As ações da SAD do Sporting apenas negociaram 128 mil euros desde início do ano, um título com reduzida liquidez que nos últimos dias recuperou de quedas, depois de ter chegado a valer pouco mais de 60 cêntimos.
Desde início do ano, e apesar da turbulência dos últimos meses, as ações da Sporting SAD valorizaram-se 5,97% tendo fechado a 0,71 euros esta sexta-feira, ainda assim muito abaixo dos 1.000 escudos (o equivalente a cinco euros) a que entraram em bolsa em 1998.
As ações do Sporting, à semelhança dos outros clubes cotados (Benfica e Porto), têm poucas transações e são também as que estão disponíveis para negociação (‘free float’), cerca de 3%.
A SAD do Sporting tem como maior acionista o Sporting SGPS, com cerca de 64%, seguida da empresa Holdimo, de Álvaro Sobrinho, com 30%, e da Olivedesportos, de Joaquim Oliveira, com 3%.
O reduzido ‘free float’ das ações do Sporting e baixa liquidez do título fazem com que a capitalização bolsista seja pouco representativa do valor da empresa.
“É abusivo tirar grandes ilações do comportamento em bolsa das ações. O que interessava era saber o preço se grandes acionistas decidissem vender as ações”, disse o economista Filipe Garcia, da IMF – Informação dos Mercados Financeiros, à Lusa.
A mesma opinião é partilhada por Tiago Cardoso, da corretora XTB, que recordou que uma variação de 20% é apenas sobre o valor em ‘free float’ os cerca de 3%, e não tem impacto sobre os 97% de capital. Ou seja, é pouco indicativo do impacto em toda a sociedade.
Esta sexta-feira, as ações do Sporting fecharam a subir 4,41% (face a quinta-feira) para 0,71 cêntimos. Contudo, nessa sessão houve apenas sete transações em que foram negociadas 4.585 ações.
“Serve de indicação para ver o sentimento, mas sete transações não é nada. Por vezes, há grandes subidas ou grandes quedas apenas porque houve uma transação grande”, afirmou Tiago Cardoso.
Ainda assim, considerou que a decisão que será tomada hoje em assembleia-geral extraordinária do clube, que decidirá a continuidade ou não do presidente, Bruno de Carvalho, poderá ter implicações significativas na bolsa.
“Se houver revogação do Conselho Diretivo do clube parece-me que o mercado poderá digerir negativamente, porque não se sabe como será com a comissão de gestão”, afirmou, lembrando que no final de junho acaba também o mandato da gestão da SAD e que, caso Bruno de Carvalho deixe de ser presidente, não se sabe quem irá assumir as funções.
O Sporting tem ainda prevista uma emissão obrigacionista, que de momento está adiada.
A crise no Sporting agudizou-se em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns futebolistas e elementos da equipa técnica, com a GNR a deter 23 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva.
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