Minuto 62 no Estádio da Luz. O Benfica já bate o V.Guimarães por 3-0 e o desfecho da partida parece definido. Nélson Veríssimo substituiu Darwin Nuñez, que já tinha bisado no encontro. Os adeptos levantam-se e aplaudem de pé, num dos mais sentidos aplausos que se escutaram nos últimos tempos na casa dos 'encarnados'. Mas a ovação não é para o uruguaio. É para quem entra no seu lugar: Roman Yaremchuk.
Com o seu país a viver um verdadeiro pesadelo que assusta toda a Europa, o ucraniano entrou em campo e em jeito de homenagem simbólica a todo o povo da Ucrânia, recebeu a braçadeira de capitão da mão de Jan Vertonghen. Todo o estádio aplaudiu e todos os que amam futebol (independentemente da cor clubística) também terão tido vontade de aplaudir. Yarenchuk comoveu-se e quase chorou. O futebol, felizmente, também é (e continuará a ser) isto.
Antes, já o Benfica, mostrando uma eficácia que o V.Guimarães não soube mostrar, tinha feito o suficiente para garantir os três pontos, regressando assim aos triunfos e diminuindo ligeiramente distâncias para Sporting (que agora já 'só' está a quatro pontos) e FC Porto (que agora está a dez). Gonçalo Ramos abriu o ativo - já depois de Vlachodimos negar por duas vezes o golo a Estupiñan quando este lhe surgiu isolado pela frente - e Darwin, com um golo a fechar a primeira parte e outro a abrir a segunda, ditaram o resultado.
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O jogo: Depois do empate com o Ajax os adeptos voltaram a ter razões para sorrir, mas...
O Benfica vinha de dois empate (ambos a duas bolas) mas com sabores bem distintos. O primeiro, no Bessa, há uma semana, tinha valido muitas críticas. O segundo, a meio da semana, em casa, frente ao Ajax, para a Liga dos Campeões, tinha valido aplausos.
Talvez por isso mesmo, Nélson Veríssimo só mexeu no que tinha mesmo de mexer em relação ao onze que começou esse jogo com o Ajax, colocando Meité e Morato no lugar dos castigados Weigl e Otamendi. Mas as duas primeiras grandes ocasiões de golo pertenceram ao V.Guimarães, que aproveitando a maior velocidade do seu ponta-de-lança, Oscar Estupiñán, face aos centrais contrários conseguiu por duas vezes deixar o colombiano isolado na cara de Vlachodimos.
Mas em ambas as ocasiões o guarda-redes grego do Benfica levou a melhor e quem marcou foram mesmo as 'águias'. Aos 23 minutos, Gilberto cruzou da direita e a bola até nem vinha nada fácil, mas Gonçalo Ramos conseguiu arranjar forma para, por entre dois defesas, desferir um fulminante remate de primeira que só parou no fundo das redes. O V.Guimarães acusou o golo sofrido e o Benfica voltou a marcar. Aos 37 minutos, mais um belo cruzamento de Gilberto (segunda assistência no jogo) e bonita cabeçada de Darwin Nuñez para o 2-0.
As dúvidas quando ao vencedor da partida dissiparam-se, depois, logo a abrir a segunda parte: Gonçalo Ramos roubou uma bola e conquistou uma grande penalidade e Darwin não perdoou na conversão do consequente castigo máximo, bisando na partida (já lá vão 20 golos na I Liga 2021/22 para o uruguaio).
Depois, o tal momento arrepiante, com a entrada de Yaremchuk. E, a partir daí, com a história do encontro escrita e o resultado em 3-0, as duas equipas foram jogando numa toada de parada e resposta, com lances de perigo junto das duas balizas, mas sem mais golos.
O momento: Gonçalo Ramos abre o ativo (porque da entrada de Yaremchuk já falámos lá em cima)
Claro que o momento do jogo - pelo menos aquele que todos vamos recordar por muito tempo, foi o do minuto da entrada de Yaremchuk em campo. Mas esqueçamos por momentos que há mundo para além do futebol e, no que toca ao jogo jogado, o lance que ditou o destino do jogo foi mesmo o do primeiro golo. Decorria o minuto 23 quando Gonçalo Ramos surgiu a rematar de primeira depois de um cruzamento de Gilberto. Um remate fantástico, sem hipóteses de defesa para Bruno Varela, que lançou o Benfica para uma vitória a partir daí tranquila.
O melhor: Vlachodimos, Gilberto, Gonçalo Ramos e, claro, o público e a mensagem de apoio à Ucrânia e à paz
Apesar de o Benfica não ter realizado uma exibição de encher o olho, foram vários os jogadores das 'águias' a exibirem-se a um excelente nível. Desde logo Vlachodimos, na baliza, com duas defesas decisivas no quarto de hora inicial, com o resultado ainda em 0-0, quando Estupiñán lhe apareceu pela frente. Depois, no lado direito da defesa Gilberto fez duas assistências, Gonçalo Ramos marcou um belo golo e ainda conquistou um penálti e até Meité, num raro jogo como titular, mostrou qualidade.
Mas, claro, o melhor de tudo foi o público da Luz, naquele tal minuto 62, em que mais do que aplaudir Yaremchuk, deixaram bem vincada uma mensagem de apelo à paz e de apoio a todos os ucranianos, ali personificados no avançado dos 'encarnados'.
O pior: o desperdício de Estupiñan
Um ponta-de-lança de uma equipa que luta pelos lugares europeus de uma I Liga não pode desperdiçar duas situações em que surge completamente isolado na cara do guarda-redes contrário. Claro que Vlachodimos teve mérito em ambos os lances, mas o avançado colombiano do V.Guimarães teve, em ambos os lances, tempo para fazer muito melhor...
As reações
- Nélson Veríssimo fala em vitória justa do Benfica, Darwin ganhou jantar a Varela
- Pepa deu os parabéns aos jogadores, Tiago Dias fala em resultado demasiado penalizador
- Ucrânia: Yaremchuk diz que povo ucraniano não vai esquecer aplausos do Estádio da Luz
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