Quem disse que para se ser campeão não era preciso sofrer? O FC Porto terminou a primeira volta do campeonato isolado na liderança, depois de vencer o Vitória de Guimarães (4-2) numa partida em que, pela primeira vez, esteve em desvantagem na prova. Em fim de semana de Reis, Raphinha gelou o Dragão aos 22 minutos, mas a segunda parte trouxe ao de cima a magia de Aboubakar, Brahimi e Marega, este último a bisar na partida, deixando os 'azuis e brancos' com o título oficioso de campeões de inverno. Heldon ainda reduziu para os vimaranenses na reta final, mas sem efeitos práticos.
Ainda o jogo não tinha começado e já havia muito a dizer sobre a equipa portista: Óliver Torres era a grande novidade no onze. O médio espanhol não era titular no campeonato desde 9 de setembro de 2017 (121 dias), na vitória dos ‘dragões’ por 3-0 sobre o Chaves, uma recompensa pela boa entrada no encontro da última jornada, em Santa Maria da Feira, em que foi suplente utilizado.
Face ao castigo de Herrera, Sérgio Conceição optou por lançar o médio à frente de Danilo Pereira. Diego Reyes, outra novidade, fez parceria com Marcano no eixo da defesa, uma vez que também Felipe estava castigado. O técnico dos ‘dragões’, de resto, optou por uma formação de ataque, com Óliver, Corona, Brahimi, Marega e Aboubakar.
Já Pedro Martins fez apenas uma mudança em relação à equipa que defrontou o Tondela, para o campeonato, trocando Sturgeon por Hurtado. Tallo Jr foi aposta na frente, com o apoio do trio Heldon, Hurtado e Raphinha no meio-campo ofensivo.
A partida arrancou logo com uma situação de perigo na área do Vitória de Guimarães: Marega tentava chegar a um passe em profundidade, mas Douglas saiu em carrinho, cortando a bola pela lateral.
Os vimaranenses tentavam condicionar a circulação de bola do FC Porto, mas também não conseguiam incomodar José Sá. E perante um ‘dragão’ absolutamente avassalador em casa, a tarefa tornava-se cada vez mais difícil com o avançar do relógio. Aos 8’, Ricardo cruzou de primeira para a área e Marega tentou a assistência, mas a defesa minhota conseguiu afastar o perigo. Na sequência do lance, o avançado portista ficou a reclamar falta, mas Artur Soares Dias mandou seguir.
A equipa de Pedro Martins ia resistindo às investidas do FC Porto – Brahimi, sem qualquer marcação na área, falhou o remate aos 21’ – e chegou ao golo contra a corrente do jogo, por intermédio de alguém que já chegou a ser associado aos ‘azuis e brancos’: cruzamento na direita de Victor Garcia, com Raphinha (22’) a aparecer solto nas costas de Ricardo e a desviar com o pé esquerdo para o poste mais distante.
Era a primeira vez que os ‘dragões’ se viam em desvantagem esta temporada, para o campeonato. Pedro Martins bem tinha avisado que esta noite seria diferente da goleada sofrida pela sua equipa no Dragão, cerca de um mês antes, para a Taça de Portugal.
Antes da meia-hora de jogo, os homens de Sérgio Conceição voltaram a pedir duas grandes penalidades, não atendidas pelo árbitro: aos 24 minutos, Marega caiu na área e ficou a queixar-se de uma suposta falta de Marcos Valente; aos 27’, o maliano rematou na área contra Jubal, ficando a pedir corte com o braço.
Os homens de Sérgio Conceição continuaram à procura do empate, mas iam esbarrando na defesa vitoriana e num muito atento Douglas. Por outro lado, havia alguma precipitação nos passes dos ‘azuis e brancos’ – exemplo disso o falhanço de Telles, com Brahimi a dois metros, mas Corona era o mais desinspirado neste capítulo. Já perto do intervalo, o jogador argelino, um dos mais inconformados em campo, rodou sobre Victor Garcia e cruzou para a boca da baliza, mas não havia ninguém para desviar...
A segunda parte começou, como seria de esperar, com o FC Porto a carregar sobre o Vitória de Guimarães. Aos 50’, Douglas teve de voar para travar o cabeceamento com selo de golo de Vincent Aboubakar. Logo a seguir, Brahimi recuperou a bola na esquerda e cruzou para a pequena área, mas o desvio de Marega não encontrou a baliza. Na recarga, Danilo atirou muito por cima.
O (anunciado) empate chegou pouco depois, aos 57’, na sequência de um grande movimento de Aboubakar, a fazer o seu 14.º golo no campeonato: cruzamento de Corona na direita, com o avançado camaronês a rematar de primeira no coração da área, restabelecendo a igualdade no marcador.
A partir daí, tudo tornou-se mais fácil para os ‘dragões’ e a reviravolta chegou naturalmente, com o génio de Brahimi a fazer das suas (62’): o argelino recebeu de Alex Telles à entrada da área, fintou Jubal e picou a bola sobre Douglas, fazendo o 2-1.
Já em vantagem, Sérgio Conceição aproveitou para mexer na equipa, lançando Hernâni para o lugar de Corona. Pedro Martins fez o mesmo e tirou Francisco Ramos para dar lugar a Sturgeon. Aos 73', já depois de um pequeno susto com Danilo, Hernâni caiu na área, ficando a pedir penálti. Artur Soares Dias ainda consultou o videoárbitro mas acabou por mandar a seguir.
Mas não foi preciso um penálti para deixar o 'dragão' mais confortável, porque Marega decidiu afinar a pontaria e fazer estragos na baliza de Douglas. Por duas vezes. Aos 79 minutos, um cruzamento milimétrico de Hernâni encontrou o maliano no coração da área, a cabecear sem esforço para o 3-1. Aos 83', novo centro da direita, agora de Ricardo Pereira, para Marega, uma vez mais, desviar na pequena área, com o pé direito, para o fundo da baliza.
O Vitória de Guimarães ainda reduziu por intermédio de um dos seus principais desequilibradores, Heldon, a recuperar uma bola perdida por Diego Reyes, tirando um adversário do caminho e rematando rasteiro, com a bola a desviar no poste antes de entrar. Nada que beliscasse o resultado final e a confirmação do FC Porto como líder invicto do campeonato.
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