O FC Porto, de Sérgio Conceição, dominou de forma clara a metade inicial da I Liga portuguesa de futebol, mas, feitas as contas, o Sporting só está a dois pontos, e o tetracampeão Benfica a cinco.
Com mais vitórias (14), o melhor ataque (45 marcados) e a melhor defesa (nove sofridos), os ‘dragões’ só não têm uma vantagem superior no final da primeira volta porque os ‘leões’ foram felizes em várias ocasiões e os ‘encarnados’ venceram algumas vezes jogando muito mal.
Ainda assim, o FC Porto é um ‘campeão de inverno’ – pela 30.ª vez e primeira desde 2010/11 – isolado, com um registo de pontos (45) igual ao de 2012/13, temporada em que conquistou o título nacional pela última vez, no ‘milagre’ de Kelvin.
Os ‘dragões’ partiram até teoricamente fragilizados, face ao ‘fair-play’ financeiro da UEFA, mas isso acabou por ser a sua sorte, já que, em vez que contratarem mais uma série de jogadores de qualidade duvidosa, tiveram de contentar-se com o regresso dos emprestados, que antes não serviam e agora foram decisivos.
Ricardo (estava cedido ao Nice) foi importante, enquanto Aboubakar (Besiktas) e Marega (Vitória de Guimarães), cada qual com 14 golos, foram determinantes, formando com Brahimi um temível trio ofensivo, decisivo nos 45 golos que os ‘azuis e brancos’ não atingiam, à 17.ª ronda, desde 1995/96 (46).
O técnico Sérgio Conceição, também ele a solução possível, tem igualmente uma grande quota-parte nesta ‘conquista’, pela forma como colocou a equipa a jogar e liderou o grupo, ‘sentando’ sem problema ‘estrelas’ como Casillas, Maxi Pereira ou Óliver.
Ainda assim, o ex-técnico do Nantes deve lamentar os seis pontos perdidos, pois o FC Porto fui superior face ao Sporting (0-0 em Alvalade) e ao Benfica (0-0 no Dragão) e, na Vila das Aves (1-1), esteve ganhar e pagou caro a expulsão de Corona.
A exemplo de FC Porto, que repetiu a invencibilidade de 2012/13, o Sporting também atingiu o final da primeira volta sem derrotas, registo que não conseguia desde 1994/95, mas, ainda assim, com menos um ponto (43) do que em 2015/16, na época de estreia de Jorge Jesus.
Os ‘leões’ somaram quatro empates, com FC Porto (0-0) e Benfica (1-1), sendo inferiores, com o Sporting de Braga (2-2), num jogo em que Bruno Fernandes salvou a invencibilidade com um penálti aos 90+5 minutos, e em Moreira de Cónegos (1-1).
A situação podia ser bem pior, não fossem três tentos de Bas Dost, mais ou menos polémicos, marcados sobre o final, com Vitória de Setúbal (1-0, de penálti, aos 86) e nos redutos de Feirense (3-2, de penálti, aos 90+8) e Rio Ave (1-0, aos 85).
O ‘salvador’ do jogo com os ‘arsenalistas’ foi o reforço em maior destaque, mas impuseram-se mais cinco no ‘onze’, casos de Piccini, Mathieu, Fábio Coentrão, Battaglia e Acuña.
Dos que permaneceram, brilharam, sobretudo, Gelson Martins, o grande desequilibrador, Bas Dost, o finalizador (16 golos), e o guarda-redes Rui Patrício, que deu muitos pontos a ganhar.
O FC Porto não teve oscilações, e o Sporting ‘tremeu’, mas não caiu, ao contrário do Benfica, que teve enormes ‘altos e baixos’ nas primeiras 10 jornadas, com dificuldades em ‘esquecer’ o ‘adeus’ de Ederson, Nelson Semedo, Lindelöf e Mitroglou.
O desaire no Bessa (1-2), com ‘frango’ de Varela, e o empate no Funchal (1-1), em ambos desperdiçando vantagens iniciais, deixaram marcas, mais do que o 1-1 em Vila do Conde, e as exibições caseiras com Portimonense (2-1) e Feirense (1-0) quase custaram mais pontos.
Perante este cenário, e com o ‘desaparecimento’ de Seferovic, que começou a época em ‘grande’, Rui Vitória trocou o ‘4-4-2’ pelo ‘4-3-3’, com a introdução de Krovinovic, e o Benfica melhorou, com cinco vitórias e dois empates, face aos outros ‘grandes’.
Numa época em que foi a pior equipa da ‘Champions’ e já caiu da Taça de Portugal e da Taça da Liga, manteve-se ‘in-extremis’ na corrida a um inédito ‘penta’, muito também por causa de Jonas e dos seus 20 golos, um registo à Mário Jardel.
O Benfica, que soma os mesmos 40 pontos da primeira época de Rui Vitória, rumo ao ‘tri’, e só menos dois do que a época passada, está a cinco do FC Porto e a três do Sporting e só tem mais três do que o Sporting de Braga.
Após um início ‘falhado’, com três derrotas nas primeiras cinco rondas, os ‘arsenalistas’ somaram 10 triunfos nas derradeiras 12 – 2-2 em Alvalade e 0-1 no Funchal -, com Abel Ferreira a apostar na rotação e o coletivo a sobrepor-se, com cinco jogadores a apontarem quatro golos e 11 tentos a virem do banco.
A formação bracarense dificilmente entrará na luta pela ‘Champions’, esta época só para os dois primeiros, mas tem a Liga Europa quase garantida, face aos 10 pontos à maior sobre os quintos colocados, Rio Ave e Marítimo.
Os vila-condenses, de Miguel Cardoso, primaram pelo futebol positivo, bonito, com posse de bola, enquanto os insulares, de Daniel Ramos, fizeram dos Barreiros a sua fortaleza, ‘quebrada’ pelo Desportivo de Chaves, após 23 jogos de invencibilidade.
Mais abaixo, nos 23 pontos, seguem um Desportivo de Chaves em crescendo e um Vitória de Guimarães muito irregular, liderado por 10 golos de Raphinha, o melhor marcador entre os ‘pequenos’.
A fechar a primeira metade, surge o Boavista, que impôs a única derrota a um ‘grande’ na primeira volta (2-1 ao Benfica) e segue nove pontos acima da ‘linha de água’ (23 contra 12), afigurando-se como a última equipa em situação relativamente tranquila.
Tondela, lançado para não necessitar de mais um ‘milagre’ a acabar, e Belenenses encabeçam a segunda metade, com 19 pontos, e não podem facilitar, tal como o promovido Portimonense, com 18, e o quinto melhor ataque (23 golos), e o Feirense, com 17.
Pior, com 14 pontos, estão Desportivo das Aves, Moreirense e Paços de Ferreira, que já procura o terceiro treinador, enquanto, nos lugares ‘malditos’, com 12, situam-se o Vitória de Setúbal, do ‘resistente’ José Couceiro, e o Estoril-Praia.
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