Na fria noite de sexta-feira, valeu ao Benfica a pontaria de Di Maria, autor de um golo e uma assistência, suficientes para derrotar o Boavista, em partida da 18.ª jornada da Primeira Liga. Os encarnados somaram o quinto triunfo seguido na prova e mantém a perseguição ao Sporting, líder com mais um ponto que os campeões nacionais (46 contra 45).

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O Jogo: Di Maria contra o frio

Os problemas que o Rio Ave levou à Luz na ronda anterior parecem ter ficado no relvado, tal a incapacidade do Benfica em pressionar a saída de bola do adversário em bloco. O 4-5-1 montado por Ricardo Paiva colocava os axadrezados com três homens na zona intermédia, em superioridade numérica a meio-campo para conseguir ligar e sair com alguma facilidade. Faltou mais acutilância e atrevimento no primeiro tempo.

Essa dificuldade do Benfica em pressionar resulta da escolha dos jogadores por parte de Roger Schmidt. Desta vez até tinha Florentino no lugar de João Neves, um médio mais de cobertura e menos de transporte, mas mesmo assim não conseguiu impedir o adversário de progredir com à-vontade, como fez o Boavista, principalmente no segundo tempo.

Com Di Maria a não participar nessa pressão e com dificuldades para acompanhar o lateral esquerdo contrário, e ainda Rafa pouco dado a tarefas defensivas, Kokcu, Florentino e João Mário foram engolidos pelos quatro e às vezes cinco panteras que o Boavista tinha na zona intermédia.

A juntar a tudo isso, uma lentidão de processos por parte dos campeões nacionais, sem intensidade. O acumular do jogo nas zonas interiores, muito povoadas, levava a algumas perdas de bola na ligação entre os jogadores. O espaço era pouco.

A largura era dado laterais mas Morato, um central de raiz, raramente vai desequilibrar a nível ofensivo. Aursnes, um médio adaptado a lateral direito, esteve apagado em tarefas ofensivas, muito marcado pelos adversários.

Ofensivamente, o primeiro tempo do Benfica resume-se a um falhanço incrível de Morato na sequência de uma bola parada, e de um centro tenso do central adaptado a lateral que Rafa atirou às malhas laterais, depois de Arthur Cabral e João Mário falharem o alvo.

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Na segunda parte, o Benfica meteu uma velocidade acima do que tinha jogado no primeiro tempo, aproveitou um maior atrevimento do Boavista nas saídas para o ataque para tirar partido do espaço concedido e meter os venenosos ataques rápidos que tanto gosta.

João Gonçalves disse 'presente' na baliza axadrezada e foi mantendo a equipa em jogo, até Di Maria servir Marcos Leonardo para a estocada final, já nos descontos.

Os axadrezados, animados com a goleada aplicada ao Vizela na ronda anterior, podiam ter feito estragos na baliza de Trubin. O ucraniano ainda negou o golo a Bozenik quando estava 0-0 e viu o Boavista desperdiçar duas boas situações de perigo em que os jogadores que conduziam a bola preferiram rematar em vez de passar.

O Benfica vence (mas não convence) e vinga a derrota na 1.ª ronda da prova no Bessa (3-2), a única derrota sofrida até agora no campeonato. Segue agora a final-four da Taça da Liga, onde os encarnados vão tentar o segundo troféu da época. Defrontam o Estoril nas meias-fnais e, em caso de triunfo, a final será entre Braga ou Sporting, os outros semifinalistas.

Momento-chave: Era isso que querias, Di Maria?

Pouco tempo depois de o VAR anular-lhe o primeiro por mão na bola de João Mário, Di Maria tratou de colocar as coisas no seu sítio, com o 1-0, aos 61 minutos. O extremo encarnado meteu a bola na área, Arthur Cabral falhou o desvio mas esta encaminhou-se para o fundo das redes de João Gonçalves. Podia-se perguntar se o argentino teve intenção de marcar mas a verdade é que estes tipos de lances são típicos dele. O remate vai venenoso, a pedir um desvio ou para enganar o guarda-redes.

Os Melhores: Pouca magia mas suficiente para Di

Desbloqueou o jogo aos 61, assistiu Marcos Leonardo para o 2-0 final. Dos pés de Di Maria saíram os principais lances de perigo de um Benfica cinzento a atacar, muito trapalhão e pouco assertivo. O argentino pode não ter capacidade para acompanhar a equipa na recuperação defensiva mas na frente continua a ser decisivo.

Tiago Morais soltou-se das amarras defensivas do primeiro tempo e rubricou uma segunda parte muito melhor a nível ofensivo, com pormenores de classe. Foi, com Bozenik, os principais dores de cabeça para a defensiva encarnada, principalmente no segundo tempo, quando os axadrezados conseguiram sair mais vezes para o ataque.

Em noite 'não': Laterais precisam-se

Perante equipas que se fecham bem atrás na defesa, o Benfica precisa de ter laterais que possam acrescentar algo a nível ofensivo, principalmente quando privilegia muito o corredor central. Acumulando gente por dentro, precisa de ter jogadores capazes de desequilibrar no passe ou atacar a profundidade para criar situações de perigo. Neste momento, os adaptados Aursnes e Morato não tem essa capacidade. E a equipa ressente-se muito a nível ofensivo.

Reações

Ricardo Paiva admite quebra física da sua equipa, Tiago Morais fala em jogo disputado até ao fim: "Julgo que no início da partida conseguimos ser competentes, faltando algum discernimento em chegar ao terço ofensivo. Na segunda parte corrigimos, conseguimos chegar com mais perigo. A primeira oportunidade perigosa foi nossa. Depois, com a fadiga, perdemos discernimento na parte final"

Roger Schmidt satisfeito com o compromisso da equipa, Morato diz que este é o melhor Benfica da época: "Foi uma boa noite para nós, mostrámos um bom futebol, com dois golos muito bons. Tivemos muitas jogadas e ocasiões junto da grande área adversário, mas tivemos de estar sempre em alerta e bem organizados porque o nosso adversário apostava tudo no contra-ataque. Estou muito contente com o desempenho e compromisso que os jogadores mostraram"

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