O futebolista francês Nicolas Anelka, acusado de ter feito um gesto "antissemita e racista" num jogo da Liga inglesa, apelou hoje à federação inglesa que desista da acusação e repetiu que o gesto não tem essa conotação.
Em causa está um gesto chamado "quenelle", um braço esticado a apontar para o chão e a outra mão a tocar no ombro, que Anelka fez a 28 de dezembro de 2013 ao celebrar um golo na partida em que o seu clube, o West Bromwich Albion, empatou 3-3 com o West Ham.
"Peço à federação inglesa que desista das acusações que são feitas. (...) Repito-o, não sou antissemita nem racista", afirmou o avançado, de 34 anos, num texto publicado na sua página na rede social Facebook.
Na terça-feira, a federação inglesa de futebol (FA) anunciou a que abriu uma acusação contra Anelka, o que pressupõe um mínimo de cinco jogos de suspensão, e deu ao jogador francês um prazo até às 18:00 de quinta-feira para se defender.
"A FA contratou um perito para determinar qual o significado da minha 'quenelle'. Este concluiu que o meu gesto tinha uma conotação antissemita, o que me levou a ser acusado pela FA. Seria legítimo esperar um perito francês, a viver em França e que pudesse ter um conhecimento exato do meu gesto", queixou-se Anelka.
O jogador diz que há outros "especialistas", com mais propriedade, que lhe dão razão.
"Que 'especialista' seria melhor do que Roger Cukierman, presidente do CRIF (Conselho Representativo das Instituições Judias de França), que explica claramente que a minha 'quenelle' não pode ser considerada antissemita", contrapôs Anelka.
Numa declaração em vídeo ao jornal francês Le Figaro, Roger Cukierman defendeu Anelka, referindo que o gesto de celebração do golo não poderia ter uma conotação racista ou antissemita.
"Feito num sítio qualquer [a quenelle] é um gesto de revolta, um pouco anarquista, contra o 'establishement' e que não merece uma sanção severa. Este gesto só tem uma conotação antissemita caso seja feito à frente de uma sinagoga ou um local de memória da Shoah", disse Cukierman ao jornal.
A "quenelle" é um gesto inventado em 2005 pelo comediante francês Dieudonné M'bala M'bala no contexto de um espetáculo de "stand up". No entanto, em 2009 Dieudonné usou o gesto em campanha política, num cartaz do "Partido Antissionista".
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