O Benfica sofreu a bom sofrer para conseguir conquistar os três pontos em casa do Moreirense por 2-1. Após a derrota europeia frente ao RB Leipzig, os homens de Bruno Lage ficaram em desvantagem logo no início do segundo tempo, e passaram praticamente toda a segunda metade a correr atrás do prejuízo de modo a não perder mais pontos para o líder do campeonato. Os esforços dos encarnados acabaram por ser reforçados nos minutos finais com dois golos que valeram a conquista dos três pontos. As águias sobem à liderança provisória do campeonato, mas ainda falta jogar o líder Famalicão que se desloca a Alvalade na segunda-feira.
O terreno do Moreirense é sempre uma deslocação complicada para qualquer clube português. Para além das dimensões reduzidas do terreno de jogo, a formação de Moreira de Cónegos costuma apresentar-se sempre com uma boa organização defensiva frente ao adversário e ontem não foi exceção à regra. Para além disso, os homens da casa contaram com uma total desorganização ofensiva do Benfica e conseguiram ir importunando sempre a baliza de Vlachodimos e até podiam ter mais sorte na hora da finalização.
O jogo: Moreirense não se amedrontou perante o campeão e até podia ter tido sorte
O filme do jogo mostrou um campeão nacional sempre dominador, mas raramente no controlo das operações, mostrando uma total desinspiração ofensiva, com apenas dois remates enquadrados com a baliza de Mateus Pasinato, precisamente aqueles que deram origem aos dois golos. Os encarnados foram sempre dominantes, com mais posse de bola, mas quando chegavam à hora de finalizar não tinham a destreza de colocar a bola no fundo das redes.
Um Benfica ferido de orgulho pela derrota na Liga dos Campeões só começou a aparecer depois do primeiro quarto de hora de jogo, em que se registou um encontro sem grandes rasgos ou jogadas de perigo, com excepção para um lance em que Pizzi surgiu solto do lado esquerdo da grande área dos cónegos a atirar às malhas laterais. O Moreirense apresentou uma defesa muito bem organizada que obrigou o Benfica a ‘crescer’ no terreno e a apostar em transições rápidas.
A equipa da casa tentava contrariar a maior posse de bola por parte dos “encarnados”, e respondeu com contra-ataques rápidos, um remate muito perigoso de Bilel por cima (26) e outro de Luther Singh que o guarda-redes visitante ‘encaixou' (45+2).
O jogo não se desenrolou de forma muito intensa, mas foi uma partida bem jogada, com a bola quase sempre no relvado e sem chutões para a frente. O Benfica pressionava mais no meio-campo do Moreirense, tinha mais posse de bola, qualidade de passe e diversas jogadas de envolvimento, mas a aposta do conjunto de Moreira de Cónegos num bloco baixo dificultou as ações ofensivas dos encarnados.
A tarefa da equipa de Bruno Lage na conquista dos três pontos ficou mais complicada com o golo da formação da casa aos 48 minutos por intermédio de Luther Singh, depois de D'Alberto cruzar para Alex Soares, que deu de cabeça para trás, servindo o avançado sul-africano.
Apesar de se encontrar em desvantagem, o Benfica não conseguia assentar jogo e muito menos jogar entre linhas, como costuma fazer, e descobrir espaços para entrar na grande área contrária. Em sentido contrário, o golo intensificou o nervosismo nos visitantes e despertou o atrevimento dos locais que podiam ter sentenciado a partida aos 53 minutos, quando Nenê, isolado, rematou de forma acrobática por cima.
À passagem da hora de jogo, os “encarnados” ainda dominavam, mas menos do que no primeiro tempo, mas encontraram pela frente uma autêntica 'muralha' na área adversária. Nesta fase o Moreirense já quase não atacava, somando três ações com bola na área benfiquista no segundo tempo.
O Benfica não desistiu de ir à procura do golo e Seferovic tentou aos 60, mas Steven Vitória deu o corpo à bola. Aos 74, Raul de Tomás bateu um livre contra a barreira e, na recarga, fez a bola passar perto da baliza de Pasinato.
A reviravolta acabaria mesmo por surgir na fase final do encontro e no primeiro remate enquadrado com a baliza adversária. Cruzamento da direita, a bola chegou a Rafa Silva no segundo poste e o extremo, de cabeça e sem marcação, atirou para o empate.
O tento do internacional português afetou a equipa da casa, que permitiu a reviravolta já nos descontos do segundo tempo. Jota cruzou da esquerda e Haris Seferovic, de cabeça, fez o 2-1 que deu suados três pontos do Benfica, somente ao segundo enquadrado.
Pouco depois, Bruno Lage, entrou em campo para festejar o final do encontro, dirigindo-se aos adeptos, mas o técnico não se apercebeu que Artur Soares Dias ainda não tinha apitado.
Momento do jogo
1-1 por Rafa Silva: O golo do internacional português teve o condão de desbloquear aquela que parecia ser a segunda derrota dos encarnados no campeonato. A equipa da casa sentiu o golo e consentiu a reviravolta dos encarnados que empolgados pelo apoio vindo das bancadas conseguiram marcar o tento da vitória já nos descontos do segundo tempo.
Melhores
Rafa Silva: Fez o golo que desbloqueou a partida a favor dos encarnados. Não começou o jogo da melhor forma, mas com o passar dos minutos tornou-se importante no processo ofensivo do campeão nacional. Criou inúmeros problemas à estrutura defensiva dos cónegos com a sua velocidade, sendo sempre os dos jogadores que tentou remar contra a falta de inspiração ofensiva da equipa. Viu o esforço recompensado perto do final.
Seferovic: O suíço voltou a fazer um jogo esforçado, depois de ter mandado calar os adeptos no último encontro. Vestiu a pele de herói ao ter marcado o golo da vitória, mas esteve ligado aos dois tentos dos encarnados. Primeiro ganhou na dividida com Iago com a bola a sobrar para Rafa Silva, que depois cabeceou para o fundo das redes. Já para lá dos noventa, o canivete suíço carimbou a conquista dos três pontos.
Iago: Bom jogo do defesa central do Moreirense. Sempre no sítio certo a bloquear os caminhos para a baliza do seu guarda-redes, e com alguns cortes providenciais.
Fábio Pacheco: Grande sentido posicional de um dos jogadores mais experiente da equipa de Vítor Campelos. Falhou poucos passes e esteve irrepreensível nos desarmes ao adversário.
Luther Singh: Veloz e desconcertante, o avançado sul-africano foi o autor do golo do Moreirense. Diante do campeão nacional demonstrou qualidade técnica e soube explorar o espaço concedido pelos defesas encarnados.
Grimaldo: Apareceu diversas vezes em zonas de finalização e foi, durante grande parte do tempo, o mais rematador do jogo. Tentou o golo por várias ocasiões e num dos remates viu Iago fazer um corte quase inesperado.
Pior
Raul de Tomas
Continua sem se estrear a marcar pelos encarnados. O avançado espanhol demonstra uma grande falta de confiança nesta altura da época, depois de ter deixado muito boas indicações nos jogos de pré-temporada. Perdeu a bola numa zona perigosa na altura do golo do adversário e continua sem se conseguir entender com Seferovic.
Reações:
Vítor Campelos: "A derrota foi inteiramente injusta"
Filipe Soares: "Tiveram um pouco de sorte que também acompanha os campeões"
Rafa Silva: "Temos um grupo que vai lutar sempre para ganhar"
Bruno Lage: "Com felicidade mas com justiça conseguimos os três pontos"
Bruno Lage volta ao tema Seferovic: "Afinal o rapaz marca golos..."
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