Miguel Fonseca, advogado de Bruno de Carvalho, falou aos jornalistas esta tarde, no final da 22.ª sessão do julgamento do ataque à Academia de Alcochete, em que foram ouvidos os ex-jogadores do Sporting Rúben Ribeiro e Gelson Martins.

O representante do ex-presidente dos leões afirmou que há testemunhas que "parece que tiveram preparação" antes de irem a tribunal.

"Ficámos mais perto da verdade... Tal como ficámos na sessão anterior. Há pessoas de família, pais de filhos a serem julgados e é importante desmontar estas fantasias. O capitão tem de ser o elo de ligação entre administração e jogadores. Não tem de instruir ninguém a não falar com quem quer que seja. Houve testemunhas que parece que tiveram preparação para vir cá. Houve testemunhas preparadas. Eu gosto é das que dizem que não se lembram...", afirmou Miguel Fonseca no Tribunal do Monsanto, em declarações reproduzidas pelo jornal O Jogo.

Sobre o testemunho de Rúben Ribeiro, o representante de Bruno de Carvalho referiu: "Da parte da manhã percebemos que houve alguém que transmitiu falsamente que os jogadores não queriam falar com o presidente - Rui Patrício. Foi a testemunha [Rúben Ribeiro] que disse, não fui eu."

"Da parte da tarde soubemos que houve uma mensagem que transmitia que ia haver um ataque à Academia [refere-se a uma mensagem eventualmente enviada a um jogador]. Quem é que mandou tirar isso do processo? Isso poderia dar outros alvos ao processo. Porque é que o Ministério Público ocultou conversas entre jogadores e invasores? O Gelson também disse que só leu esta mensagem depois de ter acontecido. Não sei se outros sabiam, mas que houve informação, houve", disse Miguel Fonseca, quando questionado sobre o testemunho de Gelson Martins.

O advogado de Bruno de Carvalho acrescentou que o antigo presidente do Sporting "mantém contacto com jogadores". "Alguns deles que já prestaram depoimentos aqui e outros que ainda vão prestar. Há jogadores que não comeram aquilo que lhes puseram à frente, que foi que o presidente ordenou o ataque. Os jogadores eram como filhos para ele. São contactos cordiais", notou.

O processo, que está a ser julgado no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e ‘Mustafá’ também por um crime de tráfico de estupefacientes.