Dejá vú! Tal como na jornada passada, na visita ao Estoril, o Sporting ganhou pela margem mínima, com o único golo da partida a ser apontado pelo espanhol Pedro Porro, na transformação de uma grande penalidade (por coincidência, também cometida pelo guarda-redes contrário). E, tal como tantas vezes na caminhada para a glória na I Liga 20/21, a vitória surgiu ao cair do pano, na 'garra', prova de que este Sporting de Rúben Amorim continua a nunca baixar os braços.
Mas as semelhanças ficam-se por aí. É que este Sporting, depois de até ter começado bem a época, mostra estar agora a passar por alguns problemas. Frente a um Marítimo muito (talvez demasiado) fechado, os atuais campeões nacionais tiveram dificuldades em encontrar soluções. Os lances de perigo, naturalmente, e perante um adversário tão fechado, foram surgindo. Houve duas bolas nos postes, Nuno Santos viu o guarda-redes maritimista, Paulo Victor negar-lhe o golo por duas vezes. Mas tanto domínio exigia mais e melhores ocasiões de golo.
Faltou criatividade e imaginação para inventar jogadas capazes de surpreender um Marítimo que jogava com todos os homens bem dentro do seu meio-campo. As mexidas introduzidas por Rúben Amorim trouxeram um pouco (mas só um pouco) dessa criatividade e imaginação que faltava (a verdade é que o treinador dos 'leões' arriscou tudo o que podia) e o triunfo acaba por ser inteiramente justo. Mas começa a ser inegável que falta qualquer coisa a este Sporting...
O jogo: o 'leão' tentou, tentou, e acabou por lá chegar
Amorim até começou por não mudar muito em relação ao jogo com o Estoril, fazendo apenas voltar Feddal para o centro da defesa. E, exatamente como tinha sucedido no jogo da Amoreira, o Sporting tardou até criar perigo e só depois dos 20 minutos ameaçou a baliza contrária. Nuno Santos, o mais irrequieto dos anfitriões na primeira parte, deu um primeiro aviso, testando as qualidades de Paulo Victor, e depois até acertou na trave. Sarabia, outra vez titular, também ameaçou, mas a bola não entrou.
Como não entrou no arranque da segunda parte, em que o Sporting dispôs de mais duas oportunidades, logo a abrir. A primeira pelo inevitável Nuno Santos, a segunda num cabeceamento de Paulinho (que voltou a ficar em branco). Os minutos iam passando, a ansiedade (a dos jogadores e, esta época, a dos adeptos no estádio, que na época passada não existia) ia crescendo e o nervosismo começava a ser evidente. Rúben Amorim arriscou mais e mais, Pedro Porro (excelente exibição, não só pelo golo mas pelo que correu pela direita) rematou ao poste e Tiago Tomás, vindo do banco, também esteve muito perto de marcar, em cima do minuto 90.
Chegou o tempo de compensação (oito minutos justificados pelas inúmeras paragens que foram ocorrendo ao longo do segundo tempo) e nada de golos. A tal 'estrelinha' de que tanto se falou na época passada parecia não querer aparecer desta vez...mas apareceu. Paulo Victor acertou em Jovane, que pelo ar chegou à bola primeiro do que o guarda-redes do Marítimo, o árbitro assinalou grande penalidade e Porro, tal como tinha feito há menos de uma semana, frente ao Estoril, não perdoou e deu ao Sporting três (muito suados) pontos.
O momento: Penálti salvador
Minuto 90+4': O Sporting tentava tudo, desesperava por um golo, mas a bola não entrava. Até que, numa bola bombeada para a área, um penálti iria, quase literalmente, cair do céu. Bola bombeada para a grande área do Marítimo, Coates ganhou nas alturas, Paulinho também e Jovane, pelo ar, chegou primeiro do que Paulo Victor, que acabou por o atingir. Grande penalidade a beneficiar os 'leões'. E Pedro Porro, uma vez mais, não ia tremer...
O melhor: Amorim arriscou mesmo tudo e acabou por ser recompensado
Apesar do domínio exercido, o Sporting não conseguia marcar. Vendo o adversário totalmente remetido ao seu setor mais recuado, Rúben Amorim arriscou. Primeiro um pouco, depois muito. Muito mesmo, ao ponto de cada bola perdida pelo Sporting no quarto de hora final dar origem a situações de quase superioridade numérica do adversário em saídas para o contra-ataque, algo que o Marítimo não soube aproveitar.
Amorim começou por puxar Nuno Santos para fazer toda a ala esquerda e lançar Tiago Tomás para o lugar de um menos inspirado Rúben Vinagre. Depois, mais risco: tirou Matheus Nunes e lançou Daniel Bragança, tirou Sarabia e lançou Jovane. Os três primeiros homens a saltarem do banco mexeram com o jogo, mas o golo teimava em não aparecer. E Amorim arriscou, então, o tudo por tudo: Luís Neto por Esgaio, Palhinha por Tabata, e Coates a acabar a jogar como ponta de lança. O Sporting terminou o jogo com Esgaio e Feddal como centrais, Porro e Nuno Santos como alas, Bragança e Tabata como médios centro, Jovane e Tiago Tomás como extremos, Coates e Paulinho como pontas-de-lança. E o golo acabou por surgir. Tamanho risco resultou em vitória.
O pior: Marítimo só de tração atrás
O Marítimo fez quatro remates, dois em cada parte, e nenhum na direção do alvo. O Sporting fez 25. Os 'leões' tiveram 70% do tempo de posse de bola, o Marítimo 30%. Os maritimistas entraram quatro vezes na grande área contrária e não conquistaram nenhum canto. Exceção feita a um remate de Xadas à passagem do minuto 20 e de um lance em profundidade junto à linha, já dentro da área leonina, no segundo tempo, o Marítimo nunca ameaçou.
Seguro 'q.b.' a defender (não fosse o tal lance do penálti e até teria, muito provavelmente, saído de Alvalade com um ponto, mas apresentou-se demasiado recuado, frequentemente com todos os jogadores atrás da linha da bola, e a perder muito tempo a cada reposição da bola em jogo. Daí os oito minutos de compensação na segunda parte (na primeira já tinham sido quatro, também perfeirametne justificados)...nos quais acabou por sofrer o golo...
As reações
- Julio Velázquez diz que empate "era ouro" para o Marítimo, Jorge Sáenz lamenta trabalho inglório
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