"Sli, Sli, Slimani!", gritaram em uníssono os cerca de 25 mil adeptos presentes em Alvalade. O avançado argelino voltou a ser o herói maior de uma vitória do Sporting. Mas não estamos em 2015/16. A época é agora a de 2021/22 e Islam Slimani já tem 34 anos. Mas, ao assinar os dois golos do triunfo dos atuais campeões nacionais sobre o Arouca, provou que o seu regresso constitui mesmo uma mais-valia para Rúben Amorim e para o plantel dos leões.
O jogo não estava fácil. O Sporting - com várias mexidas introduzidas no 'onze' - até começou por ver premiada uma entrada fulgurante no jogo com um golo de Sarabia, mas esse golo não valeu (havia fora de jogo de 10 centímetros do espanhol) e a partir daí o fulgor perdeu-se. As ocasiões de golo escassearam até ao final dos primeiros 45 minutos - uma tentativa de chapéu de Nuno Santos que quase resultou num belo golo foi uma rara exceção - e Adán até teve de se aplicar na baliza leonina perto do intervalo para evitar que fosse o Arouca a recolher aos balneários em vantagem.
Tudo mudou, contudo, a abrir o segundo tempo. Logo aos 46 minutos, acabado de entrar, Pedro Porro bateu um canto na direção da cabeça de Slimani e este - como fez tantas vezes no passado - levou a melhor sobre o seu marcador direto e cabeceou na perfeição para o 1-0. 'Vintage' Slimani! E seis minutos bastaram para o ex-Lyon bisar e selar em definitivo o triunfo, desta feita ao encostar para o fundo das redes após cruzamento rasteiro de Nuno Santos.
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O jogo: Sporting precisou de recorrer à 'artilharia pesada' para desbravar o caminho da vitória
Sem poder contar com os lesionados João Palhinha e Pedro Gonçalves, Rúben Amorim surpreendeu ao deixar no banco de suplentes três habituais titulares: Porro, Ugarte e Paulinho. Os seus lugares no 'onze' inicial foram ocupados, respetivamente, por Ricardo Esgaio, o jovem Dário Essugo (primeiro jogo como titular, aos 16 anos e 11 meses) e, claro, Slimani.
O início dos leões foi prometedor: variações de flanco, pressão e boas trocas de bola no ataque a darem muitas dores de cabeça à defesa do Arouca. Sarabia colocou a bola no fundo das redes aos dez minutos, num bonito remate de pé esquerdo, ainda festejou, mas alertado pelo VAR o árbitro do encontro invalidou o lance: o atacante espanhol estava 10 centímetros adiantado em relação ao penúltimo defesa adversário.
E, a partir daí, os leões perderam ímpeto. Começaram a falhar mais passes, a não conseguir as tais variações de jogo com tanta frequência e só por uma vez estiveram realmente perto de marcar: Essugo recuperou a bola e serviu Nuno Santos, que tentou o chapéu a Victor Braga. Seria um belo golo, mas a bola saiu a rasar o poste. Depois disso, na primeira parte, só houve mais um lance de real perigo e foi para o Arouca, num livre cobrado por David Simão e sacudido por Antonio Adán com uma defesa apertada.
Rúben Amorim percebeu que era preciso dar novo fulgor à equipa e mexeu ao intervalo, lançando os três habituais titulares que com alguma surpresa tinham começado no banco. E os efeitos foram imediatos: Porro assistiu Slimani para o 1-0, Paulinho rematou à barra pouco depois após recuperação de bola de Ugarte e, aos 51 minutos, desmarcou Nuno Santos antes de este fazer a assistência para o segundo golo dos leões. Se Slimani foi a figura do jogo, pelos dois golos, a entrada destes três homens também se revelou determinante.
Slimani ainda ficou perto do 'hat-trick' numa das poucas ocasiões de golo que se seguiram até ao apito final, mas o resultado estava feito e o Sporting voltava mesmo às vitórias - apenas a segunda nos últimos seis jogos - de forma a colocar pressão sobre o FC Porto e repor distâncias em relação ao Benfica.
O momento: Cabeça de Slimani para o golo...como em tantas outras vezes no passado
Minuto 46: A segunda parte tinha acabado de começar. Canto batido por Porro na direita e cabeceamento certeiro de Slimani, a bater Victor Braga. Estava feito o 1-0 e o resultado desbloqueado, com um golo de Slimani...'à Slimani'.
O melhor: Slimani, claro
Há muito que os adeptos ansiavam pelo seu regresso ao Sporting. Mas foram também muitas as dúvidas se levantaram quando Slimani assinou mesmo pelos leões no último dia do mercado de transferências de Inverno. Longe de ter brilhado ao mais alto nível desde a sua saída do clube no verão de 2016, seria o argelino - agora com 34 anos - capaz de acrescentar valor ao plantel às ordens de Rúben Amorim? A resposta está dada: foram dele os três últimos golos do Sporting na I Liga e estes dois ante o Arouca valeram três importantes pontos. Desde o regresso a Alvalade leva 274 minutos em campo, três golos e uma assistência.
O pior: Vinagre continua sem se encontrar
Mais uma oportunidade não aproveitada. Rúben Vinagre, um dos reforços em que os sportinguistas mais esperanças depositavam esta temporada, continua longe de fazer esquecer Nuno Mendes. Rúben Amorim voltou a dar-lhe uma hipótese como titular, mas o ex-Wolverhampton acabou substituído ao intervalo, depois de uma primeira parte em que não mostrou as qualidades que lhe são reconhecidas.
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