E, desta feita, foi o Benfica. Os golos e triunfos alcançados nos descontos têm sido uma constante nesta época na Primeira Liga portuguesa (e não só) e depois de ver o Sporting ter logrado tal feito logo na primeira jornada, de o FC Porto o ter conseguido já em várias ocasiões e de o Braga o ter alcançado igualmente poucas horas antes, as águias tiveram enfim, também elas, um triunfo a 'cair do céu' no período de descontos, quando já muitos não contavam com ele.
E, se tal aconteceu, o clube da Luz tem de agradecer a um homem: António Silva, que numa espécie de redenção do pecado cometido há pouco mais de duas semanas ante o Salzburgo, para a Liga dos Campeões, vestiu desta feita a capa de herói e, num estádio que parece ser talismã para si, marcou aos 90+3' o golo que valeu os três pontos aos encarnados frente a um Estoril que dificultou e muito a tarefa aos atuais campeões nacionais. Mas António Silva não se ficou por aí. Manteve a capa de herói vestida até ao último lance da partida, no qual com um corte providencial quase em cima da linha de golo negou o empate aos anfitriões.
Antes de toda esta agitação no período de descontos, o Benfica tinha mostrado dificuldades em sufocar o adversário e criar oportunidades de golo em grande número, tendo mesmo visto o Estoril - que apesar do último lugar que ocupa na tabela deu muito boa conta de si - enviar uma bola ao poste a abrir a segunda parte.
Contas feitas, a verdade é que o Benfica somou mesmo a sétima vitória consecutiva em oito jornadas na Primeira Liga, depois do desaire ante o Boavista na ronda inaugural, e ultrapassou o Sporting - pelo menos por uma noite - na liderança, ficando à espera de ver o que os leões fazem na receção deste domingo ao Arouca.
O jogo
Forçado a tal em virtude de algumas lesões, mas não só, Roger Schmidt apresentou uma verdadeira revolução no onze inicial do Benfica, tendo em conta a equipa que havia entrado em campo a meio da semana, na derrota ante o Inter, para a Champions, em Milão. Para a titularidade saltaram Jurasek, António Silva (que seria, então, decisivo), Florentino, Chiquinho, João Mário e Tengstedt. Saíram Bah, Kokçu, Di María (lesionados), Morato, Bernat e, com muita surpresa João Neves (estes por opção técnica). E a verdade é que as mudanças não terão surtido o efeito desejado. A equipa pareceu desligada e só aos 24 minutos criou perigo, com Tengstedt a isolar-se e a atirar ao lado. O Benfica viveu então o seu melhor período no primeiro tempo e David Neres viu o guarda-redes do Estoril negar-lhe o golo, antes de Tengstedt voltar a ameaçar.
Mas foi pouco perante um Estoril que nos primeiros 45 minutos nunca se sentiu verdadeiramente sufocado pelas águias. E o arranque da segunda parte foi ainda mais preocupante para a turma de Schmitd, com o Estoril a entrar bem melhor e a criar três lances de grande perigo nos primeiros dez minutos do segundo tempo, o terceiro dos quais acabou mesmo com a bola a bater no poste da baliza de Trubin.
O lance serviu para despertar o Benfica, que sentiu o aviso e começou, enfim, a encostar o Estoril à sua área. Mas os lances de perigo eram escassos e só surgiam amiúde. Desde o tal remate do Estoril ao poste, aos 54 minutos, e o golo de António Silva, aos 90+3', o Benfica só por duas vezes esteve perto de marcar (isto apesar das mexidas que Roger Schmidt ia fazendo na equipa, lançando João Neves, Musa, Bernat e Gonçalo Guedes). Aos 58' Otamendi obrigou Marcelo Carné a defesa incompleta e na recarga João Mário também não conseguiu bater o guarda-redes da casa e aos 87' Otamendi surgiu no coração da grande área do Estoril com tudo para marcar, mas atirou ao lado. Pelo meio, as águias tiveram um penálti revertido pelo VAR.
Até que, já no terceiro minuto dos oito de compensação dados pelo árbitro, apareceu o golo salvador de António Silva, no seguimento de um canto. E, no derradeiro lance da partida, apareceu o corte salvador do jovem defesa central, a segurar os très pontos.
O momento
Minuto 90+3': O adeptos do Benfica desesperam. O apito final aproxima-se e o empate parece inevitável. Mas as águias conquistam um pontapé de canto. Neres bate para a área, Musa ganha nas alturas e serve António Silva que, solto de marcação já na pequena área, mergulha para desviar de cabeça e fazer o único golo da partida.
A figura
Esta foi a noite da redenção de António Silva. O defesa central tinha comprometido a equipa na derrota ante o Salzburgo, com o penálti e expulsão na derrota ante os austríacos. Agora, de regresso ao onze depois não ter jogado com o Inter por estar a cumprir castigo, ofereceu ao Benfica uma vitória em que já poucos acreditavam. Num estádio onde na temporada passada havia bisado (numa vitória bem mais tranquila do Benfica), não só marcou o golo da vitória, como depois segurou esse triunfo com uma intervenção providencial no derradeiro lance da partida. Decisivo!
As reações
- Vasco Seabra: "Permitimos duas oportunidades mais claras ao Benfica, nós tivemos três"
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