Seis remates à baliza, cinco golos. Foi no aproveitar das oportunidades que o Benfica goleou no sábado o Gil Vicente, na 7.ª jornada da I Liga, para subir ao segundo posto da prova, de forma provisória, com 16 pontos, mais um que o FC Porto que ainda não jogou e menos cinco que o líder Sporting.
Na Luz, o Gil Vicente, no 12.º posto, com sete pontos, ainda ameaçou um escândalo, mas o Benfica teve cabeça para usar as bolas paradas e terminar com um 5-1. A equipa de Bruno Lage está em crescendo, cada vez mais confiante.
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O Jogo: eficácia, bola parada e Andrew
Com os fundamentos ainda em construção e a fazer a pré-época com as provas em andamento, o Benfica vai se socorrendo do laboratório do Seixal para desbloquear os jogos. Diante do Gil Vicente não foi diferente, com dois golos de canto, a juntar-se aos outros dois que tinha conseguido também na reviravolta caseira diante do Santa Clara.
São quatro golos saídos de situações de canto, números que colocam o Benfica como equipa com mais golos na prova a partir dessa variável de jogo. E até podiam ter sido mais, se Pavlidis e Arthur Cabral tivessem aproveitado mais duas belas oportunidades a partir de cantos, todos batidos por Di Maria.
Os números da goleada ao Gil Vicente explicam-se pelo aproveitar da bola parada, mas também pela eficácia. A equipa pode estar ainda em construção, com os jogadores a tentarem assimilar as ideias do novo treinador, mas há mais paciência.
E uma das mudanças em relação a Schmidt tem a ver com a calma à frente da baliza. Frente ao Gil Vicente, foram seis remates enquadrados, cinco golos. Melhor era difícil.
De referir que, apesar da goleada, a exibição do Gil Vicente na Luz merece elogios, como o próprio Lage fez. "O Gil Vicente trouxe-nos problemas que nenhuma equipa nos tinha trazido", disse o técnico encarnado, no final do jogo. E com razão. Bruno Pinheiro tem conseguido tirar melhor rendimento de Kanya Fugimoto, o cérebro da equipa, colocando-o a jogar na frente, ao lado de Cauê, dando muita liberdade para o criativo nipónico.
Foi dessa inteligência e da capacidade técnica da equipa, de ligar o jogo, entre centrais e médios, e entre médios e avançados, que os gilistas marcaram logo aos oito minutos por Félix Correia e criaram ainda duas boas oportunidades no primeiro tempo e outra no segundo tempo. Trubin foi gigante em duas delas.
O crescimento dos gilistas foi travado pelos dois golos quase de raja do Benfica, de Otamendi após canto de Di Maria, e Kerem Akturkoglu, ambos de cabeça.
No segundo tempo, um remate de longe Amdouni (estreia marcar), um desvio de cabeça de Florentino Luís (segundo golo na época) após canto e uma 'oferta' de Andrew para Rollheiser eram corpo aos números do jogo, pesados para aquilo que os de Barcelos produziram.
O facto de os gilistas terem terminado o jogo com mais posse de bola em casa do Benfica - 51 contra 49 por cento - mostra quão boa foi a exibição na Luz, dentro das limitações da equipa. Quis discutir o jogo, com um futebol positivo.
Acabou vergado a uma pesada derrota com números que não espelham o que aconteceu cem campo, mas sempre com os olhos postos na baliza contrária. As seis faltas cometidas pelo Gil Vicente em todo o jogo mostram também que é possível jogar contra um 'grande' sem necessidade de estar a parar o jogo constantemente com altas.
Ficam os números do jogo, que permitem a Bruno Lage igualar as quatro vitórias seguidas alcançadas na sua primeira passagem pelo Benfica. Com ele, o Benfica marcou 14 golos e sofreu 3 em quatro partidas.
Momento do jogo: Otamendi nem lhes deu tempo para saborear
Ter sofrido cedo o golo podia levar a alguma tranquilidade nas hostes encarnadas, mas Otamendi tratou de resolver a questão, empatando oito minutos depois do tento de Félix Correia, para coroar com beleza o seu jogo 200 pelo Benfica.
Os Melhores: Tino, o Polvo
O Benfica voltou a ver o melhor Florentino Luís da época, o Tino dos tempos da primeira passagem de Lage pelo clube. O bom atrevimento do Gil Vicente na Luz só não causou mais estragos porque o 'polvo' das águias tinha tentáculos em todo o lado. Interceptou cinco passes, teve seis ações defensivas ainda no meio-campo defensivo do adversário, fez três desarmes e ainda teve tempo para ir lá para a frente 'molhar a sopa' e fazer o segundo golo da época, o terceiro da carreira, sempre sobre o comando de Bruno Lage.
Quem também brilhou, até sair, foi Kerem Akturkoglu. O extremo turco continua com uma fantástica relação com o golo e voltou a marcar, fazendo o seu terceiro tento em quatro jogos de águia ao peito. É um jogador que cheira a golo.
Em noite 'não': Andrew, de herói a vilão
De tanto salvar o Galo, algum dia tinha de vestir a pele de vilão. Andrew encaixou cinco golos na Luz, num jogo onde fez poucas defesas. Cometeu alguns erros como quando deixou passar um atraso de Félix Correia e comprometeu no 5-1 dos encarnados. Só defendeu um dos cinco remates enquadrados dos encarnados.
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Bruno Lage: "O Gil Vicente trouxe-nos problemas que nenhuma equipa nos tinha trazido"
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