O FC Porto só precisou de uma parte a roçar a perfeição para conseguir triunfar na receção ao Vizela (4-1), em partida a contar para a 26.ª jornada da I Liga. Se os homens de Sérgio Conceição foram "demasiada areia para a camioneta" vizelense, muito o devem a Pepê e Francisco Conceição, que assumiram um papel de protagonistas neste filme dramático.
O adversário tentou dar luta enquanto pôde, mas demonstrou demasiadas fragilidades para bater uns azuis e brancos embalados. Sendo assim, a matemática é simples: em 45 minutos, os dragões só precisaram de um terço do terreno para cumprir o objetivo e somar os 3 pontos.
O jogo ficou ainda marcado pelo protesto das claques portistas (Super Dragões e Colectivo 95), que ficaram ultrajados pelo roubo das habituais tarjas do museu dos dragões.
O jogo explicado
Sérgio Conceição apostou no onze que tem dado garantias nos últimos jogos e que é responsável pela melhor fase do FC Porto na temporada, sem tirar nem por. Já Rúben de la Barrera foi mais audaz e promoveu uma alteração de sistema para 4-4-2, na esperança que a dupla de avançados conseguisse fazer pressão suficiente para incomodar a primeira fase de construção portista e que conseguisse aproveitar o espaço nas costas da defesa, sem grande sucesso.
Os primeiros momentos foram quentes e enquanto o FC Porto não assumiu a postura dominadora, o Vizela ainda teve um par de oportunidades para inaugurar o marcador. Com o passar dos minutos, os dragões foram ficando mais confortáveis e empurrando os vizelenses para trás, mas uma infelicidade de Pepe deixou a equipa minhota em vantagem no marcador.
Por estranho que pareça, o golo foi o clique necessário para os dragões assumirem completamente o controlo. Foram acumulando tentativas de golo, que só conheceram o sucesso já após a palestra de Sérgio Conceição nos balneários.
Verdade seja dita, não foi só o discurso do 'mister' que teve um efeito positivo nos dragões. Matias Lacava teve um momento de esquecimento e não se lembrou que já tinha cartão amarelo quando fez falta sobre Francisco Conceição, recebendo a segunda cartolina e a respetiva ordem de expulsão. A partir daí, o Vizela ficou completamente à nora e o jogo ficou muito mais fácil para o FC Porto.
Se a bola não entrava através das combinações curtas ou dos cruzamentos, o caso resolveu-se à lei da 'bomba'. Francisco Conceição mostrou o porquê de ter sido chamado por Roberto Martínez à seleção principal e rematou de fora da área para o golo do empate.
A igualdade ficou restabelecida e a partir daí seguiu-se um processo natural de dilatação do marcador. Primeiro foi Pepê a coroar mais uma bela exibição com um golo pleno de oportunidade, consumando a cambalhota no marcador, e destruindo por completo a estratégia de Rúben de la Barrera.
O que se passou a seguir foi o exemplo perfeito de como Sérgio Conceição mudou o chip da equipa e conseguiu tirar o melhor de jogadores que no início da temporada não tinham tanto protagonismo. Evanilson aumentou a contagem e Toni Martínez marcou o ponto para dar forma à goleada do Dragão, tanto em termos de golos como de estatística (69% de posse de bola e 36 tentativas de golo).
Uma exibição de gala, que deixa os adeptos portistas a desejar que esta fórmula tivesse sido encontrada mais cedo.
O momento: Chico disse "presente"
Embora a expulsão tenha tido natural impacto na partida, foi a partir do golo de Francisco Conceição que a equipa sentiu que o mais difícil estava feito e que o golo da vitória podia estar mais perto. O camisola 10 pegou na bola no seu habitat natural (ala), fletiu para dentro e lançou um 'tiraço' que deixou o Dragão em ebulição e lançou o FC Porto para uma das melhores exibições da temporada.
Os melhores: Francisco outra vez e o maestro Pepê
Se para Francisco Conceição começa haver poucas palavras para descrever tamanha evolução, em tão pouco tempo, o caso de Pepê não é muito diferente. Em relação ao camisola 10, ganhou objetividade na hora de encarar o adversário no último terço e tem sido um dos elementos mais desequilibradores, aliando essas qualidades ofensivas a uma fantástica reação à perda e entrega no momento defensivo.
Já o brasileiro, provou que é muito mais que um jogador de linha e coloca toda a sua inteligência tática ao serviço da equipa. Assumiu a batuta do meio-campo, numa posição mais avançada no centro do terreno, e aprendeu a pautar o jogo da equipa ao mesmo tempo que é o principal municiador do ataque. Está um jogador completo e a prova disso é que teve nova oportunidade na seleção do Brasil.
O pior: desconcentração fatal
Por muito má que tenha sido a noite após a visita ao Dragão, Matias Lacava não pode ser poupado. Se em termos ofensivos não estava a conseguir acrescentar muito, sendo sempre bem controlado por João Mário, condenou a equipa no arranque da segunda parte. Num lance em que não precisava de ser tão ostensivo porque a probabilidade de perigo era curta, teve uma entrada feia sobre Francisco Conceição e recebeu o segundo amarelo que condenou o Vizela a quase uma parte em inferioridade numérica. Neste tipo de jogos as desconcentrações pagam-se caras.
As reações
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto: "Não há história, um jogo da nossa Liga em que uma equipa vem tentar defender baixo e nós fomos criando as situações e fazendo os golos que tínhamos de fazer".
Rúben de la Barrera, treinador do Vizela: O objetivo era dificultar a tarefa do adversário, mas a segunda parte ficou muito condicionada com a expulsão, se já é difícil com onze, a jogar com dez contra este tipo de equipas ainda fica mais complicado".
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