Foi um FC Porto eficaz aquele que venceu o Farense por 3-1 na noite de domingo, na 19.ª jornada da I Liga, num encontro onde brilharam Evanilson e Pepê.

Os dragões chegam aos 44 pontos e ficam à espera para ver o que farão Benfica (2.º com 45 pontos) e Sporting (1.º com 46 pontos) esta segunda-feira, diante de Estrela da Amadora e Casa Pia, respetivamente.

A equipa azul e branca volta aos triunfos fora de portas para a Liga, depois da derrota com o Sporting e do empate com o Boavista, nesta que foi também a quarta vitória seguida (iguala melhor registo da época). Esta foi  ainda o 20.º triunfo do FC Porto diante do Farense nos últimos 21 jogos (o outro acabou 3-3, em 1999/2000).

FOTOS: As melhores imagens do Farense-FC Porto

O Jogo: aula de eficácia

No concurso de tiro ao alvo que foi o Farense-FC Porto, levou a melhor quem acertou mais vezes onde devia. Num jogo incrivelmente dividido em termos de oportunidades, os dragões fizeram-se valer da eficácia para sair de Faro com os três pontos. Apesar de ter terminado a partida com apenas 29 por cento de posse de bola, algo já habitual na equipa de José Mota diante dos 'grandes', o Farense fez os mesmos quatro remates enquadrados do FC Porto.

Desta vez os algarvios não puderam contar com a inspiração de Ricardo Velho na baliza. Mesmo tendo dominado durante todo o jogo e ter tido mais remates, o FC Porto só acertou quatro vezes na baliza do Farense, suficiente para fazer três golos.

O resultado e a exibição são a consolidação do melhor FC Porto da época. O 4-3-3, com Alan Varela a dar equilíbrio, Nico a subir para ter bola mais a frente e Pepê a rasgar pelo meio na velocidade, a criar desequilíbrios entre os médios, os laterais Wendell e João Mário com mais liberdade para se envolverem nos momentos ofensivos.

Galeno, na velocidade, ataca as costas do lateral direito contrário e obriga a defesa adversária a estar mais recuada e a não subir muito. Evanilson sai e vem ligar com os colegas, arrastando marcações, jogando em apoio e lançando os colegas, como fez no 1-0 onde meteu no espaço para Galeno para depois receber o passe do extremo e finalizar de primeira.

Francisco Conceição mostra criatividade no um-contra-um, procurando muitas vezes diagonais da direita para o meio para rematar ou centrar, deixando os desequilíbrios na linha para João Mário, no ataque ao espaço.

Há mais criatividade, mais pausa quando jogo assim o exige, mais decisões acertadas.

Apesar da subida de rendimento e de exibições mais convincentes, a formação azul e branca precisa de melhorar nas saídas de bola. Galeno e Alan Varela (cometeu penálti no golo do Farense por um erro de percepção) deixaram a equipa exposta em duas situações e uma delas acabou em golo.

Outro dado que deve preocupar Sérgio Conceição é o acerto nos remates. O FC Porto rematou 18 vezes em todo o jogo, mas só conseguiu enquadrar quatro desses tiros. Muita precipitação na hora de finalizar.

Já o Farense, no seu 4-5-1 defensivo, soube sair para o ataque, principalmente pelas alas, por Alves Baldé na direita (atirou uma bola aos ferros quando estava 0-0) e Marco Matias na esquerda. Mattheus Oliveira esteve uns furos abaixo do que a equipa precisava e o Farense ressentiu-se disso. Na defesa, os centrais tremiam quando pressionados.

O 1-2, de Bruno Duarte, de grande penalidade, não teve o condão de atirar o Farense para a frente para procurar o 2-2 porque o FC Porto esteve muito sólido no segundo tempo.

Um dado curioso: o árbitro João Pinheiro marcou duas grandes penalidades contra o FC Porto, algo que não acontecia num jogo da I Liga há 20 anos, de acordo com dados do Playmakerstats (em 2004, Rochenback falhou um, Pedro Barbosa marcou outro num duelo com o Sporting).

Com este 3-1 ao Farense, o FC Porto chegou aos 14 golos marcados nos últimos quatro encontros, o que dá uma média de mais de três golos por partida. Nos primeiros 27 jogos da temporada, a formação azul e branca tinha uma média de 1,7 golos por partida.

Polémicas: VAR e João Pinheiro com muito trabalho

Não foi um jogo fácil de apitar para João Pinheiro. O juiz marcou penálti para o FC Porto aos 29 minutos mas, alertado pelo VAR, reviu as imagens e reverteu a decisão. Logo a seguir marcou penálti para o Farense, aos 33 minutos, por mão de Fábio Cardoso que alegou que a bola bateu-lhe nas costelas e não no braço; aos 65 minutos, Talocha cortou para canto um lance com Francisco Conceição, o jovem extremo portista pedia mão na bola; aos 71 Pepê meteu a bola na baliza do Farense no que seria um grande golo mas o juiz entendeu que havia fora de jogo de Galeno no início.

Momento-Chave: Mattheus Oliveira para a bancada

Numa das saídas perigosas do Farense pelo seu lado esquerdo, Mattheus Oliveira meteu na área onde apareceu Gonçalo Silva a rematar. A bola bateu no braço do central portista, João Pinheiro marcou penálti. Na conversão, Matteus Oliveira rematou para a bancada, para desespero dos adeptos algarvios e de José Mota. Se marcasse, o Farense podia agigantar-se na defesa e deixar o FC Porto mais nervoso.

Os Melhores: Evanilson com pontaria, Pepê em modo velocidade furiosa

Evanilson está na melhor fase da época e parece render mais a jogar sozinho na frente. Bisou na partida, mostrou eficácia e esteve nos principais lances do ataque portista, saindo da área para se envolver nas jogadas.
Foi muito ajudado por Pepê, que parece ter encontrado a posição onde mais rende: a médio, a jogar nas costas do avançado. Assistiu Alan Varela para o 2-0 e lançou Evanilson para o 3-1 final. Sempre que acelerava pelo meio com a bola nos pés, o Farense tremia, o FC Porto crescia.

Em noite 'não': Mattheus Oliveira

Podia ter colocado o Farense na frente, na grande penalidade, mas, ao contrário do habitual, falhou. Depois é ele que faz mal um passe e obriga Caseres a errar no lance que dá o 1-0 do FC Porto. Ainda com 0-0, não atacou um excelente passe de Elves Baldé, num lance onde podia ter feito mais. Não foi uma noite boa para o esquerdino brasileiro do Farense.

Reações

José Mota enalteceu trabalho da equipa, Bruno Duarte considera que o Farense merecia outro resultado

Conceição não quer "chorar mas sim olhar para a frente" e diz que regresso de Taremi não será "dor de cabeça"

VÍDEO: Veja o resumo do Farense-FC Porto