A pergunta era simples e direta. Estarão os maiores adeptos de cada clube da I Liga de acordo com o regresso do futebol?

Manuel do Laço, o adepto mais emblemático do Boavista, é da opinião que “devia ter acabado”, preferindo o recomeço da uma nova prova em agosto, até porque diz mesmo que um “estádio sem assistência é um céu sem estrelas”.

A mesma opinião tem Luís Carneiro, adepto fervoroso do Desportivo das Aves, atual último classificado da I Liga: “Acho que o campeonato ja deveria ter sido suspenso, mesmo que isso significasse a descida de divisão do meu clube.”

José Miguel Costa, mais conhecido como o Bispo do Benfica, diz mesmo que a I Liga “havia de ter sido suspenso, sem título de campeão”.

Bruno Santos, líder da claque Nação Barcelense 06, do Gil Vicente, diz mesmo que o regresso do campeonato “não tem jeito nenhum”.

Nuno Rodrigues, que pertence à claque Fama Boys, também é dos que não concorda com o regresso do futebol, sublinhando ser um perigo à saúde pública.

“Neste momento o mais importante é a saúde de todos. Os jogadores, equipas técnicas, funcionários dos clubes e todos os outros intervenientes também têm famílias e estão constantemente expostos a contrair o vírus e a transmiti-lo aos seus familiares”, critica o adepto famalicense.

António Correia é membro da claque Fanatics 13, do Marítimo, é a favor da suspensão e que só devia ser “retomado quando a pandemia estivesse completamente controlada”. Porém, de acordo com o adepto insular, “interesses monetários estão por cima de qualquer massa adepta.”

Quem também tem uma opinião muito formada sobre o assunto é Júlio Silva, adepto do Moreirense, acreditando que o melhor para todos seria mesmo um ponto final na edição 2019/20 da I Liga na altura em que foi decretado Estado de Emergência em território português.

"O mais importante do futebol são os adeptos, e o futebol deve (ou devia) ser sempre trabalhado na ótica do adepto. Então, se os adeptos não podem estar presentes, o jogo não se deve realizar. Um jogo de futebol é muito mais que as duas equipas a correrem atrás da bola durante os 90 minutos, há uma envolvência criada pelas massas associativas que não vai existir e, desta forma, vamos assistir a decisões importantes do campeonato em jogos que se vão assemelhar aos jogos de pré-época sem adeptos e sem emoção”, acrescentando que está consciente de que o futebol está “está dependente de contratos publicitários e de transmissões televisivas”.

João Borges, adepto fervoroso do Rio Ave e presidente da associação de apoio ao clube, os Ultra Verdes, afirma que “o ideal será sempre as competições realizarem-se e disputarem-se até ao fim”, falando ainda de “justiça relativamente a todas as outras divisões e até ao restante desporto em geral”.

Rodrigo Fonseca, líder da Febre Amarela, em Tondela, mostra-se divido com o retomar da prova, confessando mesmo “estar dividido“.

“Se calhar estava mais inclinado para a suspensão, mas havendo praias, restaurantes a abrir, hotéis a abrir, acho que o mesmo deve acontecer com o futebol. E acho que podiam encontrar medidas para ter na mesma pessoas no estádio, não com a mesma lotação, como é óbvio, mas talvez abrir os recintos a alguns adeptos”, diz o adepto da equipa beirã.

Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, afirma que “se existem condições de segurança”, é a “favor do regresso do campeonato”.

Carlos Freitas, mais conhecido como Kalicas, é um dos apoiantes mais conhecido no Estádio D. Afonso Henriques, e também partilha da opinião do líder da claque portista. “Para mim, não faria nenhum sentido suspender as competições com tanta coisa em jogo”, diz o adepto vitoriano.

António Serra, responsável da claque do V. Setúbal - VIII Exército - diz até que "havia condições para que o campeonato terminasse”, mas está de acordo com o seu regresso, mesmo achando que “faz falta o público nas bancadas”.

Dona Melinha, o rosto mais emblemático nas bancadas do Estádio Municipal de Braga, confessa mesmo que se o campeonato tivesse dado como terminado “seria a morte” para ela.

Miguel Ribeiro é um dos mais fieis seguidores do Paços de Ferreira e também concorda que a bola volte a rolar a partir de 03 de junho, desde que estejam reunidas as “condições de segurança para todos e que o resultado seja positivo” no final de contas.

Vivaldo João, adepto do Portimonense, concorda “com os jogos à porta fechada“ e ainda mantém a “esperança de ir ver os jogos” ao estádio.

O Santa Clara e o Belenenses vão disputar as suas partidas caseiras no Estádio Cidade de Futebol e Alberto Medeiros, adepto do emblema açoriano, afirma que “o campeonato joga-se é em campo e não na secretaria.” Já Alexandre Santos (nome fictício) é um dos membros da página 'Belém XXI', uma página de apoio ao clube lisboeta, é da opinião que o campeonato deveria ter sido suspenso, explicando que o que aconteceu em França não iria ter o mesmo efeito que em Portugal, uma vez que lá “o campeão estava mais ou menos definido”. O adepto do Belenenses deixou ainda duras críticas quanto ao tratamento diferente no futebol português.

“Não vejo diferença entre o campeonato da liga profissional e o da segunda divisão que acabou. Eu acho que é uma falácia nós pensarmos que o que interessa é a Primeira Liga, porque isso é estar a enganar as pessoas”