O ator Ryan Reynolds, que comprou o clube galês da quinta divisão Wrexham A.F.C. com Rob McElhenney, ficou “obcecado” por futebol e pela cultura em torno do desporto, disse à Lusa numa mesa-redonda sobre a série “Welcome to Wrexham”.
“Eu fiquei obcecado. Fiquei obcecado não apenas com o desporto do futebol, mas também com a comunidade à sua volta, a cultura, o que significa para tantas pessoas, é algo mesmo de vida ou morte”, disse o ator. “É o tipo de narrativa mais apaixonada que alguma vez vi na vida”.
A série documental “Bem-vindos a Wrexham”, que acaba de se estrear na plataforma Disney+, segue a aventura dos dois atores como novos proprietários do clube desde o início do processo, antes mesmo de obterem autorização de compra.
“Queríamos encontrar uma equipa com história, que tivesse a infraestrutura para crescer rapidamente, mas mais importante ainda queríamos encontrar uma comunidade que adorasse o seu clube e o tratasse com a reverência que merece”, explicou Rob McElhenney (conhecido pela série “Nunca Chove em Filadélfia”) na mesma entrevista.
“As pessoas falam de nós comprarmos o clube, não olhamos para isto assim. Olhamos como um investimento no clube e na comunidade, com o desejo de a deixar numa posição melhor do que encontrámos”.
Com seis episódios, a série documental mostra o empenho dos dois atores neste investimento.
Inicialmente, os membros do conselho que liderava o clube desconfiaram da chegada dos norte-americanos. “Porquê o Wrexham”, perguntavam. Essa é uma questão que continua a ser respondida à medida que a situação avança, explicou Ryan Reynolds.
“Porquê o Wrexham é algo que continua a evoluir, à medida que marchamos para o campo de jogo, para descobrir as capacidades e o potencial que este clube tem”, indicou.
E quem quererá ver uma série que documenta a chegada de dois americanos a um clube histórico numa divisão desconhecida do público em geral? “A audiência sou eu”, gracejou à Lusa o protagonista de “Deadpool”.
“Penso que sou o exemplo perfeito de quem quererá assistir a ‘Welcome to Wrexham’. Comecei esta jornada sem ter qualquer tipo de conhecimento discernível sobre futebol ou mesmo paixão”, admitiu.
O ator, que tem várias empresas além da carreira no cinema – desde uma marca de gin a uma telecom – disse gostar de fazer coisas crescer e construir negócios. “Isto não me pareceu muito diferente. A maioria dos negócios constrói-se em cima de relacionamentos pré-existentes e outros novos, em cima de integridade e coisas assim”.
A diferença é que Ryan Reynolds, um canadiano, se apaixonou pelo futebol e quer vê-lo a crescer mais na América do Norte.
“O futebol está a crescer nos Estados Unidos, connosco ou sem nós. No início era incremental, mas agora acho que é exponencial”, frisou. “Há acordos de transmissão mais valiosos, há jogos com lotação esgotada por todo o país, tanto na liga feminina como masculina. É muito entusiasmante. O mesmo se está a passar com o Canadá”.
Rob McElhenney anuiu: “Uma grande parte desta iniciativa é fazer crescer não apenas o clube Wrexham mas também o desporto do futebol nos Estados Unidos”, indicou. “O nosso ângulo, considerando o que fazemos da vida, é contar histórias”, continuou.
“Queremos espalhar a palavra do futebol e talvez abrir a possibilidade, junto de pessoas que nem sequer eram fãs de desporto, de gostarem disto”.
McElhenney também considerou que não há muitas diferenças entre os fãs americanos e os fãs europeus. “Há muita paixão e amor, especificamente nas comunidades trabalhadoras, onde as pessoas passam a semana toda no trabalho para ganharem o dinheiro e comprarem bilhetes para assistir aos jogos, que estão a ficar cada vez mais caros”, afirmou.
O ator não vê barreiras à potencial ascensão do Wrexham A.F.C. “Nunca compreendi quando começámos isto e as pessoas diziam que podemos subir um ou dois escalões e depois não dá mais, não há maneira de chegar à Premier League”, disse. “Temos sonhos grandes e levará muito tempo, mas penso que temos a infraestrutura para a promoção. Não sei porque é que o faríamos se não acreditássemos nisto”.
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