Tiago Pinto deixou recentemente o cargo de diretor desportivo da Roma, onde trabalhou com José Mourinho e deixou obra feita, conseguindo atrair grandes jogadores como foram os casos de Tammy Abraham, Dybala e Lukaku.

Face ao trabalho realizado têm sido veiculadas algumas que dão conta do interesse do Newcastle. Em entrevista ao iNews, Tiago Pinto falou do seu trajeto profissional, do trabalho de "pesadelo" nos três primeiros meses de Benfica e da relação com José Mourinho.

"O meu percurso no futebol é muito diferente do da maioria das pessoas. Estudei economia e pedagogia na universidade e depois geri cinco clubes, todos com plantéis e culturas diferentes. Aprendi muito. Aprendi com o meu primeiro presidente no Benfica. Costumava entusiasmar-me quando fechávamos um negócio. Mas ele dizia-me 'Se fechámos negócio, significa que podíamos ter feito melhor'. Ele queria dizer que, no momento em que fechas o negócio, a outra parte também está satisfeita, e isso não é positivo. Podes sempre fazer um pouco mais, um pouco melhor. Acho que é uma maneira muito boa de olhar para as coisas", elucidou.

Como foi a mudança do futebol para as modalidades. "É a primeira vez que alguém me pergunta sobre isso, mas não foi o que pareceu. Nas modalidades, estava protegido, porque as pessoas não falavam muito delas, mas, no futebol, o país vive com o Benfica. Se alguém se lesiona no treino, todos os jornais e comentadores falam sobre isso. Foi muito difícil, enquanto grande adepto. Toda a minha família apoia o Benfica. A minha mãe organizava o jantar durante o fim de semana ou quando o Benfica jogava em torno dos jogos. Se o Benfica jogasse às 19h, comíamos às 21h, depois do jogo. Se o Benfica perdesse, o meu pai não comia. Foi muito difícil, no início. Sentia pressão, 'Agora, não podes falhar'. Todos os meus tios e primos apoiam o Benfica. Mas, aos poucos, aprendi a fazê-lo. O presidente foi muito importante, mas o treinador [Rui Vitória] também."

Tiago Pinto deixou a Roma em janeiro e não se mostra arrependido com a decisão. "Quando saí da Roma, pensei muito sobre o assunto e senti que era o momento certo, o fim de um ciclo. Foi um grande desafio, mas gosto de correr riscos. Trabalhar com Mourinho: "Não me interpretem mal, quando se trabalha com um homem com um perfil tão impressionante, é exigente. E ele é exigente porque já alcançou muito e tem padrões elevados. Não se esqueçam que sou português e comecei a trabalhar com ele aos 36 anos. Para um jovem diretor desportivo trabalhar normalmente com Mourinho, não é possível. Aprendi muito com ele. É um dos treinadores mais importantes da história do futebol. O futebol é como tudo, há ciclos. Às vezes concordamos, às vezes discordamos, mas ninguém pode minimizar o grande impacto que ele teve na Roma", atirou.

Tiago Pinto mostra-se ainda com vontade de trabalhar na Premier League, e mostra-se conhedor do Newcastle dando o exemplo de Bobby Robson, um símbolo dos magpies e que também teve sucesso em Portugal. "Conheço muito bem a história do clube porque Sir Bobby Robson era uma grande personalidade em Portugal e associámo-lo ao Newcastle. Acompanhei o clube por causa dessa paixão. O trabalho que o novo proprietário fez foi muito impressionante. Com uma estratégia inteligente, passaram de uma luta contra a despromoção para a Liga dos Campeões, pelo que o Newcastle tem um enorme potencial. Não sei se o interesse é verdadeiro ou não, mas quem diria não a um projeto como este?", atirou.