Depois de muita espera, eis que Ruben Amorim deu a primeira conferência de imprensa desde que assumiu o cargo de treinador do Manchester United. O técnico português abordou a visita ao terreno do Ipswich (domingo, às 16.30), a contar para a 12.ª jornada da Premier League.
Amorim admitiu que vai implementar uma mudança no sistema tático, pediu aos jogadores que acreditem nas suas ideias desde início e recusou comparações a José Mourinho.
Leia todas as declarações de Ruben Amorim:
Jogo com o Ipswich: "Podemos responder isso voltando ao passado, às coisas impossíveis de fazer e depois elas acontecerem. Vamos jogo a jogo. O objetivo neste momento é ganhar ao Ipswich. É a única coisa que temos em mente porque sei que ganhando teremos uma semana muito melhor logo a seguir. O meu objetivo é esse. Ganhar o jogo e mais tempo para preparar o jogo seguinte. Sei que é um trabalho muito difícil, que não há muita gente a acreditar, mas em Portugal nós já fizemos isso".
Mensagem para o Sporting: "Em Portugal toda a gente já me conhece. Em Inglaterra, vão a tempo de conhecer-me. Boa sorte ao João. Quero que eles ganhem as competições todas. Gyökeres? Tem jogo hoje, espero que ele jogue bem, não se lesione e tenha sucesso no Sporting".
Filosofia de jogo: "Muitas vezes, o treinador tem uma ideia de jogo e tentamos implementá-la no clube. Mas temos de olhar para a história do clube, do campeonato em que estamos. As pessoas aqui gostam de um jogo de ataque, intenso. Mas temos de juntar isso à ideia do treinador, que também é alguém que gosta de jogar para ganhar. Juntando isso, ao facto de esta ser uma Liga intensa, de choque, de golos... temos de tentar juntar estes dois aspetos".
Outra realidade: "É diferente, é maior. Há muitos departamentos, muito diferente do que estava habituado em Portugal. O Sporting é um clube grande, mas em Portugal. Temos tantas coisas para fazer, não é só gerir a equipa, há muito mais para fazer. Mas eu tenho ajuda nesse processo, mas sinto-me muito feliz e confortável. Sinto-me em casa".
O que traz de diferente: "Sou um pouco sonhador. E também porque acredito em mim mesmo e nas minhas capacidades. Também acredito no clube, acredito que temos a mesma ideia. Acredito também imenso nos jogadores. Eu sei que vocês não acreditam assim tanto neles, mas eu acredito muito neles. Quero tentar coisas novas também. Vocês pensam que não será possível, eu acredito que sim e no fim veremos".
Implementação de ideias: "Não penso em reparar o Manchester United. Acredito que temos de melhorar em muitas áreas, principalmente na forma como olhamos para o jogo e tentamos entendê-lo. Sei que será muito para mudar e pedir aos jogadores, ainda por cima a meio da temporada. A capacidade física da equipa também é outra das coisas que queremos melhorar durante este período inicial. E acaba por ser isto. Não sei quanto tempo demorará, mas sei que quando se está num clube como o Manchester United que o mais importante é ganhar jogos. Sei que preciso de muito tempo, porque falamos da maior Liga do mundo, e temos de melhorar muito para tentar vencê-la. Primeiro, temos de ganhar jogos para tentar ganhar títulos".
Mudança de sistema: "Não será de revolução. O futebol não é assim tão diferente apenas porque se joga com cinco ou três jogadores na defesa. Temos de esperar, mas vamos implementar um estilo de futebol totalmente diferente. Não estou a dizer que serão as melhores ideias, são as minhas ideias e aqueles nas quais acredito. Não se tratará de uma revolução, será sobretudo tentarmos acreditar na forma como queremos jogar futebol".
José Mourinho: "O Mourinho é uma pessoa e eu sou outro treinador, histórias completamente diferentes. Contrato? É perfeito porque em dois anos vamos perceber se sou o treinador ideal para o projeto ou não. Acho que é o tempo perfeito para o meu contrato. Ele mandou-me uma mensagem. Disse-me que vinha para um clube adorável, um grande clube e também com pessoas amáveis. E isso está corretíssimo porque foi exatamente isso que senti. Mas muitas coisas mudaram entretanto. Estou uma pessoa diferente desde essa altura [em que realizou um estágio no United com Mourinho]. Nessa altura eu estava a aprender aqui no clube, agora quero ensinar alguma coisa, principalmente aos meus jogadores. Mas o clube continua a ser grande, assim como o maior em Inglaterra. Apenas queremos ganhar".
Impacto imediato na equipa: "Acredito que sim. Se estivermos a falar da forma como a equipa joga, acho que perdemos a bola demasiadas vezes. Temos também de ser melhores a correr para trás, acho que isso é muito claro e óbvio. Temos de ser muito bons nos detalhes. Às vezes olhamos para as coisas e queremos fazer grandes alterações, mas acho que neste caso temos de olhar para as pequenas coisas, para os detalhes. É precisamente aí que temos de melhorar. Temos de mudar a forma como vemos o futebol e como a equipa funciona. É examente nesse tipo de coisas, esses pormenores, que eu acho que posso ajudar imenso nesta equipa e que vai ser por aí que vamos melhorar imenso".
Maior desafio: "Ainda não sei qual será o meu maior desafio aqui no clube, tentarei desvendar isso no meu primeiro mês. Já estiveram aqui muitos tipos de treinadores diferentes. Já estiveram aqui treinadores que já ganharam tudo, como o Van Gaal e Mourinho, estiveram alguns mais novos, que conheciam o clube de dentro para fora, como o Solskjaer. Já esteve aquele que era um dos melhores fora das cinco principais ligas, que era o Ten Hag. Temos de melhorar enquanto clube. Temos de aproveitar o tempo que temos. Mas temos, entretanto, de ganhar jogos. Não tenho respostas para tudo. À minha maneira, vamos tentar melhorar o que pudermos e ganhar o máximo de jogos possíveis neste início. Vou mostrar que sou a pessoa indicada para este momento. Se posso estar enganado? Sim, posso, mas espero que não. Não estou preocupado. Acredito vivamente que sou o treinador certo para o Manchester United".
É preciso tempo: "Tenho dois anos e meio de contrato. Creio que em dois anos dá para perceber se sou ou não o treinador ideal para este processo. Vamos precisar de mais tempo. Se olharmos para outros clubes que neste momento estão a ganhar mais troféus, eles já estão neste processo há mais tempo. Mas estão a ganhar agora e por isso é que têm mais tempo. Vamos precisar de mais de dois anos e meio para conseguirmos implementar tudo o que queremos. Vamos ter, obviamente, de ganhar alguma coisa pelo meio. Mas este é o período ideal para percebermos se queremos manter o mesmo rumo ou se teremos de seguir um rumo diferente. Vamos ver como tudo acontecerá. Tenho de acreditar neles. Estamos a falar de uma semana, semana e meia, de trabalho com eles. Mudaram de treinador, eles estão preparados para mudar as coisas, mas têm de estar sobretudo preparados para aceitar as novas ideias e acreditar nelas. Senti isso. Até me provarem o contrário, vou acreditar neles".
Mudança radical nas ideias de jogo: "Como treinador temos de escolher sempre uma forma ou outra. Eu escolho sempre a nossa forma. Prefiro arriscar um pouco, mas sobretudo neste primeiro momento. Se sentir que os jogadores acreditam seriamente na nossa ideia desde o início, nós também vamos acreditar. Não há espaço para pensamentos secundários. Tal como eu já vos disse, é a mesma coisa jogar com cinco jogadores atrás na linha defensiva do que com três. Os princípios são exatamente os mesmos, apenas as posições mudam ligeiramente. No domingo, vão ver a lista de jogadores [convocados], o onze inicial, e não vão ver muitas diferenças, mas sentirão no jogo, na posição dos jogadores, na forma como vão receber e tratar a bola. Será aí que irão ver as diferenças".
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