O jogo no Estádio do Dragão não foi bonito. Para quem esperou seis anos para voltar a ver um dérbi da cidade do Porto acabou por ver um duelo com duas equipas que lutam por objetivos muito diferentes. Antes de ser relegado para a II Liga, e por ai abaixo, o clube do Bessa lutava por lugares europeus e estava na categoria de 'equipas a temer'.
Ontem, no Estádio do Dragão, o Boavista apresentou-se com espírito de equipa pequena, e sem vergonha de o assumor. Há, com certeza, criticas quanto à postura dos boavisteiros, que prejudicaram o futebol agradável e competitivo, mas a formação comandada por Petit não se pode dar ao luxo de encarar este Dragão, que vinha de uma goleada (6-0) da Liga dos Campeões, olhos nos olhos. O Boavista é limitado enquanto equipa. Por isso é que terminou o encontro com 31% de posse de bola. E ao intervalo era de 18%.
O FC Porto entrou avassalador como sempre, mesmo tendo apresentado muitas novidades no onze (Andrés Fernández na baliza, José Ángel e Marcano na defesa, Evandro e Ruben Neves no meio-campo e Tello na frente), e tudo estava a correr bem até à expulsão de Maicon aos 25 minutos com cartão vermelho direto. Aqui nada a assinalar, entrada agressiva por parte do central brasileiro aos pés de Anderson Correia numa zona onde não havia perigo, e na cara do quarto árbitro.
Com dez jogadores, Lopetegui não se amedrontou e jogou com três defesas – Marcano - Danilo – José Fernàndez.
Ao intervalo, o nulo permanecia e a chuva dava tréguas, depois de quase ter adiado o dérbi da Invicta.
Na segunda parte, o Boavista encheu o peito, sabia que a sua oportunidade para surpreender era no reatar do encontro. E fê-lo. Mas a inexperiência dos axadrezados foi mais forte nos momentos decisivos. Do outro lado, os experientes Jackson Martínez, Tello e a estrela Brahimi também falharam, daquelas que os adeptos do FC Porto só conseguem levar as mãos à cabeça.
Na segunda parte, Casemiro entrou para o lugar de Evandro e formou o quarteto defensivo. Rúben Neves ficou mais solto para as suas obrigações ofensivas e fê-lo com distinção. Quaresma também saiu do banco, mais animado, mas ficou-se por aí.
O FC Porto foi claramente superior ao Boavista, mas recordemos o que disse o treinador Petit antes do jogo: “É claro que respeitamos o FC Porto mas vamos tentar conquistar pontos”. Os do Bessa não estavam à espera de vencer no Dragão. Eles querem pontos para se manter no escalão principal do futebol português depois de uma época conturbada. O FC Porto, espicaçado pela vitória do Benfica diante do Moreirense, quer vencer tudo. Mas para vencer há que marcar golos.
“Chegámos 22 vezes à baliza e não marcámos nenhum golo. É absolutamente injusto. A equipa fez um grande esforço, com um homem a menos”, isto foi Lopetegui a dizer depois do jogo.
"A nossa estratégia passava por sermos solidários, com bloco baixo, compacto, e procurar sair em transições rápidas", disse Petit depois do jogo.
Lutas por finais diferentes mas o caminho era o mesmo.
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