Quatro jogos depois, o Benfica voltou aos triunfos na Primeira Liga, e aproveitou da melhor forma o empate entre FC Porto e SC Braga para igualar os minhotos no 3.º lugar e ficar a três dos atuais campeões nacionais. No regresso de Jesus ao banco, os 'encarnados' prometeram voltar a golear o Famalicão, tal como fizeram na 1.ª ronda, mas ficaram-se pelos 2-0, feitos logo aos sete minutos. Por momentos, viu-se o Benfica prometido por Jesus: a jogar o triplo e a arrasar, até Silas estancar a 'hemorragia'.
O Jogo: Entrada a 'matar' e tudo resolvido em sete minutos
Para quem tinha feito 23 remates na passada sexta-feira frente ao Vitória de Guimarães (0-0) e não conseguiu fazer qualquer golo, a entrada frente ao Famalicão era tudo o que precisava: marcar dois golos nos primeiros dois remates do jogo. E tudo isto antes dos primeiros dez minutos de jogo. Melhor era impossível.
Jesus voltou igual a si próprio. Recuperado da COVID-19, o técnico não parou de esbracejar no banco para com os seus jogadores, sempre a corrigir posicionamentos, sempre a exigir o máximo dos seus pupilos. Era preciso afastar a o fantasma da crise, numa altura em que o campeonato parece ser uma miragem.
Num onze sem qualquer português (Pizzi deu o seu lugar a Darwin em relação ao último jogo), o Benfica dominava o Famalicão em toda a linha: ganhava a bola ainda no seu meio-campo, pressionava em toda a largura, desequilibrava pelo meio e pelos flancos.
A eficácia, como referido, fazia a diferente, com Darwin Nuñez (três minutos) e Otamendi (sete minutos) a sossegarem uma 'águia' ferida no seu orgulho, depois de quatro jogos sem triunfar na Primeira Liga (derrota com Sporting, empates com FC Porto, Nacional e Vitória de Guimarães).
O 3-4-3 montado por Silas não estava a surtir efeito. O técnico reconheceu o erro, tirou o ala direito Edwin Herrera, meteu um ponta de lança, deixou de ter três homens soltos na frente para passar a ter uma referência na área, soltou Gil Dias na direita, recuou Ivo Rodrigues um pouco no terreno, baixou Rúben Vinagre para lateral, mudou Patrick William de flanco e passou a atuar num 4-2-3-1, que ajudou a 'estancar' o jogo ofensivo do Benfica e projetou o Famalicão para a frente.
Ao intervalo, é certo que o Famalicão não tinha feito qualquer remate enquadrado com a baliza, mas tinha acertado no poste, por Gil Dias. Já era qualquer coisa. Os 8-1 em remates nos primeiros 45 minutos espelhava a diferença de forças, de duas equipas em crise.
No segundo tempo tudo se inverteu e o Famalicão foi melhor. Dos nove remates que fez, cinco foram à baliza (o mesmo número do Benfica em todo o jogo) e alguns só não deram golo porque Odysseas estava bem colocado. O Benfica baixou o ritmo (apenas um remate à baliza no segundo tempo), o Famalicão cresceu com as arrancadas de Gil Dias, um dos mais inconformados da noite. Apenas faltou golo aos nortenhos.
Já foi possível ver algum trabalho de Silas mas o técnico terá uma tarefa árdua pela frente, com uma equipa muito jovem. O Famalicão mantém-se no penúltimo lugar com 14 pontos, apenas mais um que o último, Farense.
O Benfica começou por ameaçar arrasar mas, ao menos, voltou aos triunfos e entrou na segunda volta como começou a primeira: a vencer.
Momento-chave: Um tiro, um melro e... tranquilidade
O Benfica conseguiu marcar ao primeiro remate e, depois fez o 2-0 ao segundo tiro, antes dos oito minutos de jogo. Everton Cebolinha fintou um, dois, três adversários antes de servir Darwin Nuñez na pequena área para o 1-0. Assim até parece fácil!
Os Melhores: Gil Dias contra o mundo, Taarabt todo-o-terreno
Quando Silas mexeu na equipa e desfez o 3-4-3, o Famalicão cresceu graças também à subida de rendimento de Gil Dias. Atirou ao poste, carregou a equipa para a frente, principalmente no segundo tempo, embora tenha sido individualista nalguns lances. Ugarte também fez uma boa exibição no meio-campo, onde lutou com Taarabt e Weigl.
Tarrabt voltou a fazer uma grande exibição, com as suas cavalgadas pelo meio, as recuperações de bola onde impõe o seu físico e os seus passes, sempre a encontrar jogadores livres. Everton Cebolinha finalmente mostrou o que pode fazer, com aquela jogada no primeiro golo e mais um par de boas ações no jogo.
Os Piores: Darwin e Seferovic precisam afinar
A dupla de atacantes do Benfica não atravessa uma boa fase. Darwin perde muitas bolas na hora de decisão, no passe, e parece estar a viver uma crise de confiança. Seferovic parece estar uns furos acima mas o seu faro de 'matador' já viveu melhores dias. A ansiedade devido aos últimos resultados pode explicar, em parte, tanto desacerto na decisão.
Reações: Jesus queixa-se da COVID, Silas lamenta "cinco minutos fatais"
Jorge Jesus: "Íamos ter uma equipa para arrasar mas foi a COVID que nos arrasou"
Otamendi: "É importante mudar a mentalidade na segunda volta"
Silas: "O jogo começou muito mal para nós. Foram cinco minutos fatais"
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