No último jogo do ano, o FC Porto subiu ao relvado minutos depois do apito final na Luz. Sobre os ombros dos dragões estava, para a além da desvantagem pontual logo à entrada da jornada, a vitória do Benfica diante do Famalicão. Um triunfo que deixava os azuis e brancos, à condição, a cinco pontos das águias.
Para fechar 2023 em beleza, o Dragão encheu e a equipa respondeu da melhor forma que soube. Com três mexidas no onze - Toni Martínez, André Franco e Wendell - Sérgio Conceição deixou as "superstars" à moda do Porto no banco - Francisco Conceição, Evanilson e Galeno. Fábio Cardoso vestiu-se de Pepe ao lado de Zé Pedro, uma estreia absoluta da dupla de centrais em jogos da Liga. A aposta, sabe-se agora, acabou por correr bem. Mas saiu das entranhas e com um herói improvável: afinal a "superstar" dava pelo nome de João Mário.
Para quem antecipou a felicidade num hipotético 1-0, o duelo com o Chaves até não correu mal. Quanto aos flavienses, lutaram, mostraram ambição, mas o golo sofrido dificultou e muito a batalha da equipa de Moreno, que ainda assim nunca desistiu. Boa réplica do último classificado, agora ainda mais último, com a sexta derrota consecutiva. O FC Porto mantém-se vivo e na perseguição ao primeiro lugar.
O melhor da 1.ª parte foi... Pinto da Costa
Foi ainda com o estádio em alvoroço ao ver descer uma longa tarja no topo Sul com a imagem de Jorge Nuno Pinto da Costa, que cumpriu esta semana 86 anos, que o FC Porto fez a primeira incursão na defensiva flaviense, mas sem conseguir criar perigo. Chovia, e não era pouco, mas os 48 mil presentes faziam a noite parecer de verão.
Os primeiros quinze minutos foram intensos, mas nem sempre bem jogados. As equipas pareciam sentir o fervor das bancadas e o jogo não se fazia com mais de quatro, cinco passes seguidos. A pressão muito alta de ambas as partes tornava o campo curto, sem muito espaço para se jogar. Pelo meio, algumas aproximações do FC Porto à baliza de Rodrigo Moura, mas sem o discernimento necessário para traduzir a supremacia em golo.
Os dragões balanceavam-se na frente perante o bloco baixo do Chaves, mas os transmontanos tentavam, sempre que possível, sair em contra-ataque de forma veloz e sempre de olho nas estiradas de Sanca. Fê-lo com relativo perigo, mas sem a clarividência exigida à passagem do minuto 17, e voltou a fazê-lo três minutos depois. Valeu o corte da defensiva azul e branca para canto. Exceção feita a dois ou três lances, mantinham-se inconsequentes as aproximações de ambas as equipas às balizas adversárias.
Quente, quente, só mesmo à meia-hora de jogo e pelas piores razões. Rúben Ribeiro atirou a bola a André Franco quando o jogo estava parado e no banco do FC Porto pediu-se um cartão ao jogador do Chaves, que já estava amarelado. O amarelo, que daria o vermelho, saiu do bolso de Gustavo Correia, mas para ser mostrado a Luís Gonçalves, diretor desportivo do FC Porto.
Tudo sanado, e pouco depois os azuis e brancos apontavam à baliza do Chaves por intermédio de Eustáquio. Muito forte o remate do luso-canadiano, mas Sandro Cruz deu o corpo às balas e cedeu canto.
Contra a corrente de jogo, o Chaves criava mais um lance de perigo. Aos 40 minutos, Kelechi passa por João Mário, cruza para o desvio de Hector ao primeiro poste, mas a bola saiu por cima.
De seguida, na área contrária, Toni Martínez foi admoestado com um cartão amarelo por alegada simulação, o que motivou um coro de assobios no momento e, minutos depois, na saída da equipa de arbitragem para o túnel de acesso aos balneários.
O jogo acabou com um lance de golo certo na baliza de Rodrigo Moura: remate certeiro de Pepê, valeu o corte 'in extremis' de João Correia, a sacudir a bola praticamente em cima da linha de golo.
Nem Taremi, nem Toni Martínez, nem Evanilson. A noite foi de João Mário
A segunda parte arrancou como a primeira. Muita disputa de bola, olhos na baliza, mas sem magia para abanar as redes. Os dez primeiros minutos foram suficientes para Sérgio Conceição soltar as feras que começaram aprisionadas no banco. Francisco Conceição, Evanilson e Galeno já tinham aquecido no final da primeira parte e no regresso do intervalo bastaram poucos minutos para o técnico portista mexer no jogo.
Antes disso, lá dentro, a equipa percebia o descontentamento do seu treinador e apertava o cerco à defensiva transmontana, que por esta altura estava encostada às cordas. Sérgio congelava momentaneamente as substituições, quiçá persentindo o entusiasmo da equipa. E o feeling estava certo: João Mário fez o primeiro da noite, o primeiro da conta pessoal esta época e o Dragão explodiu de alegria. As três flechas estavam prontas e o golo não fazia mudar os planos. Saíram Taremi, Alan Varela (já amarelado) e Toni Martínez.
Do outro lado, Moreno lançava Jô Baptista e Benny para os lugares de Hector e Kelechi.
As substituições fizeram bem aos portistas, que em poucos minutos criaram várias oportunidades. A mais flagrante chegou pelos pés de André Franco. Grande defesa de Rodrigo Moura, a sacudir o remate do médio. Insistência da equipa portista, com Francisco Conceição a tentar a sorte com um remate cruzado, que saiu a rasar o poste mais afastado da baliza flaviense. Estava empolgada a equipa portista, mas o resultado continuava curto.
E bem curto. Aos 80 minutos o Dragão gelou. Cabeceamento de Benny após cruzamento de Rúben Ribeiro, com a bola embater com estrondo no poste da baliza de Diogo Costa. O jogo entrava nos últimos dez minutos e o Chaves não desistia. A última ameaça - e que ameaça! - chegou com um remate poderosíssimo de Jô Baptista. Valeu Diogo Costa com uma enorme intervenção.
Apesar do espírito de luta dos transmontanos, o FC Porto segurou-se com mestria e já com Grujic em campo soube defender a preciosa vantagem até à última gota de suor. Tanto falou Sérgio Conceição na falta de estrelas na sua equipa e na dificuldade de contratar grandes nomes, que a resposta chegou do mais insuspeito goleador. João Mário vestiu-se de Superstar e volta a encostar os dragões ao Benfica, que venceu, esperando agora um tropeção do Sporting, este sábado, no Algarve.
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