Foi um Sporting mais pragmático e com menos ´nota artística` aquele que foi até ao Bessa ´sacar` os três pontos e ´dormir` na liderança da Liga, ao cabo de 14 jornadas. Num jogo difícil e com uma primeira parte menos conseguida, o golo de Coentrão à beira do intervalo facilitou a vida de Jesus. No segundo tempo, entrou em cena o quinto momento de um jogo de futebol, segundo JJ: a bola parada. E aí o Sporting é muito forte. Liderança isolada, à espera do que faz o FC Porto no Bonfim.
O jogo: Podence ajudou Coentrão a salvar a 1.ª parte antes de as ´torres` entrarem em cena
As dificuldades sentidas pelo Sporting no primeiro tempo podem ser explicadas pela forma como Jorge Simão montou a equipa. Com Rochinha na frente, a vaguear de um lado para o outro, e Kuca na direita, a tentar ganhar a Fábio Coentrão, o jogo do Boavista assentava mais em não deixar o Sporting jogar. Vítor Bruno, lateral esquerdo, jogou adiantado no terreno, com a missão de ajuda Talocha a fazer frente a Gelson. No meio, Idris, Fabio Espinho e David Simão superiorizavam-se em número e em vontade frente a William e Bruno Fernandes. A luta ia ser por aí.
Com tanta luta a meio-campo e com pouco espaço, não era de estranhar que nenhuma equipa tivesse criado uma verdadeira oportunidade de golo. Até surgir Podence a bailar na direita. O golo nasce porque o Sporting inverteu a ordem dos ´peões` lá na frente: Bas Dost, sempre longe do jogo, teve de recuar para ganhar de cabeça e servir o jovem extremo. O holandês ficou fora da área a ver o bailado de Podence perante Talocha, antes do centro que encontrou a cabeça de Coentrão ao segundo poste. O Boavista tinha seis homens na área para três do Sporting, mas ninguém estava com Coentrão.
Se havia um momento perfeito para marcar, depois daquilo que as duas equipas tinham oferecido nos primeiros 45 minutos, esse era o momento certo. Porque obrigou Jorge Simão a pensar em outra estratégia e ajudou Jesus a definir a melhor forma de vencer num campo sempre complicado para os ´três grandes`. Refez o meio-campo a três, com Battaglia ao lado de William, criando um tampão à frente da defesa, ganhando tudo o que era bola naquela zona do terreno. O Boavista, que tinha feito uma primeira parte bem interessante a nível defensivo e que se tinha aventurado várias vezes na frente, ficava sem espaço de manobra para ferir um ´leão` que tem vindo a substituir a ´nota artística` pelo pragmatismo.
Depois foi preciso chamar a ´força aérea` para derrubar o que restava do Boavista. Fazendo jus ao título de equipa com mais golos em lances de bola parada na Liga (12, contra 10 do Benfica), o Sporting aproveitou a estatura para lá do 1,90 metros de Mathieu e Bas Dost para selar o triunfo, com dois desvios do ´holandês voador`, em dois lances em que o central francês ganhou nas alturas: no primeiro a bola foi ao poste e Bas Dost recargou, no segundo o avançado aproveitou a assistência de cabeça de cabeça do ex-Barcelona para selar o triunfo, um minuto depois de Mateus ter reduzido para 1-2 e dado alguma esperança aos axadrezados.
A partir daí só de Sporting que foi controlando o jogo como quis, perante um Boavista já se forças para fazer o que quer que fosse. Patrício teve uma noite descansada.
A vitória permite ao Sporting manter a invencibilidade na Liga ao cabo de 14 jornadas, algo que não acontecia há 23 anos. Os ´leões` passaram a ser a equipa com melhor ataque fora de portas, com 17 golos, mais 10 que o Benfica, a equipa que aparece em segundo neste capítulo. De referir que a equipa de Jorge Jesus marca mais fora do que em casa.
Momento-chave: Holandês voador acabou com as esperanças axadrezadas
Mateus tinha acabado de reduzir para 1-2 aos 66 minutos, após asneira de Coates. O jogo podia ser relançado, mas no minuto seguinte, Mathieu ganhou nas alturas após canto e Bas Dost encostou para o 3-1 final. O jogo ´morria` aí.
Os melhores: Podence desbloqueou entrada dos ´caças` em ação
Foi a ´magia` de Podence que desbloqueou o jogo, com um bailado frente a Talocha que deixou a defensiva axadrezada desposicionada. Coentrão deu melhor sequência ao lance e deixou tudo menos difícil. O bis de Bas Dost veio confirmar a reviravolta, naquele que foi o 12.º golo em 14 jogos. Destaque também para Mathieu: muito sólido a defender, a ler sempre bem o jogo e ainda a ir lá à frente ajudar Bas Dost. Do lado do Boavista, Rochinha foi o melhor.
Os piores: Pantera gastou todos os cartuchos no 1.º tempo
O Boavista prometeu complicar e muito a vida ao Sporting com uma primeira parte de bom nível, principalmente a defender, mas no segundo tempo não teve argumentos nem defensivos nem ofensivos para fazer frente ao poderio leonino. A equipa foi muito abaixo com os golos e, depois, faltou força física e anímica para reagir.
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