Ora por onde começamos? Desde 1994 que um jogador do Benfica não fazia um ‘hat-trick’ na primeira parte de um jogo da Liga. Lembra-se quem foi? João Vieira Pinto, na vitória sobre o Sporting por 6-3, que decidiu o título daquele ano. Desde Eusébio que um jogador dos ‘encarnados’ não apontava pelo menos 30 golos num campeonato em mais do que uma época. O Pantera Negra fê-lo em três. E é preciso recuar até 1985/86 para encontrar alguém mais velho a marcar 30 ou mais golos na prova. Falamos de Manuel Fernandes, ex-avançado do Sporting, que terminou a temporada com o impressionante registo de 39 remates certeiros, então com 35 anos. Se ainda acrescentarmos o facto de Óscar Cardozo ter ficado para trás na lista dos benfiquistas que mais vezes marcaram ao Marítimo, vemos que tudo está resumido a um nome: Jonas.
O avançado brasileiro precisou de apenas 26 minutos, entre o primeiro e o terceiro golos, para concretizar tudo aquilo que leu no primeiro parágrafo. Não esquecendo, também, o temporal bíblico que assolava a Luz, em que o mais provável seria vermos o pior de cada um ao invés do contrário. Mas Jonas mostrou o seu melhor uma, duas, três vezes, conduzindo o Benfica a uma vitória inequívoca, depois de um primeiro quarto de hora mais equilibrado. São já 30 golos no campeonato (lidera o 'ranking' com mais 10 que Bas Dost), 33 no total das competições. E está a três da melhor época de sempre. Nada mau para um ‘velhinho’ de 33 anos.
Mas nem só de Jonas se fez este 5-0. E aqui vê-se, uma vez mais, a importância do experiente jogador: como se tudo o que Jonas toca se transformasse em ouro. Basta olhar para André Almeida, logo ao minuto 16, quando assistiu o brasileiro para o 1-0 e, mais tarde, quando cruzou com régua e esquadro para um golaço em vólei do ponta de lança. O camisola 10 não teve outro remédio senão ajoelhar-se perante o lateral direito, que já é o jogador com mais assistências do Benfica, a par de Cervi. À sua frente estão apenas Brahimi (8), Esgaio (8) e Alex Telles (11).
Porque não sendo fora de série, André Almeida trabalha, corre, farta-se de subir no terreno. O futebol dos ‘encarnados’ assim o pede e os adeptos reconhecem tamanha dedicação – bastava ouvir o coro de aplausos com que foi brindado quando, ao minuto 78, deu lugar a Douglas. Visivelmente cansado, o que se percebe depois de uma primeira parte com quatro golos e de um piso cada vez mais ‘ensopado’ pela chuva que caía em Lisboa.
Mas nem só de Jonas e André Almeida se fez este 5-0. Grimaldo, que não marcava desde outubro de 2016, fez o segundo golo da tarde, após uma excelente tabela com Zivkovic, a beneficiar da passividade dos defesas insulares. Para quem ainda duvidasse do entendimento entre estes dois, não esquecendo Franco Cervi, tem aqui uma boa oportunidade para mudar de opinião. Falta ainda falar no sérvio, que na sua empreitada de fazer esquecer Krovinovic, apontou um golo que merece ser visto em ‘loop’. O jogador recolheu uma bola cortada pelo Marítimo no vértice da área, puxou para o pé direito e rematou colocado no canto superior direito. A fechar com chave de ouro mais uma exibição contundente das ‘águias’.
E Rafa, também ele a beneficiar de uma lesão na equipa, neste caso de Salvio, continua a galgar metros no corredor direito. Depois do golo apontado em Paços de Ferreira, coube-lhe conquistar a grande penalidade que viria a ser convertida por Jonas (42’), num lance em que Pablo só o conseguiu travar em falta. Era, de resto, a única forma de conter o ímpeto ofensivo dos ‘encarnados’. Mais tarde, foi João Gamboa a entrar de forma imprudente sobre Zivkovic, acabando por ver a cartolina vermelha. Sem contestação.
O Benfica chegava à quinta vitória consecutiva no campeonato – melhor série da temporada – com uma mão cheia de golos e outra de exibições assinaláveis, contra um adversário de duas caras: matreiro no Caldeirão (convém não esquecer o 1-1 da primeira volta) e extremamente frágil na condição de visitante - também perdeu por 5-0 em Alvalade.
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