Os números finais de 3-0 passam a impressão de um jogo fácil do Benfica diante do Belenenses, no Estádio da Luz, para a 12ª jornada da Liga. Porém, ao saber-se que o campeão nacional só chegou ao golo na última meia hora, as impressões de facilidade esfumam-se num ápice. Tal como já havia acontecido recentemente contra o Arouca, este Benfica está a tornar-se mestre em fazer os adeptos esperar pela resolução dos jogos. Afinal, a paciência é também uma virtude no futebol.
Num clássico lisboeta com vista para o grande clássico da próxima jornada, entre Benfica e FC Porto, os onzes não tinham surpresas. Jorge Jesus fez alinhar a equipa habitual das últimas semanas e Lito Vidigal confirmou o cenário desenhado durante a semana, ao excluir Deyverson e Miguel Rosa da sua formação no jogo contra o antigo clube. Uma polémica que está para durar e à qual o técnico dos azuis do Restelo reagiu com visível incómodo posteriormente. Já Jorge Jesus preferiu valorizar a segurança do triunfo na conferência de imprensa.
Se a primeira parte foi parca em motivos de interesse, contando-se apenas algumas ocasiões de golo desperdiçadas por Gaitán e Luisão e tímidas investidas do Belenenses, seguimos já para a análise da segunda parte. E esta começou logo com uma alteração que seria decisiva: a entrada de Lima para o lugar de Talisca.
A atravessar um prolongado jejum de golos, pedia-se a Lima que o quebrasse. Dito e feito. O Benfica reforçara a sua pressão sobre a defesa do sexto classificado da Liga e Enzo Pérez e Gaitán subiam de rendimento, arrastando consigo a equipa para um patamar mais elevado.
Assim, em cinco minutos o Benfica solucionou os problemas que o Belenenses lhe começava a causar, apesar do acerto revelado pelo quarteto defensivo de Jorge Jesus (André Almeida, Luisão, Jardel e Maxi Pereira). Aos 64’, Lima fez o 1-0 na sequência de uma jogada arquitetada “com muita cabeça” pelos encarnados.
Cinco minutos depois, foi Enzo Pérez a marcar o 2-0 e colocar um ponto final na discussão da partida, convertendo com sucesso uma grande penalidade algo duvidosa. O médio exibiu toda a sua classe no remate e sairia perto do fim para a ovação e para não arriscar um cartão amarelo que o retirasse do jogo do Dragão, à semelhança do que aconteceria com Maxi Pereira.
Nesta fase a atuação do Benfica já se transfigurara: confiante, audaz e perigoso. Um absoluto contraste com a primeira parte apagada da equipa. Quanto ao Belenenses, a ausência dos seus dois elementos mais talentosos deixou a equipa “coxa” no ataque, incapaz de causar danos na Luz. Eram agora meros figurantes no relvado, resignados a um papel secundário no jogo. Nos minutos finais, Gaitán reclamou protagonismo com uma jogada genial culminada com a assistência para o golo de Salvio, aos 82’, num cabeceamento fácil para a baliza de Matt Jones. Quando a arte se alia à eficácia o futebol até parece um jogo simples.
Numa prestação segura, mas algo irregular, o Benfica carimbou a sua liderança até ao clássico da próxima jornada, contra o FC Porto. E na discussão do primeiro lugar na próxima jornada falta saber se a paciência voltará a ser uma virtude encarnada…
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