Foi complicado, mas o FC Porto ultrapassou o desafio! Os dragões receberam e derrotaram o SC Braga (2-1), em jogo da oitava jornada da Liga, mas perderam o controlo do jogo nos minutos finais e podia ter corrido mal. Os fantasmas da Liga Europa chegaram a pairar, fruto do estratégico baixar de linhas que deu confiança aos guerreiros e tem sido um problema para os corações dos adeptos portistas, mas desta vez a missão foi cumprida.
Como a exibição frente ao Manchester United foi globalmente positiva, Vítor Bruno optou por repetir o onze de quinta-feira. Ainda assim, embora a equipa base comece a ganhar forma e não hajam muitas dúvidas nas restantes posições, parece faltar definir quem será o melhor complemento a um meio-campo com Alan Varela e Nico González.
Eustaquio foi o escolhido mas não acrescenta capacidade de transportar bola e é mais um construtor, Fábio Vieira ainda está a entrosar-se e obrigaria a recuar Nico no campo e Vasco Sousa (o que teria as melhores caraterísticas para a função) ainda não terá a estaleca para pegar de estaca nestes primeiros tempos de equipa A.
O jogo explicado: Só o fim poderia ter deitado tudo a perder
Um jogo desta envergadura e qualidade só podia ter um arranque digno da ocasião e foi mesmo o que aconteceu. Ainda nem o contador tinha atingido os três minutos e Samu já estava a abanar as redes bracarenses: Nico lançou Pepê com mestria, o brasileiro cruzou atrasado para o camisola 9 e a finalização completou bem a jogada.
No entanto, Samu empurrou desnecessariamente na construção do lance e João Pinheiro acabou por ser chamado pelo VAR e reverteu (bem) a validade do golo.
A partida começou bem e nos primeiros 20/25 minutos o domínio foi do FC Porto, que até podia ter aumentado a vantagem. Foi mais ou menos o tempo que o SC Braga demorou a criar perigo, o que desencadeou uma bela reação, que equilibrou as estatísticas.
Curiosamente, na melhor fase no jogo até então, a equipa de Carlos Carvalhal sofre a primeira contrariedade. Galeno desmarca-se dentro da área, Pepê serve-o e João Ferreira comete uma falta clara sobre o camisola 13, que o próprio tratou de converter em golo através da marca de grande penalidade.
Os dragões foram para o intervalo a vencer e sabiam que o golo não poderia ter chegado em melhor altura para por os minhotos em sentido.
Segundo tempo eletrizante
E se poderia ter ficado a ideia de que a vantagem iria tranquilizar os dragões, aconteceu completamente o oposto. Carvalhal esmerou-se na palestra no intervalo e o SC Braga regressou dos balneários renovado e com vontade de provar de que valia mais do que o que tinha mostrado.
Ora essa mudança de atitude não demorou a trazer frutos pois, logo aos 53 minutos. Roger Fernandes apanhou uma bola solta à entrada da área, após corte de Nehuén Pérez, e deu-lhe um pontapé tão forte que Diogo Costa já só a conseguiu ir buscar ao interior da baliza, repondo assim a igualdade.
Pelo que jogou nesse pedaço da segunda parte e no final da segunda, o golo adequava-se e trazia a tão desejada incerteza ao marcador.
Previam-se uns guerreiros ainda mais lutadores e atrevidos após ferir o dragão, mas a resposta foi quase imediata. Num momento que trouxe à memória um jogo em que um apanha-bolas foi MVP numa partida do Tottenham, de José Mourinho, foi a vez de um jovem portista brilhar.
O miúdo apressou-se a dar a bola a Martim num lançamento de linha lateral, o defesa direito lançou para Nico, que isolou Pepê e lhe permitiu recolocar o FC Porto em vantagem. Vítor Bruno fez questão de cumprimentar o apanha-bolas, assim como Nico que até lhe deu o prémio de homem do jogo.
Após o golo, o emblema azul e branco ainda teve hipóteses para dilatar a vantagem porque o jogo ficou partido, mas acabou a sofrer, tal como na quinta-feira, recordando os fantasmas do Manchester United.
A equipa baixou linhas, parte pela pressão bracarense, parte por estratégia, e teve muito tempo a defender em esforço para evitar a todo custo o golo do empate. Esta tem sido uma dificuldade nos minutos finais das partidas e, não tirando mérito aos homens de Carvalhal, um candidato ao título tem de conseguir controlar todos os momentos do jogo.
Ainda assim, foram bons 70 minutos do FC Porto e ficaram mais três pontos no Dragão que permitem manter o segundo lugar isolado, a três pontos do líder Sporting e com mais cinco pontos que o terceiro classificado, Benfica.
O momento (MINUTO 90+1): Diogo Costa o salvador
Depois de ter falhado na quinta-feira, frente ao Manchester United, Diogo Costa pôs o erro para trás das Costas e voltou à forma que todos sabemos. Como os grandes guarda-redes aparecem nos grandes momentos, o internacional português mostrou porque também é o titular da Seleção Nacional.
El Ouazzani apanhou uma bola recuperada perto da área e, sem grande preparo, rematou com selo de golo numa altura crítica no jogo, mas Diogo Costa segurou o tiro e os três pontos para o FC Porto.
O melhor (Pepê): Aos poucos está a aparecer
Depois de um mau arranque de época, em que não parecia o mesmo jogador, tanto fisicamente como mentalmente, Pepê está a voltar. O camisola 11 esteve na Copa América com o Brasil e não fez a pré-época nem as férias como era suposto, tendo-se notado isso nos primeiros jogos.
Agora parece estar a recuperar o ritmo e já tem sido o Pepê que conhecemos: bom a decidir, irrequieto e um pesadelo ofensivo e defensivo para os adversários. Quando está bem acrescenta muito e tem-se notado nas últimas partidas.
Menção honrosa para Nico González que está a crescer de jogo para jogo e neste momento (a par de Varela) é o maior motor da equipa de Vítor Bruno.
O pior (Eustaquio): Motivo da engrenagem estar perra
Sob pena de ser injusto, porque só Eustaquio saberá o que Vítor Bruno lhe pede na posição, mas parece claramente o elo mais fraco. Não consegue ser o transportador que suporte o papel mais fixo de Alan Varela e a a necessidade e Nico jogar mais à frente. é um jogador mais cerebral, mas falta alguém no meio-campo que consiga rasgar linhas e o canadiano é o principal candidato a dar o lugar.
Nunca conseguiu acrescentar muito à equipa ofensivamente e defensivamente não é nada do outro Mundo. Um jogador que cumpre mas que não é o melhor elo de ligação entre a defesa e o ataque e será a razão de a máquina por vezes parecer perra.
As reações
Vítor Bruno agradece ao apanha-bolas, Nico destaca capacidade de reação
Comentários