Olhando para a história desta temporada, percebe-se que marcar pelo menos dois golos em 45 minutos não era propriamente uma tarefa hercúlea para o FC Porto. Já o tinha feito em mais de dois terços dos jogos desta época, ainda que apenas uma vez depois de estar a perder – frente ao Estoril foi a segunda. Posto isto, a equipa de Sérgio Conceição só precisou de 15 minutos para sentenciar uma partida que se arrastava há 37 dias. Foram três, podiam ter sido mais.

Os ‘dragões’, que há mais de um mês haviam feito uma primeira parte verdadeiramente atípica, foram tudo o que deles se esperava para esta quarta-feira: pressão máxima para recuperar a bola e prontidão no remate. Pegando nas palavras de Ivo Vieira, chegava a meter dó o desnorte do conjunto estorilista perante o ritmo avassalador do líder do campeonato. E quando um treinador tem dó da forma de jogar da sua equipa, não há muito mais a acrescentar.

Um jogo atípico, o FC Porto de sempre

No lado do FC Porto eram sete as ausências para este encontro: Ricardo Pereira, Danilo e Aboubakar, lesionados; Osorio, Paulinho, Waris e Gonçalo Paciência, impedidos de participar por terem sido inscritos depois de 15 de janeiro. Apesar de tudo, continuava a haver 11 jogadores capazes de dar conta do recado.

Já os ‘canarinhos’ acusaram bem mais a ausência dos reforços – Ewandro, que marcou ao Sporting jornadas antes, Dankler, Ailton, Gonçalo Santos e Matheus Savio não podiam ser utilizados; Tiago Cardoso, Joel Ferreira, Gonçalo Brandão e Kléber estão lesionados, mas o último cumpria castigo na altura da data inicial da partida; Fernando Fonseca está no clube emprestado pelos portistas.

O golo de livre de Eduardo, aos 17 minutos, permitia à equipa da casa encarar esta partida com outra atitude, ainda mais sabendo da exibição frouxa dos homens do FC Porto. Não foi por acaso que Sérgio Conceição admitiu ter ficado com azia depois da partida de 15 de janeiro. Mas qualquer estratégia que o Estoril pudesse ter para os 45 minutos seguintes, se é que tinha alguma, ruiu com o empate de Alex Telles.

O lateral brasileiro, mais habituado a oferecer golos do que a marcá-los (este foi o primeiro da época), cruzou para a grande área na sequência de um livre puxado à direita, a fazer lembrar o lance do 1-0. Houve festejos nas bancadas, seguido de um momento de suspense - ficou a dúvida se a ação de Soares, em fora de jogo posicional, não teria influenciado o lance - mas o videoárbitro confirmou a igualdade.

Nesta altura, o Estoril já só pensava no ‘pontinho’. Mas o FC Porto não abrandou o ritmo, nem mesmo depois da saída de Alex Telles por lesão, e logo chegou ao segundo golo. Ao minuto 59’, Renan defendeu um primeiro remate de Marega, Herrera tentou a recarga, sem sucesso, e Tiquinho Soares, que estava junto ao poste esquerdo, só precisou de encostar. Qualquer semelhança entre este Estoril e o que bateu o Sporting, ou até mesmo aquele que chegou a incomodar o Benfica na Luz, é pura coincidência.

E aqui convém abrir um parêntesis para destacar o bom momento que Soares atravessa nos 'azuis e brancos': três jogos consecutivos a marcar, depois de uma primeira volta passada no banco de suplentes. Aboubakar, que continua a ser o melhor marcador da equipa no somatório de todas as provas, pode recuperar descansado. E mais descansados ficaram os adeptos portistas quando, ao minuto 67, viram o brasileiro aproveitar da melhor forma uma defesa incompleta do guardião estorilista, após remate de Corona.

O FC Porto chegava ao 3-1 como se nada fosse e os 'canarinhos' continuavam a ver jogar. Só a dois minutos do fim, já com mais espaço para respirar, a equipa de Ivo Vieira obrigou Casillas a intervir na partida. Renan não teve a mesma sorte, mas ainda conseguiu, uma vez ou outra, poupar o Estoril ao descalabro.