“Antigamente é que era.” Esta expressão usada de forma tão corriqueira assenta de forma perfeita na realidade de Mixto e Operário, os dois maiores clubes rivais do estado de Mato Grosso, no Brasil, e que vão repartir a futura utilização da novíssima Arena Pantanal, erguida de propósito para o próximo Mundial.
Outrora, o Mixto, de Cuiabá, e o Operário, da Várzea Grande, protagonizavam um embate que ganhou fama ao longo de várias décadas como o ‘Clássico dos Milhões’. Com a beleza deslumbrante do Pantanal – uma das mais importantes reservas da biosfera a nível mundial – como cenário, os dois emblemas construíram uma história de rivalidade e equilíbrio perante enormes multidões.
A grande atração do público por este duelo está mesmo na base do seu nome, pois era frequente bater recordes de assistência no Mato Grosso. Agora, com Mixto e Operário muito longe dos seus dias de glória, os jogos já não valem mais milhões. Antes ficam-se pelos tostões no peso das receitas dos clubes, que se arrastam nas divisões secundárias do futebol brasileiro.
Por outro lado, o ‘Clássico dos Milhões’ perdeu valor para outro duelo nos anos mais recentes, face à ascensão da União Esporte Clube e da Sociedade Esportiva Vila Aurora, os dois rivais de Rondonópolis. Esta cidade no Estado de Mato Grosso acolhe o embate agora apelidado de ‘Clássico Unigrão’.
No que toca aos títulos dos dois conjuntos, a vantagem pende para o lado do Mixto, que já conquistou por 24 vezes o campeonato estadual do Mato Grosso, ao passo que o seu rival não foi além de 14 triunfos na competição.
E é perante o empobrecimento progressivo do ‘Clássico dos Milhões’ que os dois clubes irão repartir a Arena Pantanal, cuja capacidade para quase 43 mil pessoas multiplica quase por dez vezes o número de lugares dos atuais recintos de Mixto e Operário. Poderá não ser sinónimo de “milhões em caixa”, mas custou certamente muitos milhões – 170 milhões de euros, para sermos precisos – para um jogo de ‘tostões’.
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