O Sporting de Braga e o Vitória de Guimarães foram esta quarta-feira alvo de buscas nas suas instalações no âmbito do Processo Fora de Jogo.
O SAPO Desporto responde-lhe às cinco principais dúvidas sobre este processo.
Quando começou o processo Fora de Jogo?
Esta operação surge depois de uma investigação iniciada em 2015, que contou com a colaboração das autoridades fiscais de Espanha, França e Inglaterra. Este caso, que visa negócios obscuros do futebol português, teve origem nas revelações feitas por Rui Pinto no site 'Football Leaks'.
Quais são os contratos investigados no Processo Fora de Jogo?
Em março de 2020, a comunicação social avançou que os contratos investigados envolviam cinco clubes do campeonato nacional de futebol.
- FC Porto (Danilo Pereira, Danilo, Imbula, Casillas, Osvaldo, Hernâni, Mangala, Jackson, James Rodríguez, Falcao, Evandro e Maxi);
- Benfica (Rafa, Jimenez, Jonas, Carrillo, Júlio César e Ola John);
- Sporting (Tanaka e Bruno César);
- Sporting de Braga (Dyego Sousa, Fransérgio, Eder, Zé Luís e Pablo Santos);
- Rio Ave (o treinador Pedro Martins).
Já esta quarta-feira, os contratos em investigação são os de Galeno (do FC Porto para o Sporting de Braga) Loum (do Sporting de Braga para o FC Porto), Hernâni (do Vitória de Guimarães para o FC Porto), Mikel Agu (do FC Porto para o Vitória de Guimarães) e Ricardo Pereira (do FC Porto para o Vitória de Guimarães).
O que está em causa no processo Fora de Jogo?
Em causa estão suspeitas da prática de factos suscetíveis de integrarem crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.
As buscas desta quarta-feira focam-se em suspeitas de negócios simulados entre clubes de futebol e terceiros, com valores a rondar os 15 milhões de euros.
"Em causa estão suspeitas de negócios simulados, celebrados entre clubes de futebol e terceiros, que tiveram em vista a ocultação de rendimentos do trabalho dependente, sujeitos a declaração e a retenção na fonte, em sede de IRS, envolvendo jogadores de futebol profissional. Os valores envolvidos rondarão os 15 milhões de euros", detalhou o DCIAP.
Quem está envolvido no processo Fora de Jogo?
No âmbito da investigação denominada "Operação Fora de Jogo" foram constituídos 129 arguidos, entre os quais jogadores de futebol, agentes, advogados e dirigentes.
Em março de 2020 foram feitas buscas nas SAD's de Benfica, FC Porto, Sporting, Braga, Vitória de Guimarães, Marítimo e Portimonense.
Nessa altura, a residência do portuense Jorge Mendes, empresário e agente FIFA, e a sede da sua empresa Gestifute, em Lisboa, foram igualmente alvo de busca, assim como vários escritórios de advogados, incluindo o de Carlos Osório de Castro, advogado da Gestifute.
Além disso foram ainda realizadas buscas nas residências de Pinto da Costa, Luís Filipe Vieira, Frederico Varandas (é visado mas por negócios não realizados pela sua gestão), António Salvador (presidente do Braga), mas também nas residências de jogadores como Casillas, Jackson Martinez, Maxi Pereira, Danilo Pereira.
As buscas de segunda-feira ao FC Porto estão ligadas ao processo Fora de jogo?
Não é certo que as duas situações estejam relacionadas.
As buscas de segunda-feira às instalações da SAD do FC Porto estiveram ligadas a suspeitas de crimes de abuso de confiança, fraude fiscal e branqueamento de capitais que tiveram a sua génese em movimentos financeiros relativos a transferências de jogadores de futebol.
Em comunicado, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) referiu que nessa investigação estão "factos ocorridos pelo menos desde 2017 até ao presente, com forte dimensão internacional e que envolvem operações de pagamento de comissões de mais de 20 milhões de euros"
Fonte ligada ao processo confirmou à Lusa que este inquérito é um processo autónomo da operação ‘Cartão Vermelho’.
No entanto, apesar de não ser possível confirmar que as duas situações estejam ligadas, a verdade é que, em 2020, o FC Porto foi um dos alvos das buscas do Processo Fora de Jogo.
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