O presidente do Benfica entre 03 de Novembro de 1997 e 31 de Outubro de 2000, que começa a ser julgado a 12 de Outubro pelos crimes de peculato e outros para se apropriar de quatro milhões de euros gerados pelas transferências de quatro jogadores, recebeu 1,2 milhões de libras do West Ham pela venda dos direitos desportivos de Gary Charles.
O valor da transacção do inglês foi transferido a 06 de Outubro de 1999 para conta no Barclays Bank da sociedade Vale e Azevedo & Associados, uma das duas utilizadas para movimentos do clube devido à penhora decretada a algumas contas do Benfica, de 24 de Abril a 13 de Junho de 1998.
O despacho de acusação a que a agência Lusa teve acesso refere que Vale e Azevedo "não entregou o acordo celebrado" com o West Ham no Benfica e "ocultou o recebimento e apropriação de 1,2 milhões de libras, que não figuram assim como crédito” do clube.
Em 07 e 08 de Outubro de 1999 procedeu a várias "transferências para contas de sociedades que não tinham qualquer relação comercial com o clube e de que o arguido era sócio ou dono", nomeadamente a "holding" Sojifa e a JFI, sedeadas em paraísos fiscais.
As transferências visaram a aplicação de fundos entre empresas de Vale e Azevedo e o pagamento de despesas "do foro privado", entre as quais "despesas correntes da tripulação e manutenção do iate 'Lucky Me'", cuja segunda prestação, no valor de 500 000 libras, foi paga após falsificação do contrato de transacção de Scott Minto para o West Ham.
Alguns valores dessas transferências, comunicadas aos serviços de contabilidade "como se tivessem sido pagamentos de despesas do Benfica com dinheiro seu", foram reclamados por Vale e Azevedo na conta corrente que apresentou após a saída do clube, depois de derrotado por Manuel Vilarinho no ato eleitoral de 28 de Outubro de 2000.
A 08 de Março de 2000, Vale e Azevedo deu instruções para que o Southampton transferisse 200 000 libras para uma conta na Madeira da Sojifa pela cedência dos direitos desportivos do marroquino Tahar el Khalej.
O crédito foi confirmado dois dias depois, após o qual o então presidente do Benfica, sem dar conhecimento ao clube, repetiu os procedimentos de circulação de verbas e voltou a realizar pagamentos, que, mais tarde, reclamou ao clube.
Das 200 000 libras transferidas pelo Southampton, apenas ordenou que "fosse inscrita na escrituração dos movimentos existentes na contabilidade, com a designação conta corrente João Vale e Azevedo", a verba de 72 216,55 libras.
Advogado de profissão, Vale e Azevedo, expulso de sócio do Benfica a 14 de Maio de 2005, foi condenado em vários processos e, a 25 de Maio de 2009, o Tribunal Criminal de Lisboa fixou o cúmulo jurídico em 11 anos e meio de prisão, decisão em recurso.
O antigo presidente do Benfica encontra-se em Londres com termo de identidade e residência e com passaporte confiscado, a aguardar a decisão do Tribunal de Westminster sobre pedido de extradição das autoridades portuguesas.
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