) e do Inter Milão na 1.ª mão dos quartos de final da Champions (0-2) expuseram a realidade atual deste Benfica, uma equipa que começou por ser um rolo compressor e neste momento é uma sombra de si mesma.
Em Chaves, apenas David Neres, de regresso a titularidade, deu um ar da sua graça. Foi ele quem esteve nos principais lances de perigo dos encarnados, sempre pela direita, onde se entendeu bem com Gilberto.
No flanco contrário, viu-se pouco Grimaldo porque João Correia, habitual lateral direito, jogou a ala para também travar as investidas do lateral espanhol. Isto deixou João Mário muito sozinho e raramente se viu o médio internacional português.
Aliás, parte do momento atual do Benfica também se explica pela queda de rendimento dos seus principais jogadores. João Mário não voltou a ser o mesmo desde a última paragem para os compromissos das seleções. Rafa é um sombra de si mesmo e, mais uma vez, pouco ou nada acrescentou ao jogo do Benfica. Aursnes também perdeu fulgor e, sem a genialidade dos homens da frente, fica difícil criar oportunidades. Gonçalo Ramos esteve 80 minutos em campo e não fez qualquer remate porque raramente foi servido.
Diante do Chaves, contaram-se apenas três grandes oportunidades criadas. A primeira, desperdiçada por António Silva aos 30 minutos; a segunda, uma dupla oportunidade, aos 47, já que Paulo Vítor primeiro e Bruno Langa depois impediram o golo de João Mário; a terceira, nos descontos, aos 90+2, num cabeceamento de Otamendi que Paulo Vitor defendeu com muitas dificuldades.
Outro dado preocupante: o Benfica iniciou a época a marcar vários golos de canto e neste momento não acerta neste tipo de lances de bola parada. Com o Chaves, beneficiou de 19 pontapés de canto (recorde na I Liga) mas só criou perigo no último, por Petar Musa e Otamendi.
Se o empate já seria um mau resultado, a derrota, nos descontos, acabou por ser pesado para o que se viu no relvado.
A formação encarnada ainda é o melhor ataque da I Liga mas nos últimos três jogos para todas as provas, não marcou qualquer golo (o golo diante do FC Porto é um autogolo de Diogo Costa). Um dado que deve preocupar qualquer adepto encarnado.
O Benfica recebe o Braga na 31.ª ronda e vai a Alvalade medir forças com o Sporting na 33.ª ronda. Um calendário difícil que conta com deslocações ao terreno do Gil Vicente e Portimonense e receções ao Estoril e Santa Clara. O título continua mas mãos dos encarnados mas é preciso reagir já. Desperdiçar 10 pontos de vantagem nas últimas dez jornadas seria algo inédito.
O Chaves chega aos 36 pontos e tem praticamente a manutenção assegurada já que o primeiro emblema em zona de disputa do play-off de manutenção/promoção (Marítimo) tem 22 pontos.
Momento-Chave: Abass reacende a Liga
Um minuto depois de o Benfica falhar uma grande oportunidade, por Otamendi, uma bola metida para a perto da área do Benfica apanhou Otamendi desprevenido, o central escorregou e a bola foi ter com Abbas que correu para a baliza e bateu Odysseas Vlachodimos. Que pesadelo!
Polémicas: pedidos de penálti nas duas áreas
Aos 92 minutos, um dos lances do jogo. Otamendi apareceu ao segundo poste a cabecear para uma grande defesa de Paulo Vítor, a bola ficou jogável, o central levou um toque de Guima e caiu sobre o guarda-redes do Chaves. O árbitro João Pinheiro assinalou falta atacante mas os encarnados queriam penálti.
Antes, aos 32, lance entre Grimaldo e João Correia na área encarnada. O jogador flaviense é tocado, cai e pede penálti mas o árbitro diz-lhe que Grimaldo joga primeiro na bola antes do contacto.
Os Melhores: Ponk e Steven Vitória a guardar a muralha
A dupla de centrais formado pelos internacionais Ponk (Cabo Verde) e Steven Vitória (Canadá) pouco permitiu ao ataque encarnado. Grande jogo dos centrais flavienses, quer pelo ar, quer pelo chão, a dominar o jogo na sua área. Bruno Langa também teve uma boa atuação. Abass acabou por ser decisivo com o golo que marcou, a valer três pontos.
Em noite 'não': Onde pára João Mário e Rafa?
Rafa e João Mário, dois dos melhores jogadores do Benfica esta época, voltaram a não aparecer, pelo terceiro jogo seguido. O Benfica parece expremido neste momento a nível físico e seria bom que Roger Schmidt introduzisse sangue novo, até para espicaçar quem pensa que é titular indiscutível.
O próprio treinador do Benfica tem demorado imenso tempo a ler o jogo e a mexer. Assim que entrou, Petar Musa mostrou o que pode dar à equipa em termos de presença na área. No primeiro toque, criou uma oportunidade. Merece mais minutos.
Reações. Schmidt desapontado, Campelos fala em sorte
Vítor Campelos admite uma ponta de sorte, Abass fala de um golo especial
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