O secretário-técnico adjunto do Sporting, João Rolin Duarte, revelou hoje no Tribunal de Monsanto ter sido avisado pelo chefe de segurança do clube, Ricardo Gonçalves, “20 a 30 minutos” antes da invasão dos adeptos à Academia.

“Cheguei à Academia pouco depois das duas da tarde. Desde a conversa com Ricardo Gonçalves até à chegada dos adeptos... Passaram-se entre 20 a 30 minutos. Talvez 25, não mais de 30 minutos. A minha preocupação, a de nós os três... levámos aquilo a sério e a minha ideia foi trancar as portas”, afirmou o funcionário do clube de Alvalade, sublinhando que Ricardo Gonçalves lhe tinha dito nessa conversa que ia avisar as autoridades.

A trabalhar no clube desde “janeiro de 2010”, João Rolin Duarte contou também na 20.ª sessão do processo da invasão da Academia de Alcochete que se recordava de “pelo menos outras quatro” idas de adeptos ao centro de treinos do Sporting. Dessas visitas, duas não terão sido concertadas com elementos da estrutura, mas nunca – segundo o próprio - com contornos semelhantes ao sucedido em 15 de maio de 2018.

Sobre a entrada do grupo de adeptos no complexo, João Rolin Duarte explicou ter fechado três portas “por dentro”, que quando o fez “não tinha conhecimento que já estivessem pessoas na academia”, e que pediu ao roupeiro João Reis para fechar a porta do balneário. Contudo, as tochas que alguns adeptos traziam ativaram o alarme de incêndio, destrancando dessa forma as portas eletrónicas.

“Oiço o alarme de incêndio a tocar e supus que a porta estivesse destrancada. Começo a correr e vejo então um indivíduo a atingir o Bas Dost com um cinto. Levo o Bas Dost para a casa de banho, lavo o sangue da sua cabeça e entreguei-o ao Dr. Virgílio [Abreu], o médico do Sporting”, resumiu, descrevendo que o plantel estava “todo assustado, indignado e triste” e que o balneário estava “cheio de fumo e virado do avesso”.

João Rolin Duarte referiu também que os problemas na Madeira, após a derrota (2-1) com o Marítimo na última jornada da Liga 2017/18, que estiveram na base da invasão, começaram ainda antes dos incidentes verificados no aeroporto.

“Fora do campo, o balneário do Marítimo fica longe do parque onde está o autocarro. Os adeptos apareceram aí. Quando cheguei ao autocarro estavam a chamar nomes e o Battaglia e o Acuña responderam”, relatou, esclarecendo não se ter apercebido de incidentes no aeroporto por ter chegado mais tarde devido ao controlo antidoping aos jogadores no estádio.

Já sobre a reunião da véspera do ataque, em 14 de maio, entre Bruno de Carvalho e elementos do ‘staff’ do clube, o secretário-técnico adjunto reiterou outros testemunhos anteriores, nos quais o ex-presidente do Sporting teria perguntado se estariam ao seu lado.

“O presidente perguntou se estávamos com ele, acontecesse o que acontecesse no dia de amanhã. Pensei que o treinador ia ser despedido, que viria um treinador novo e que teríamos de estar com o novo treinador. No final da reunião disse ‘amanhã lá nos vemos às 16:00’”, frisou, numa audição que se prolongou por cerca de três horas e meia. O julgamento prossegue agora na próxima quarta-feira.

O processo, que está a ser julgado no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e ‘Mustafá’ também por um crime de tráfico de estupefacientes.

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