A festa foi muito portuguesa e tudo começou ainda fora do estádio, nas horas antes da abertura de portas. O número de portugueses presentes em Sochi que tinha sido calculado era de 1.500 mas a equipa da PSP e GNR que estava a acompanhar o jogo disse ao SAPO Desporto que o número estava mais perto dos 3 mil. Uma gota de água entre os mais de 43 mil que encheram o estádio Fisht em Sochi, muitos espanhóis mas também muitos espectadores de tantas outras nacionalidades. E foram estes que ajudaram a encher a alma e o coração de Portugal.
Perdemos a conta às muitas camisolas de Portugal que entraram no estádio, grande parte delas com o número 7 e o nome de Cristiano Ronaldo escrito nas costas. Vinham de todo o lado, muitas de países asiáticos como a China, Coreia e Japão, mas também do Paquistão, do Perú, e sem dúvida da Rússia. O fenómeno tem a escala Mundial e Portugal era a seleção mais internacional de todas na bancada.
Todos queriam tirar fotos com os portugueses, puxavam as crianças e falavam de Ronaldo, de Quaresma e do seu amor por Portugal, por Lisboa e pelo futebol. E o jogo ainda nem tinha começado. Os espanhóis também faziam a festa e eram em muito maior número, mas não com a mesma alegria, nem com tanta “procura” para fotografias e demonstrações de apoio.
Os adeptos portugueses cantavam “Somos Campeões” e a música popularizada no Euro “E foi o Éder que os f****”, e exigiam a vitória à equipa das Quinas. As raparigas mais bonitas não escapavam ao cortejo e até a algumas” serenatas”, num ambiente de alegria que não deixava ninguém indiferente por uma grande animação, com um espírito positivo apesar dos muitos litros de cerveja consumidos.
O rigor que se esperava na entrada no Estádio deu direito a revista minuciosa de tudo o que se levava, detetores de metais, revista e as máquinas de leitura do FANID e dos bilhetes, e os assistentes que pouco ou mesmo nada falavam inglês. Mas sorriam e eram simpáticos, e isso facilitou todo o processo e a entrada no recinto do estádio de Fisht.
Lá dentro o ambiente foi ficando composto, com a habitual música a ser abafada pelos aplausos quando as seleções subiram para a adaptação ao relvado. E o estádio cantou com a música “A minha casinha” dos Xutos e Pontapés antes do jogo começar. Eram poucos os portugueses, mas todos sabiam a música que a organização pôs a tocar para receber os adeptos da equipa das Quinas.
Depois foi a vez de desenrolar as bandeiras no relvado, da chegada das equipas e da emoção habitual do Hino Nacional. A letra que passava nos ecrãs estava atrasada em relação à música, mas os portugueses não falharam e cantaram a plenos pulmões, mesmo que muitos troquem algumas palavras e não saibam quem foram os “egrégios avós”, que hão-de guiar-nos à vitória!
A dificuldade em usar o Wi-Fi e o custo elevado das comunicações de dados impediram muitos de partilhar nas redes sociais a emoção e as fotos e vídeos do momento, mas não limitaram o número de imagens captadas a partir das bancadas.
O resto é história e o SAPO Desporto já a relatou muito bem. Foi um jogo de emoções, desde o primeiro golo de Portugal logo aos 4 minutos ao banho de água fria com o golo da Espanha aos 24 minutos. O segundo golo do número 7 da equipa das Quinas restabeleceu a confiança ao intervalo e os espanhóis mostravam o seu nervosismo num jogo que a maioria dos “nuestros hermanos” considerava que estava ganho à partida, apesar do desaire da saída do selecionador espanhol dias antes do jogo.
E a “remontada” espanhola parecia confirmar a ideia logo após o intervalo. A Espanha marca dois golos de seguida, aos 55 e aos 58 minutos e a confiança voltou à armada espanhola. Mas os portugueses não desistiram e Cristiano Ronaldo mostrou ter alma e coração para todos, e marcou o terceiro golo aos 88 minutos, voltando a mostrar que é um Super Homem, um jogador do outro mundo, mas que é bem português. O hat-trick de Cristiano Ronaldo deixou o estádio de Fisht em delírio, com um empate que soube a vitória.
“Aguenta coração” e “aguenta Portugal” foi o espírito até aos 94 minutos, e quando o apito final soou os portugueses festejaram como se tivéssemos ganho o jogo, a equipa portuguesa virou-se para as bancadas para aplaudir os espectadores e receber a mais do que merecida ovação dos que estavam no estádio. Não de todos, porque os espanhóis só muito a custo esboçavam um sorriso.
No fim as fotografias nas bancadas e o registo do momento histórico, que mostrou que tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Mas a festa prolongou-se, apesar da menor eficiência na saída do recinto do estádio que “afunilou” os adeptos e levou a longos minutos de espera de quem estava cansado de tanta emoção, já sem voz mas de coração cheio. E na próxima semana há mais, desta vez em Moscovo contra a seleção de Marrocos.
Comentários