O Benfica venceu este domingo o Casa Pia por 0-1, em jogo da 26ª jornada da Primeira Liga. Depois de uma primeira parte pouco acutilante por parte dos encarnados, e onde as melhores oportunidades pertenceram mesmo aos casapianos, os comandados de Roger Schmidt entraram mais agressivos na segunda parte e empurraram os gansos para junto da sua área.

Curiosamente, o golo da vitória dos encarnados surgiu em transição, com o recém-entrado Arthur Cabral a arrancar para dentro da área e dar os três pontos às águias, que assim mantém a pressão sobre o Sporting na luta pelo título. Já o Casa Pia, e depois de bons 45 minutos, não teve capacidade para suster o caudal ofensivo dos encarnados, acabando por averbar a segunda derrota consecutiva, e que mantém os gansos na segunda metade da tabela.

O jogo: Os mesmos jogadores, duas partes distintas

Após a vitória europeia, Benfica entrou esta tarde no Municipal de Rio Maior com apenas uma alteração relativamente ao jogo de Glasgow, com João Mário a entrar para o lugar de David Neres. Já do lado dos casapianos, Gustavo Santos procurava responder à pesada derrota da última jornada com o Estrela da Amadora, fazendo entrar Angelo Neto, Telasco e Felippe Cardoso para os lugares de Beni, Rúben Lameiras e Fernando Andrade.

E a verdade é que os primeiros minutos mostravam que as mudanças feitas pelo treinador dos casapianos parecia estar a ter o seu efeito. Apesar do Benfica ter pegado na partida desde o apito inicial, o Casa Pia mostrou-se sempre confortável ao jogar na expetativa, fechado todos os caminhos para a sua baliza com eficácia. Contudo, os gansos não se limitavam a defender e aproveitavam recuperações de bola para encetar rápidas transições.

Aos 10 minutos,  Larrazabal teve o golo nos pés após um rápido contra-ataque do Casa Pia, mas no coração da área, atirou ao lado. Cinco minutos depois foi a vez de Felippe Cardoso, em boa posição, atirar por cima após cruzamento de Lelo na esquerda; no mesmo minuto Nuno Morais atirou de longe para defesa fácil de Trubin. Primeiro quarto de hora e, tirando a posse de bola e pontapés de canto, pouco mais se via do jogo do Benfica.

Apenas aos vinte minutos é que as águias conseguiram o primeiro remate, por intermédio de Marcos Leonardo, que obrigou Ricardo Batista a boa defesa; pouco depois foi Di María a tentar a sua sorte de longe, para defesa atenta do casapiano. Antes do intervalo o Casa Pia voltou a dar novo aviso, desta feita por Pablo Roberto que, descaído pela direita, aqueceu as luvas a Trubin.

Ao intervalo, e em terra de salinas, notava-se a insipidez no futebol dos encarnados, incapaz de desmontar um Casa Pia que, para além de muito organizado e solidário a defender, ameaçava cada vez que chegava perto da área encarnada.

Mas esse jogo terminou ao intervalo, e outro totalmente diferente tomou o seu lugar na segunda parte. O Benfica continuava a dominar o jogo? Sim, mas agora de uma forma totalmente diferente, mostrando-se agora uma equipa mais rápida e agressiva no seu processo ofensivo. Os jogadores eram os mesmos, mas a equipa estava diferente.

Rafa deu o primeiro aviso aos 54 minutos, lançado em velocidade por Di María, contudo, o avançado encarnado não foi capaz de desfeitear Ricardo Batista e atirou a poucos centímetros do poste. Seis minutos depois foi António Silva de cabeça a falhar o alvo por muito pouco.

O Benfica continuava a carregar e, para dar mais potência e vertigem ao momento dos encarnados, Schmidt resolve lançar Arthur Cabral e David Neres para os lugares do apagado Marcos Leonardo e do amarelado Florentino.

A aposta acabou por surtir efeito, e no momento do jogo em que menos se esperava. Após largos minutos em ataque continuado, foi através de uma transição rápida que o Benfica chegou ao golo da vitória; João Mário lançou Cabral pela direita e o avançado, empurrado pelo vento do apoio dos milhares de adeptos encarnados em Rio Maior, encontrou finalmente a rota do golo, permitindo que a nau encarnada chegasse a bom porto.

Até final as águias conseguiram controlar a partida, não dando muitas (ou nenhumas) veleidades ofensivas a um Casa Pia que, mesmo após ter visto a sua frente de ataque refrescada com as entradas de André e Soma, não foi capaz de incomodar Trubin.

O momento: A cavalgada do Rei Arthur

O jogo aproximava-se no seu último quarto de hora e o Benfica continuava a insistir em busca do golo, mas sem sucesso. Mas aos 74 minutos João Mário lançou Arthur Cabral e o recém-entrado avançado brasileiro arrancou pela direita, veio para o meio, e rematou cruzado para o golo da vitória encarnada.

O melhor: O farol da consistência

Já se percebeu que, em qualquer jogo do Benfica, a probabilidade de João Neves ser um dos melhores em campo é extremamente elevada...e neste caso não foi excepção. Num jogo onde os encarnados mostraram duas facetas totalmente distintas na primeira e segunda parte, o internacional português foi dos poucos que manteve uma qualidade e intensidade consistente ao longo de todo o jogo.

Fosse a estancar as saídas do Casa Pia, fosse a empurrar a equipa para a frente, João Neves só tem uma mudança no seu motor: a sexta. E é constante e sempre na chamada 'redline', mantendo a sua rotação alta e, consequentemente, a da equipa. O '87' das águias pode não ter estado diretamente envolvido no lance do golo, mas a tarefa do Benfica teria sido bastante mais complicada se não contasse com o seu farol de consistência e intensidade.

O pior: Na primeira desperdiça, na segunda apaga-se

Felippe Cardoso foi titular na frente de ataque do Casa Pia e, à semelhança do resto da equipa, teve um jogo de duas partes bem distintas. Nos primeiros 45 minutos o brasileiro conseguiu segurar a bola e permitir o apoio dos colegas de equipa, tendo a partir daí nascido uma boa oportunidade para os gansos que o próprio desperdiçou. Na segunda parte o avançado já não teve capacidade para ter bola e permitir ao Casa Pia respirar, sendo uma mera figura de corpo presente no ataque casapiano, um tanto ou quanto isolado do resto dos colegas. Desgastado, foi substituído aos 75 minutos.

O que disseram os treinadores

Alexandre Santana, adjunto do Casa Pia

Roger Schmidt, treinador do Benfica

Veja o resumo do jogo